Implicações para a trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down): Microbiota saudável é fundamental para proteção contra o COVID-19 e também para recuperação mais rápida

A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 tem deixado muita gente de cabelo em pé. Precisamos nos proteger, com isolamento social, usando máscaras e adotando medidas adequadas de higiene como a lavagem das mãos.

Ainda não existem estudos na síndrome de Down sobre a propensão ou gravidade da doença. Mas lembro que em 2017 surgiu uma proposta de recaracterizar a síndrome de Down como uma desordem do sistema imune. Isto porque estudos mostram um estado pró-inflamatório constante em pessoas com a trissomia do cromossomo 21 (Sullivan et al., 2017). Além disso, sabemos que muitas pessoas com T21 possuem disbiose intestinal. Um estudo recém divulgado mostra a importância do intestino saudável para a imunidade em tempos de COVID-19.

A microbiota humana consiste em 1014 de microorganismos,entre bactérias, fungos e vírus. Em indivíduos saudáveis a microbiota é dominada pelos filos actinobacteria, firmicutes, proteobacteria e bacteroidetes. Estas bactérias ganham casa em nosso aparelho digestivo e, em troca, produzem enzimas, vitaminas, ácidos graxos de cadeia curta, hormônios e protegem o meio contra microorganismos patogênicos, causadores de doenças.

Na síndrome de Down podemos observar frequentemente situações como intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais, supercrescimento bacteriano, disbiose intestinal, doença celíaca etc. A disbiose é caracterizada por alterações na microbiota e associa-se a maior risco de diabetes, doença inflamatória intestinal, depressão, doenças cardiovasculares e alterações comportamentais. A disbiose aumenta a inflamação intestinal e a inflamação no resto do corpo, inclusive no cérebro. O problema é que enquanto sentimos dor de barriga, não sentimos dor no cérebro em caso de depressão ou doença de Alzheimer. Por isso, muitas doenças vão se instalando devagarzinho, sem ninguém perceber.

Se queremos uma saúde boa e uma imunidade boa precisamos de um intestino saudável. Existem complexas interações entre a microbiota e o sistema imune. As bactérias boas (probióticas) produzem peptídios antimicrobianos, competem por nutrientes e espaço com outros microorganismos, sinalizam para que o sistema imune produza substâncias (que podem ser anti ou pró-inflamatórias, dependendo do caso). Aliás, sabia que 80% do nosso sistema imunológico está localizado no trato gastrointestinal?

São várias as causas para a disbiose como as parasitoses, a sobrecarga de toxinas, uso de medicamentos, uso de adoçantes, estresse, infecções, dieta rica em açúcar, sensibilidades ou alergias alimentares. A dieta é muito importante na modulação da composição da microbiota, influenciando desta forma a saúde do hospedeiro. Dietas ricas em carnes e gorduras saturadas, consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e baixo consumo de frutas e verduras aumentam a proporção de bactérias ruins e oportunistas. Por outro lado, dietas baseadas em vegetais diversificados reduzem a inflamação e fornecem fibras prebióticas aos microorganismos comensais (aquelas que vivem em paz no intestino, como bifidobactérias e lactobacilos).

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Neste momento, o uso de alimentos e/ou suplementos ricos probióticos é muito importante. Este uso tem mostrado bons resultados no controle da inflamação. Além disso, a presença do RNA do vírus SARS-Cov2 nas fezes de pacientes infectados com coronavírus sugere uma ligação não só entre cérebro intestino, mas também entre intestino e pulmões. Até o momento não foi relatado transmissão de coronavírus via fecal-oral mas em pacientes imunodeprimidos, todo cuidado é pouco. É o que discute os artigos de Dhar e Mohanty, 2020 e Neurath, 2020.

O coronavírus é atacado por células imunes como mastócitos, localizados na submucosa dos pulmões. Secretam histamina como resultado da resposta imune (Kritas et al., 2020). Contudo, a liberação excessiva de histamina aumenta o risco de mortalidade por infecção fúngica ou bacteriana. Estudos mostram excesso de liberação histamínica em pacientes com síndrome de Down, principalmente se as quantidades de SAMe forem baixas . Além disso, a situação agrava-se em pacientes com deficiência de vitamina D, o que também encontramos frequentemente na síndrome de Down (Stagi et al., 2015).

Abaixo cito algumas marcas de fibras prebióticas. Antes do uso converse com seu nutricionista ou médico sobre a melhor opção par seu caso:

- Muke: inulina e frutooligossacarídeos (fos) e galactooligossacarídeos (gos) e goma guar (cyamoposis tetragonolobus)

- FiberFor - Fibra de Trigo, Frutooligossacaríos (FOS) e Inulina.

- FiberMais - Goma Guar Parcialmente Hidrolisada e Inulina.

- Fiber Balance - gomar guar parcialmente hidrolisada SUNFIBER e inulina

- Mix de fibras catarinense - inulina e polidextrose

- FOS maxinutri - frutooligossacarídeos (fos)

- Nesh fibras - inulina e goma guar

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/