O que é neurohacking?

Neurohacking é um termo que combina "neuro" (relativo ao cérebro e ao sistema nervoso) e "hacking" (entendido como exploração e otimização de sistemas). Ele se refere ao uso de técnicas, tecnologias, práticas e conhecimentos para melhorar, modificar ou explorar as funções cognitivas, emocionais e comportamentais do cérebro. O objetivo principal é otimizar a performance mental, a saúde cerebral ou até mesmo explorar novas possibilidades de consciência.

Origem do termo

O termo começou a ganhar popularidade com o avanço da neurociência, biohacking e das comunidades interessadas em autoaperfeiçoamento (self-improvement). Não existe uma criação oficial ou formal do termo, mas ele surgiu como parte do movimento hacker e de biohacking no início dos anos 2000. Neurohacking foi influenciado por:

  1. Neurociência – A crescente disponibilidade de estudos sobre o cérebro, neuroplasticidade e o impacto de intervenções como meditação, nutrição e tecnologia.

  2. Cultura hacker – A ideia de explorar sistemas (neste caso, o cérebro humano) para entender e melhorar seu funcionamento.

  3. Biohacking – Uma filosofia mais ampla que envolve intervenções no corpo para maximizar a saúde, desempenho e longevidade.

Livros, blogs e comunidades como o movimento transumanista ajudaram a popularizar o conceito.

Modo de ação dos Neurohackers

Neurohackers utilizam abordagens variadas, que podem ser divididas em naturais, tecnológicas e químicas. Aqui estão algumas práticas comuns:

1. Práticas Naturais

  • Meditação e mindfulness – Para melhorar a atenção, reduzir o estresse e alterar os estados de consciência.

  • Sono otimizado – Utilização de técnicas como restrição de luz azul para melhorar a qualidade do sono.

  • Nutrição – Dietas ricas em ômega-3, cetogênica ou suplementos naturais para estimular a neurogênese e a neuroplasticidade, melhorar a quantidade de energia no cérebro, aumentar a síntese de membranas neuronais, potencializar a sinaptogênese, reduzir radicais livres, aumentar a perfusão sanguínea, desinflamar, melhorar a síntese de neurotransmissores.

    • Suplementos como vitaminas e minerais que modulam a síntese de neurotransmissores, além de nootrópicos e adaptógenos são usados para aumentar o desempenho cognitivo.

Nootrópicos naturais - Onaolapo, Obelawo e Onaolapo, 2019

2. Tecnologias

  • Neurofeedback – Uso de dispositivos que monitoram as ondas cerebrais e permitem o treinamento para alcançar certos estados mentais.

  • Estimulação transcraniana – Dispositivos como TMS (Estimulação Magnética Transcraniana) ou tDCS (Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua) para modular a atividade cerebral.

  • Apps e wearables – Ferramentas para meditação guiada, medição de batimentos cardíacos, e até dispositivos que monitoram ondas cerebrais.

2. Medicamentos

  • Drogas de prescrição médica – Modafinil (Provigil), Adderall, Ritalina, Armodafinil, Donepezil, Slegilina são exemplos de medicamentos usados com diversas funções, como aumneto de foco, melhoria da memória, motivação e humor.

  • Microdosagem de psicodélicos – Pequenas doses de substâncias como LSD ou psilocibina, supostamente para melhorar criatividade e foco (uma prática controversa).

Riscos e Considerações Éticas

O neurohacking levanta preocupações éticas e de segurança. Algumas práticas, especialmente as químicas, podem ter efeitos colaterais ou impactos de longo prazo desconhecidos. Também existem questões sobre acesso desigual a essas tecnologias e o risco de criar dependências. Aprenda mais na plataforma do cérebro.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

A produção de corpos cetônicos e o uso no cérebro

O cérebro utiliza energia produzida a partir de glicose, lactato e corpos cetônicos. Em diversas situações, como epilepsia, Alzheimer, menopausa, transtorno bipolar, câncer cerebral, o metabolismo da glicose estará comprometido e a produção de lactato também cairá. Neste momento o cérebro fica mais dependente de corpos cetônicos para funcionar bem.

A produção de corpos cetônicos ocorre principalmente no fígado. A cetogênese, que é o processo de conversão de ácidos graxos em corpos cetônicos (como acetoacetato, β-hidroxibutirato e acetona), ocorre nas mitocôndrias hepáticas. O fígado exporta esses corpos cetônicos para outros tecidos, incluindo o cérebro.

Os astrócitos, um tipo de célula glial no cérebro, podem metabolizar ácidos graxos, mas não são um local principal para a cetogênese. Em vez disso, os astrócitos estão envolvidos na manutenção do equilíbrio energético do cérebro e no suporte aos neurônios. Embora possam metabolizar ácidos graxos de cadeia curta e média (que podem contribuir para a produção de energia local ou outros processos celulares), eles geralmente não produzem quantidades significativas de corpos cetônicos.

Os astrócitos absorvem os corpos cetônicos produzidos pelo fígado durante períodos de jejum, dietas cetogênicas ou exercícios prolongados. Esses corpos cetônicos são então utilizados como uma fonte alternativa de energia para o cérebro.

Tipos de Gorduras e Produção de Corpos Cetônicos:

Nem todas as gorduras são adequadas para a produção de corpos cetônicos. Os ácidos graxos de cadeia longa, que são a forma principal de gorduras na dieta, precisam de carnitina para entrar nas mitocôndrias e passar pela β-oxidação. Os ácidos graxos de cadeia média (como os encontrados no óleo de coco ou no óleo de triglicerídeos de cadeia média - MCT) são mais facilmente convertidos em corpos cetônicos no fígado, porque conseguem evitar algumas das restrições de transporte.

Os astrócitos não são adaptados para oxidar grandes quantidades de ácidos graxos de cadeia longa de forma eficiente para produzir corpos cetônicos. A conversão de ácidos graxos em corpos cetônicos é um processo energeticamente intensivo e não é uma via metabólica primária nessas células. Mas produzem certa quantidade e ainda captam os corpos cetônicos que atravessam a barreira hematoencefálica.

Estes corpos cetônicos são enviados aos neurônios. Estas células são as estrelas do cérebro e expressam todas as enzimas de degradação (por exemplo, d-β-hidroxibutirato desidrogenase, acetoacetato-succinil-CoA transferase e acetoacetil CoA-tiolase) necessárias para a cetólise (metabolismo do corpo cetônico). B. Dentro das mitocôndrias dos neurônios, os corpos cetônicos são convertidos em acetil coenzima A (acetil-CoA), que entra no ciclo do ácido tricarboxílico (ciclo TCA), produzindo moléculas de adenosina trifosfato (ATP).

Aprenda mais na plataforma do cérebro.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

NAC PROTEGE O FÍGADO NO CASO DE USO DE EXTRATO DE CHÁ VERDE OU EGCG

Há evidências científicas que sugerem que o extrato de chá verde - especialmente nas formas concentradas - pode, em alguns casos, causar lesões hepáticas agudas. Esses efeitos são raros, mas estão associados ao consumo de altas doses ou ao uso prolongado do extrato. A causa parece ser a indução de estresse oxidativo e inflamação. Respostas imunológicas aos polifenóis podem também contribuir para os danos hepáticos (Grajecki e al., 2022).

Os polifenóis presentes no chá verde, particularmente as catequinas, são geralmente benéficos em doses moderadas, mas em concentrações elevadas podem gerar estresse oxidativo ou interferir na função mitocondrial das células hepáticas, causando danos ao fígado.

O EGCG tem sido bastante utilizado para melhoria cognitiva e funcionalidade, incluindo em crianças com trissomia do cromossomo 21 (Cleuta-Walti et al., 2022). Na T21, os extratos de chá verde também reduzem a dismorfia facial (Starbuck et al., 2021). Para garantir os benefícios do uso do chá verde e, ao mesmo tempo, proteger o fígados, podemos associar a suplementação de EGCG ao NAC.

Como o NAC pode ajudar

A N-acetilcisteína (NAC) é um precursor da glutationa, um dos principais antioxidantes do corpo. Ele é amplamente utilizado em casos de intoxicação hepática (como por overdose de paracetamol) devido à sua capacidade de aumentar os níveis de glutationa no fígado, reduzindo o estresse oxidativo e a inflamação. Nesse contexto, o NAC pode ajudar a proteger o fígado contra os danos causados pelos polifenóis em excesso no extrato de chá verde.

Cuidados e recomendações

  1. Evite doses altas de extrato de chá verde: Siga sempre as orientações de um médico ou nutricionista, especialmente se você estiver tomando suplementos concentrados.

  2. Monitore os sinais de lesão hepática: Fique atento a sintomas como fadiga extrema, icterícia (pele ou olhos amarelados), urina escura ou desconforto abdominal.

  3. Consulte um médico antes de usar NAC: Embora seja geralmente seguro, o uso prolongado ou indiscriminado pode ter efeitos colaterais.

  4. Prefira o chá verde natural: O consumo de chá verde na forma de infusão tem menores riscos associados.

O equilíbrio é essencial: em doses adequadas, tanto o chá verde quanto o NAC podem ter efeitos positivos na saúde geral e no fígado. Aprenda mais sobre nutrição na T21 aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/