Evolução da textura dos alimentos na alimentação de bebês com síndrome de Down

Após o sexto mês de vida todo bebê deve receber alimentos complementares ao leite materno, garantindo o bom aporte de energia e nutrientes para o pleno crescimento e desenvolvimento. A consistência dos alimentos (frutas, verduras, papas) evolui de amassada até que a criança possa receber o alimento inteiro.

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O aleitamento materno exclusivo até o 6o mês de vida contribui para o desenvolvimento do sistema estomatognático, representado por um conjunto de músculos que, por exemplo, levantam a mandíbula, permitindo a mastigação. O ato de sugar o seio materno funciona como um regulador natural do crescimento e desenvolvimento harmonioso das estruturas da mandibula e maxilar.

O exercício realizado pelo bebê no ato de mamar reduz em mais de 50% cada um dos indicadores de maloclusões dentárias (ressalto, apinhamento, mordida cruzada posterior, mordida aberta, disoclusões, rotações dentárias...), que afetam consideravelmente a função dento-facial da criança.

Pais de crianças pequenas com síndrome de Down relatam que a evolução entre a textura dos alimentos pode ser mais lenta. Bebês com a trissomia do cromossomo 21 possuem maior facilidade com alimentos cremosos, crocantes, moles ou macios. A evolução para alimentos mais duros ou secos ocorre com o passar dos meses. Já alimentos com textura molhada, pegajosa ou com grumos foram considerados de mais difícil introdução (Ross et al., 2019). Por isso, além do acompanhamento nutricional, o acompanhamento fonoaudiológico desde o início da vida é muito importante.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Ortorexia nervosa

Os transtornos alimentares costumam ser reconhecidos como condições clínicas graves, apresentando alta taxa de morbidade e mortalidade e caracterizados por mudanças no padrão alimentar associadas a diversos fatores, tais como estilo de vida, baixa autoestima, aspectos culturais e obsessão pela magreza. Pessoas com transtornos alimentares clássicos, como anorexia e bulimia preocupam-se principalmente com a quantidade de alimentos ingeridos.

A ortorexia nervosa (ON) é uma variação de outros distúrbios alimentares. É caracterizada principalmente pela preocupação excessiva em relação à qualidade da alimentação. É descrita como um comportamento obsessivo patológico que pode ocasionar desnutrição e perda de peso exagerada, além de comprometimento da vida social. Vejo mutos médicos e nutricionistas criticando o termo ortorexia. Defendem que se preocupar com a alimentação nunca é ruim. Será?

Cuidar do corpo é muito importante. Cuidar da mente mais ainda. Porém, no caso de pessoas com ortorexia nervosa há uma neurose prejudicial. O foco costuma ser a dieta não só satisfatória, mas “limpa” e perfeita em todos os aspectos nutricionais. Há uma tentativa obsessiva em se evitar alimentos que possam conter aditivos alimentares, resíduos de pesticidas, glúten, lactose, ingredientes geneticamente modificados, gorduras em geral, incluindo poli e monoinsaturadas, alimentos que contenham excesso de sódio ou açúcares. A forma de preparação também é levada em consideração, assim como o uso de utensílios específicos.

As relações pessoais podem ser afetadas e a saúde também. Há maior risco de anemia, hiper ou hipovitaminosas, disfunções na modulação da microbiota intestinal, hipotensão, osteoporose, alterações neurológicas, elevação do estresse oxidativo, disfunção do sistema imunológico, redução da síntese de enzimas e hormônios.

Como a busca pela alimentação saudável é incentivada como um hábito que promove bem-estar e longevidade há muita dificuldade em traçarmos uma linha entre o que é uma preocupação saudável e o que não é. Em geral, os familiares ou mesmo o psicólogo enchergam um sofrimento grande na pessoa ultra cautelosa com a própria alimentação. Ou seja, o caráter positivo da alimentação saudável acaba sendo prejudicado pela neurose em relação à própria alimentação (e muitas vezes em relação à dos outros também).

Existem grupos de risco para a ortorexia nervosa como profissionais de saúde (nutricionistas, nutrólogos, educadores físicos, naturopatas), bailarinos, atletas, modelos, pessoas acostumadas a fazer dietas. Qual é seu nível de estresse e ansiedade em relação à alimentação? O quanto seus hábitos geram brigas e controvérsias na família? O quanto estes hábitos o isolam das pessoas que você gosta? De onde vem a necessidade de ser/parecer perfeito?

Lembre que o estresse excessivo também gera toxinas. Respeite seu corpo. Cuide da alimentação mas também de sua mente. Psicoterapia, yoga, acompanhamento de um nutricionista comportamental fazem parte do tratamento. Não tenha vergonha de procurar ajuda!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/