O consumo de açúcar aumentou em 46% no mundo nos últimos 30 anos. O que isso significa para a saúde?

O açúcar (sacarose) é um carboidrato simples, formado por uma molécula de glicose unida a uma molécula de frutose. Pode estar presente no alimento de forma natural (como na cana-de-açúcar, na beterraba, cenoura, ervilha, milho e frutas como manga, banana e pêssego). Também pode ser adicionada artificialmente a alimentos diversos, como xarope de milho, doces, biscoitos, bolos, sorvetes, sucos, refrigerantes, pães, ketchup e outros molhos, carnes curadas e alimentos do tipo fast food. E é aí que mora o problema. Frutas e verduras contém (além de pequenas quantidades de açúcares, fibras, vitaminas, minerais, fitoquímicos). Já os alimentos processados e ultraprocessados contém poucos nutrientes e uma alta quantidade de carboidratos simples.

O açúcar adicionado aos alimentos industrializados possui duas funções: melhoria do sabor e prolongamento da vida útil. Com o aumento do consumo de açúcar em todo o mundo, cresceu também a prevalência de obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, Alzheimer, esteatose hepática. Quantidades excessivas de açúcar sobrecarregam o fígado e as artérias, elevam a pressão e desencadeiam a inflamação crônica.

A American Heart Association sugere que os homens não consumam mais do que 150 calorias (cerca de 36 gramas), o que equivale a uma lata de refrigerante ou a um copo de suco. Ao adicionar sobremesas, bolos e outros alimentos açucarados à dieta esta quantidade rapidamente multiplica-se. O brasileiro consome 4 vezes mais do que o recomendado. O Japão, um dos países mais longevos do mundo possui um consumo bem próximo a esta recomendação (meus amigos japoneses não conseguem comer brigadeiro - dizem que é muito doce para eles).

A leitura dos rótulos dos alimentos é uma das melhores maneiras de monitorar sua ingestâo de açúcar. Procure na lista de ingredientes por nomes como açúcar, açúcar mascavo, açúcar demerara, xarope de milho, xarope de glicose, xarope de frutose, açúcar de malte, melaço, melado, mel. Não quer o trabalho de ler rótulos? A melhor alternativa é adotar uma dieta a base de alimentos naturais, o menos industrializada possível.

Busque também alternativas para suas preparações. Dá para fazer em casa bolos adoçados naturalmente com frutas, dá para substituir o açaí industrializado (e que é cheio de xarope de guaraná, mel e açúcar) por opções mais saudáveis. Basta bater a fruta ou a polpa do açaí com bananas bem maduras congeladas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Previna os ataques de gota

A gota é uma forma de artrite gerada por um distúrbio no metaboismo do ácido úrico. Gera dor e deformidades nas articulações. Ataques de gota, podem acontecer de repente, como no meio da noite. As juntas ficam quentes, inchadas, doloridas e vermelhas, resultado do acúmulo de urato nas articulações.

As causas da doença têm influências genéticas, farmacológicas (uso de medicamentos como diuréticos tiazídicos) ou ambientais (dieta inadequada, que leva à obesidade e diabetes). Para evitar novos ataques melhorias na alimentação fazem-se necessárias.

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Como em todas as doenças, deve-se seguir uma alimentação saudável e que promova o emagrecimento, quando necessário. O consumo de água deve ser aumentado para auxiliar a eliminação do ácido úrico. Eliminar bebidas açucaradas e álcool é fundamental já que estas fazem o contrário: aumentam os níveis de ácido úrico no plasma.

A dieta adequada deve privilegiar alimentos de origem vegetal, como hortaliças, frutas e leguminosas. A ingestão de carne vermelha e carnes processadas deve ser reduzida. Peixes (bacalhau, tilápia, linguado) e tofu são boas escolhas para suprir sua necessidade proteica. Alimentos ricos em ômega-3 devem ser privilegiados uma vez que este tipo de gordura ajuda a desinflamar e reduzir a dor, mais do que suplementos (Zhang et al., 2019). Baixos níveis de ômega-3 associam-se à maior frequência de ataques de gota (Abhishek,  Valdes, & Doherty, 2015).

Outro nutriente importante é o cálcio, que também ajuda a prevenir ataques de gota. Por isso, inclua leite desnatado e folhosos verde escuros em sua alimentação. Já pessoas com hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, excesso de ferro no sangue e deficiência de magnésio podem sofrer de pseudogota, acumulando cálcio nas articulações. Por isso, não tome suplementos sem avaliação de um bom nutricionista que individualizará seu plano dietético. Um nutriente importante para a redução dos níveis plasmáticos de ácido úrico é a vitamina C. Por isso, capriche no consumo de frutas cítricas (laranja, tangerina, morangos, lima, limão), pimentão.

Em situação de dor aguda procure um médico pois medicamentos podem ser necessários. Já a medicina ayurvédica recomenda alimentos como cevada, trigo, arroz selvagem, arroz vermelho, ervilhas, lentilhas e codornas. Entre os vegetais folhosos o Ayurveda recomenda variedades como couve, espinafre e rúcula. Sopas de legumes com amaranto, inhame, gengibre e pepino também são bem-vindas. Entre as frutas uvas, groselha, cereja, cranberries, peras, ameixas são citadas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Alterações hepáticas na síndrome de Down

O fígado é um órgão extremamente importante, desempenhando funções imprescindíveis para o bem estar geral. Metaboliza e armazena nutrientes, elimina toxinas, produz a bile para auxiliar a digestão de gorduras, filtra o sangue, sintetiza proteínas e diversas moléculas.

Durante o jejum, o fígado quebra o glicogênio estocado para liberar glicose no sangue e regular a chegada de energia às células. Na síndrome de Down, existe uma cópia extra do gene DSCR1-4 que aumenta o estresse oxidativo no cérebro, contribuindo para a neurodegeneração. Este mesmo gene parece inibir vias metabólicas no fígado, tornando problemática a adaptação do corpo ao jejum, nas pessoas com síndrome de Down (Seo et al., 2019). Existe hoje um grande interesse no estudo de polifenóis, metabólitos secundários de plantas, com capacidade de modificar a expressão de genes.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/