Estratégias para o emagrecimento saudável

Neste outro artigo escrevi sobre 7 erros que prejudicam o emagrecimento. Agora veremos as estratégias que favorecem a perda de peso.

1) Autocuidado: Às vezes o que falta para a dieta dar certo é a baixa autoestima e falta de amor-próprio. Terapia é fundamental! A saúde ou a falta dela impacta todos os outros aspectos da vida. Por isso, cuidar-se é muito importante. A terapia também ajuda no combate ao estresse. Lembre que o estresse crônico leva ao excesso de liberação de cortisol e resistência à perda de peso, principalmente na região visceral.

2) Alimentação simples, caseira, natural: A industrialização moderna dos alimentos gerou um boom de doenças metabólicas, como obesidade, diabetes, esteatose hepática. Voltar à forma como nossos antepassados comiam é importante. Frutas, verduras, fontes naturais de proteína. Gordura corporal em excesso não é sinônimo de boa nutrição. Uma pessoa pode ter muita caloria estocada e estar deficiente em muitas vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais e outras substâncias protetoras. Foque nos micronutrientes e nos compostos bioativos e não nas calorias.

3) Evitar açúcar e adoçante. Troque o sabor doce pelas frutas. O açúcar adicionado e os adoçantes são obstáculos metabólicos para a perda de peso. Excesso de açúcar e adoçante acabam prejudicando a microbiota intestinal e também o fígado.

4) Aumente seu consumo de fibras. A maior parte das pessoas consome menos fibras do que precisa para garantir boa saúde intestinal, metabólica e saciedade. Prefira grãos integrais (como arroz preto ou vermelho) em vez de arroz branco refinado ou aveia instantânea.

5) Escolha gorduras saudáveis: As gorduras são essenciais à vida. Bons exemplos são provenientes de abacates, azeite de oliva, nozes (como macadâmia, rica em ômega-7), gemas de ovos de qualidade e chocolate amargo 100%.

6) Priorize qualidade: Incorpore alimentos "super-heróis": Estes são alimentos ricos em nutrientes e fitoquímicos que auxiliam diversas funções corporais e alimentam as bactérias intestinais benéficas. Têm função antioxidante e reduzem o risco de vários tipos de câncer e doenças neurodegenerativas. Exemplos incluem cebola, alho, brócolis, repolho, vegetais crucíferos, beterraba, pimenta, cúrcuma (açafrão), chá verde, leguminosas e frutas vermelhas, orégano, canela, cravo, alecrim, manjerona, cominho, salsinha, manjericão, curry, sálvia, gengibre, tomilho, hortelã...

7) Substitua parte das carnes por fontes vegetais: Você não precisa ser vegano ou vegetariano, mas sua dieta deve ser composta principalmente de plantas (frutas, vegetais, grãos integrais, vegetais ricos em amido, proteínas vegetais), com porções menores de proteínas animais e laticínios.

Leguminosas são altamente benéficas: feijões, grão-de-bico, lentilhas, ervilhas, favas e tremoços são excelentes fontes de fibras, amido resistente e proteínas. Para quem tem intolerância, começar com pequenas quantidades germinadas de leguminosas menos fibrosas (como feijão-mungo ou feijão-azuki) pode ajudar. Também existem enzimas que ajudam na digestão de proteínas vegetais. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta online.

8) Use limão e vinagre de maçã: O limão reduz o impacto glicêmico de outros alimentos e auxilia na absorção de minerais. O vinagre de maçã (1 a 2 colheres de sopa em água antes das refeições) nutre as bactérias intestinais, auxilia na digestão, aumenta a saciedade e reduz os picos glicêmicos.

9) Jejum intermitente: Em vez de comer a cada 3 horas, tente fazer três refeições ao dia, para controlar a liberação constante de insulina. Além de emagrecer, você reduz a velocidade de envelhecimento:

Quebre o jejum com algo verde: sopas, saladas, suco verde, possuem alta densidade nutricional e baixa densidade calórica. São ricos em substâncias que ajudam na eliminação de toxinas e compostos amargos que melhoram a saciedade e a digestão.

10) Coma com atenção: Mastigue e saboreie os alimentos, lentamente. Aprenda mais sobre mindful eating (alimentação consciente) aqui.

11) Durma bem - a qualidade e a regularidade do sono (higiene do sono) são fundamentais para a saúde e manutenção do peso saudável. Dormir mal (devido a alimentos pesados, estimulantes ou luz artificial à noite) desequilibra os hormônios, inclusive aqueles que controlam apetite.

12) Saia do conforto térmico: existem estudos com exposição ao frio e ao calor para melhorar o metabolismo. A exposição ao frio (banho gelado, cachoeira, imersão no gelo) aumento a síntese de gordura marrom, que é mais ativa.

Já o calor, como sessões de sauna, podem aumentar proteínas de choque térmico que otimizam várias vias metabólicas, além de proporcionar relaxamento. O uso regular da sauna está associado ao aumento da longevidade e à redução da mortalidade.

13) Atividade física: embora a dieta seja fundamental para a perda de peso, a atividade física serve para gerar adaptações metabólicas, tornando o corpo uma máquina de queimar calorias melhor, mesmo em repouso. No entanto, atividades físicas intensas não são recomendadas no início do processo de perda de peso para indivíduos com sobrepeso, obesidade ou inflamação devido a lesões e riscos cardíacos. Primeiro ajustamos a dieta e começamos devagar (caminhadas, hidroginástica, natação, musculação leve). Conforme o corpo adapta-se e nutrientes são repostos com dieta saudável e suplementação, a atividade física vai se intensificando.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Glutationa: O Antioxidante Mestre e os Nutrientes que Ativam Seu Poder

Você já ouviu falar da glutationa? Conhecida como o "antioxidante mestre", ela é uma das moléculas mais importantes para manter a saúde celular, desintoxicar o organismo e combater o estresse oxidativo. Mas para que a glutationa atue de forma eficaz, ela precisa da ajuda de várias vitaminas e minerais, chamados de cofatores. Sem esses cofatores, a glutationa não consegue se regenerar, nem realizar sua função de neutralizar os radicais livres.

O que é Glutationa?

A glutationa é um tripé formado por três aminoácidos: glutamato, cisteína e glicina. Sua principal função é neutralizar os radicais livres, toxinas e metais pesados, protegendo assim as células do corpo contra danos.

Ela atua em duas formas:

  • GSH (glutationa reduzida): forma ativa que combate os radicais livres.

  • GSSG (glutationa oxidada): forma inativa, que precisa ser reciclada de volta para GSH.

A Reciclagem da Glutationa

O organismo possui enzimas que convertem a GSSG de volta em GSH. Porém, esse processo depende de cofatores essenciais – ou seja, nutrientes que ativam ou participam diretamente dessa transformação.

Cofatores Essenciais para o Ciclo da Glutationa

Vitamina B2 (Riboflavina)

  • Participa da enzima glutationa redutase, responsável por regenerar a glutationa oxidada (GSSG) em sua forma ativa (GSH).

  • Atua como FAD (flavina adenina dinucleotídeo), sua forma ativa.

Vitamina B3 (Niacina)

  • Precursor do NADPH, molécula que fornece os elétrons necessários para a regeneração da glutationa.

  • Essencial para a manutenção da atividade antioxidante.

Selênio

  • Cofator da enzima glutationa peroxidase, que utiliza a GSH para neutralizar o peróxido de hidrogênio (H₂O₂), protegendo contra o estresse oxidativo.

Zinco (Zn)

  • Cofator da enzima superóxido dismutase (SOD), que reduz a carga de radicais livres.

  • Protege as células contra danos e apoia o sistema antioxidante.

Magnésio (Mg)

  • Essencial para a produção de ATP e para as enzimas que sintetizam a glutationa no corpo.

  • Apoia diretamente a síntese de GSH.

Vitamina C (Ácido Ascórbico)

  • Atua em sinergia com a glutationa.

  • Pode regenerar a GSH de forma não enzimática e também é regenerada pela própria glutationa.

Vitamina E (Tocoferol)

  • Antioxidante lipossolúvel que protege as membranas celulares.

  • Sua forma oxidada pode ser regenerada pela glutationa.

Ácido Alfa-Lipóico

  • Antioxidante que recicla a glutationa, vitamina C e E.

  • Também estimula a produção de energia e melhora a função mitocondrial.

Minerais como Ferro e Cobre: com moderação

Embora ferro (Fe) e cobre (Cu) participem de enzimas antioxidantes como a SOD, em excesso, esses minerais podem gerar radicais livres através da reação de Fenton. O equilíbrio é essencial.

Como Apoiar Naturalmente a Glutationa?

  • Consuma alimentos ricos em cisteína: ovos, alho, cebola, brócolis

  • Garanta boas fontes de selênio, magnésio, zinco e vitaminas do complexo B

  • Inclua frutas cítricas e vegetais crus para obter vitamina C

  • Suplemente com NAC (N-acetilcisteína) ou ácido alfa-lipóico, se necessário

  • Evite o consumo excessivo de álcool, cigarro e toxinas ambientais

A glutationa é um dos maiores aliados da nossa saúde celular, mas ela não trabalha sozinha. Para que cumpra seu papel como "antioxidante mestre", precisa do suporte de vitaminas, minerais e outros cofatores. Podemos também avaliar sua capacidade de síntese com exames nutrigenéticos e o que está ocorrendo no momento com exames metabolômicos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Remissão da esquizofrenia com dieta cetogênica

Artigo publicado por Newis em 2025 discute a remissão de um paciente com diagnóstico de esquizofrenia com a terapia nutricional cetogênica. A dieta foi proposta pois o homem de 32 anos não obteve melhorias com o tratamento medicamentoso e apresentava elevado desgaste social e psiquiátrico (internações frequentes, uso de cannabis, estado de sem-abrigo) .

A proposta foi a adoção de uma dieta cetogênica estrita carnívora (apenas carne e gordura), com o apoio de um nutricionista especializado em Terapia Metabólica Cetogênica (KMT). Isto é muito importante pois a dieta é estremamente restrita. Metabólitos urinários precisam ser acompanhados e a suplementação adequada deve ser realizada a cada momento.

Fundamentação científica

A esquizofrenia está associada a disfunções metabólicas: resistência à insulina, inflamação, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial, desequilíbrios glutamato/GABA, disbiose intestinal, deficiências nutricionais, como de niacina.

Dietas cetogênicas geram cetose nutricional (com aumento de β-hidroxibutirato acima de  0,5 mmol/L), que pode beneficiar estes mecanismos.

O paciente já havia passado por tratamentos com amisulprida, mirtazapina e propranolol, sem melhora clínica significativa. Durante internações, já havia experimentado dietas cetogênicas parciais, com piora emocional após ingestão de carboidratos.

Após alta, iniciou dieta carnívora cetogênica com orientação profissional (2 refeições/dia, proporção gordura:proteína 2:1), monitoramento diário de glicemia e cetonas (alvo: 2–4 mmol/L), atingindo níveis de 1–5 mmol/L com excelente aderência ao longo de 9 meses.

Houve remissão completa da esquizofrenia confirmada pela equipe de saúde mental (ausência de sintomas psicóticos por > 9 meses). Foi possível a suspensão total da medicação psiquiátrica e revogação da ordem de tratamento compulsório no início de 2025 .

O paciente relatou melhora substancial na qualidade de vida e estabilização emocional, considerando a dieta uma questão de “sobrevivência” e evitando recaídas .

⚖️ Pontos fortes e limitações

Pontos fortes:

  • Monitoramento diário em ambiente usual, sem internação.

  • Apoio profissional especializado.

  • Motivação alta do paciente, sem reuniões intensivas na instituição psiquiátrica.

Limitações:

  • Ausência de medidas quantitativas padronizadas (e.g., escalas PANSS, GAD-7, DASS‑42).

  • Estudo singular (um paciente), sem grupo controle.

  • Possibilidade de deficiências nutricionais (e.g., tiamina, niacina, magnésio, vitamina C).

  • Incertezas sobre segurança a longo prazo e fatores externos (como remoção de glúten) também potenciais contributores .

Implicações clínicas e futuras

O relato mostrou que a dieta cetogênica, mesmo sob condições adversas, pode ser viável e eficaz como coadjuvante em transtornos psiquiátricos graves.

O paciente deve continuar seu acompanhamento psiquiátrico, juntamente com o apoio de um nutricionista especialista na área, durante o processo. É ideal que faça exames metabolômicos no início e após 6 meses de dieta. Os exames permitem rápidas correções metabólicas.

Alterações nos níveis de niacina em pacientes com esquizofrenia

Pacientes com esquizofrenia frequentemente apresentam alterações significativas nos níveis de niacina, que podem estar relacionadas a vários mecanismos e respostas biológicas. Aqui estão as principais descobertas dos estudos:

  • Anormalidade da Resposta à Niacina: a resposta de rubor cutâneo à niacina é anormalmente atenuada em um subconjunto de pacientes com esquizofrenia. Essa resposta é usada como um potencial marcador endofenótipo para esquizofrenia, indicando um defeito na sinalização fosfolipídica [1].

    • A anormalidade da resposta à niacina (ARN) foi encontrada em 31% dos pacientes com esquizofrenia, com uma especificidade de 97% para a doença.

  • Sensibilidade prejudicada à niacina: encontrada em aproximadamente 30% dos pacientes com esquizofrenia. Essa resposta anormal pode servir como um endofenótipo útil para esquizofrenia [2].

  • Fatores Genéticos e Familiares: a resposta prejudicada à niacina é mais pronunciada em pacientes com esquizofrenia e seus parentes de famílias com maior carga genética para esquizofrenia. Isso sugere um componente genético para a anormalidade da resposta à niacina [3].

  • Canabinoides e Metabolismo Lipídico: O uso prolongado de cannabis afeta as vias lipídio-ácido araquidônico, que já são vulneráveis na esquizofrenia. Essa interação pode alterar ainda mais a sensibilidade à niacina [5].

  • Dieta inadequada: Pacientes com dietas mais pró-inflamatórias, que estão associadas à redução da ingestão alimentar de niacina, entre outros nutrientes. Esse padrão alimentar pode contribuir para os processos inflamatórios associados à esquizofrenia [6].

    • Há uma associação entre a resposta à niacina e o desequilíbrio inflamatório em indivíduos com alto risco de psicose. A resposta à niacina pode prever a conversão para psicose melhor do que as citocinas inflamatórias periféricas [4].

A dieta cetogênica também é eficaz em outros transtornos mentais

Estudos também mostram a aplicação da dieta cetogênica no transtorno bipolar e no transtorno depressivo maior, em pacientes não respondentes à medicação e psicoterapia.

Aprenda mais na plataforma da nutrição metabólica em saúde mental.

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Referências

1) JK Yao et al. Prevalence and Specificity of the Abnormal Niacin Response: A Potential Endophenotype Marker in Schizophrenia. Schizophrenia bulletin (2015). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26371338/

2) R Gan et al. Replication of the abnormal niacin response in first episode psychosis measured using laser Doppler flowmeter. Asia-Pacific psychiatry : official journal of the Pacific Rim College of Psychiatrists (2022). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35652467/

3) SS Chang et al. Impaired flush response to niacin skin patch among schizophrenia patients and their nonpsychotic relatives: the effect of genetic loading. Schizophrenia bulletin (2008). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18203758/

4) T Zhang et al. Association of Attenuated Niacin Response With Inflammatory Imbalance and Prediction of Conversion to Psychosis From Clinical High-risk Stage. The Journal of clinical psychiatry (2023). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37471530/

5) S Smesny et al. Cannabinoids influence lipid-arachidonic acid pathways in schizophrenia. Neuropsychopharmacology : official publication of the American College of Neuropsychopharmacology (2007). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17314920/

6) HY Cha et al. Higher Dietary Inflammation in Patients with Schizophrenia: A Case-Control Study in Korea. Nutrients (2021). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34199231/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/