Crianças com síndrome de Down (SD), causada pela trissomia do cromossomo 21, têm um risco 20 vezes maior de leucemia linfoblástica aguda e um risco 500 vezes maior de leucemia megacarioblástica aguda. Além disso, entre 10 e 15% dos bebês com SD nascem com a síndrome pré-leucêmica de mielopoiese anormal transitória.
Genes e leucemia
Estudos genéticos mostram que recém nascidos com SD apresentam frequentemente variações em genes envolvidos na imunidade, o que leva a menor produção de linfócitos B, linfócitos T CD4 e monócitos. Evidenciam também hipermetilação de genes como RUNX1 e do promotor de FLI1, que desempenham um papel crítico na proliferação e maturação de células da medula (Kubota et al., 2019; Wiemels et al., 2019).
Estresse oxidativo e leucemia
Na trissomia do cromossomo 21 (T21), níveis elevados de estresse oxidativo têm sido associados a aceleração do envelhecimento, desregulação da produção de enzimas digestivas, comprometimento da tireóide e leucemia.
A indústria farmacêutica é riquíssima e investe muito em estudos que focam no uso de medicações para a redução do estresse oxidativo na leucemia. O problema é que medicamentos apresentam muitos efeitos colaterais e nem sempre funcionam da forma esperada, além de não terem, em geral, um papel preventivo.
Existe um papel evidente dos compostos bioativos e antioxidantes na redução do estresse oxidativo, na prevenção de doenças e na programação metabólica fetal. Contudo, são pouquíssimos os estudos na leucemia, uma vez que alimentação e suplementação é uma área bem menos lucrativa para a indústria, em comparação ao custo dos medicamentos.
Os estudos genéticos e epigenéticos têm aprofundado nossa compreensão sobre o metabolismo e individualidade de pessoas com trissomia do cromossomo 21. Além disso, estudos pré-clínicos utilizam modelos com células tronco pluripotentes induzidas, e estudos clínicos utilizam marcadores plasmáticos e genéticos. Mesmo assim, existem muitas barreiras para a melhor compreensão da leucemia, sua prevenção e tratamento em indivíduos com síndrome de Down.
Barreiras para o estudo da síndrome de Down:
falta de verba crônica;
pequeno número de pesquisadores especialistas na área;
caracterização inadequada dos novos modelos celulares;
caracterização inadequada dos novos modelos fenotípicos da SD;
falta de treinamento clínico de pesquisadores de ciência básica sobre SD;
baixo engajamento de médicos e outros profissionais de saúde na SD;
dificuldade de recrutamento de indivíduos com SD para pesquisa clínica;
baixo acesso da população com SD e seus pais a testes genéticos.