O consumo de alimentos ultraprocessados está ligado ao aumento da obesidade em 19 países europeus

O Brasil é referência na área de pesquisa em nutrição. Em 2009 o professor Carlos Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo propôs uma classificação dos alimentos de acordo com o grau de processamento. Esta classificação, apelidada de NOVA, foi posteriormente adotada pelo Ministério da Saúde no Guia alimentar para a população brasileira

No 1º grupo estão os alimentos in natura ou minimamente processados (os alimentos das dietas tradicionais): arroz, feijão, hortaliças, frutas, leite pasteurizado, carne congelada ou fresca, ovos, batata, mandioca, etc. Ou seja, esse grupo é formado por alimentos que saem da natureza e recebem ou não algum tipo de processamento como secagem e moagem.

O 2º grupo é composto pelos alimentos que contenham ingredientes culinários processados: gorduras (óleo, azeite, manteiga), sal, azeite e vinagre, que são substâncias retiradas de alguns alimentos ou da natureza (sal) e são utilizados para temperar, preparar e cozinhar os alimentos do primeiro grupo.

No 3º grupo estão os alimentos processados: são aqueles que combinam ingredientes do primeiro grupo com o do segundo. Por exemplo, utilizando o leite do primeiro grupo, com o sal do segundo grupo, produz-se o queijo. Dentre outros exemplos de alimentos do 3º grupo também foram citados o pão e a geléia de frutas.

Por fim, no 4º grupo encontramos os alimentos que mais devemos evitar: os ultraprocessados. Trata-se de uma invenção da tecnologia alimentar e, segundo o pesquisador Carlos Monteiro, não tem nada a ver com os outros grupos, pois não tem como base um alimento. Os alimentos ultraprocessados são formulações de amido, gorduras, sal, açúcar e proteínas extraídas de alguns outros alimentos, como da soja por exemplo, e muito aditivos (corantes, texturizantes e aromatizantes) que tornam os alimentos saborosos mas que deturpam e viciam o paladar.

A classificação NOVA tem sido utilizada hoje em muitos países para o acompanhamento da situação alimentar e de saúde da população. Pesquisa publicada recentemente avaliou a disponibilidade domiciliar de grupos alimentares NOVA em dezenove países europeus e analisou a associação entre a disponibilidade de alimentos ultraprocessados ​​e a prevalência de obesidade.

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Nos dezenove países, a mediana da disponibilidade média domiciliar representou 33,9% do total de energia dietética comprada para alimentos não processados ​​ou minimamente processados, 20,3% para ingredientes culinários processados, 19,6% para alimentos processados ​​e 26,4% para alimentos ultraprocessados. A disponibilidade média domiciliar de alimentos ultraprocessados ​​variou de 10,2% em Portugal e 13,4% na Itália para 46,2% na Alemanha e 50,4% no Reino Unido (Monteiro et al., 2018).

Uma associação positiva significativa foi encontrada entre a disponibilidade nacional de alimentos ultraprocessados ​​e a prevalência nacional de obesidade entre adultos. Os resultados reforçam a necessidade de políticas e ações públicas que promovam o consumo de alimentos não processados ​​ou minimamente processados ​​e tornem os alimentos ultraprocessados ​​menos disponíveis e acessíveis.

Estudo com mais de 450.000 pessoas de 10 países europeus mostrou que a redução de 10% dos alimentos ultraprocessados (refrigerantes, balas, sorvetes, alimentos defumados etc) reduz risco de câncer de cabeça, pescoço, esôfago, intestino, mama... (Kliemann et al., 2023).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Pré-eclâmpsia, eclâmpsia e deficiência de magnésio

A pré-eclâmpsia e a eclâmpsia são complicações graves, que podem após 20a semana de gravidez. A pré-eclâmpsia caracteriza-se por um quadro de hipertensão arterial, perda de proteína pela urina, inchaço no rosto ou mãos. A causa mais frequente são os problemas no desenvolvimento dos vasos da placenta. Vários fatores de risco para o problema foram identificados:

– Gravidez em mulheres com idade superior a 40 anos ou inferior a 18 anos;
– História familiar de pré-eclâmpsia;
– Pré-eclâmpsia em uma gestação anterior;
– Gravidez múltipla (gêmeos, trigêmeos, etc.);
– Mulheres previamente hipertensas (hipertensão crônica);
– Obesidade;
– Diabetes mellitus;
– Doença renal crônica;
– Doenças autoimunes;
– Deficiência de magnésio.

A pré-eclâmpsia é responsável no mundo por mais de 50 mil mortes maternas por ano. O grau mais grave é a eclâmpsia, frequentemente acompanhada de convulsão. O tratamento é o uso do sulfato de magnésio para estabilização do quadro, seguido da indução do parto. O uso do magnésio reduz a mortalidade. A terapia com magnésio também é indicada para mulheres com pré-eclâmpsia, pois diminui a incidência de eclâmpsia.

O acompanhamento pré-natal com obstetra é fundamental para garantia de uma gravidez mais segura, com menores riscos para a mãe e para o bebê. O acompanhamento nutricional também é muito importante já que a gestação provoca muitas modificações fisiológicas, aumentando a necessidade de vários nutrientes para o adequado crescimento e desenvolvimento fetal. Saiba mais sobre o tema:

Extra: no módulo 9 do meu curso de yoga converso mais sobre nutrição na gestação e ensino as técnicas de yoga e meditação apropriadas para a gestante praticar em casa.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Homenagem à Iyengar


Iyengar, fundador do Iyengar Yoga foi um dos responsáveis pela difusão do yoga no Ocidente e nesta última sexta-feira (14) o mestre indiano completaria 100 anos. 🕉

Bellur Krishnamachar Sundararaja Iyengar (1918-2014), mais conhecido como B.K.S. Iyengar, criou a modalidade Iyengar, que tem como objetivo essencial aproximar a prática de yoga de qualquer pessoa, mesmo que tenha necessidades posturais especiais.

When I practise, I am a philosopher, when I teach, I am a scientist, when I demonstrate, I am an artist”

(Quando pratico, sou um filósofo, quando ensino, sou um cientista, quando demonstro, sou um artista)

O método ensinado pelo mestre é conhecido por utilizar acessórios (props), como blocos e cintos, permitindo que algumas dificuldades ou obstáculos possam ser ultrapassados. Iyengar também contribuiu publicando muitos livros, sendo um deles o clássico Light on Yoga (Luz sobre o Yoga) que inspirou e inspira muitos praticantes pelo mundo. Será sempre lembrado pela comunidade do yoga com carinho e reverência. 🙏

Hoje, em homenagem à Iyengar vejamos três posturas para melhorar o funcionamento da glândula tireóide. O hipotireoidismo é uma doença endócrina relativamente comum. Caracteriza-se pela baixa atividade da tireóide, fazendo com que esta reduza a produção dos hormônios T3 e T4, necessários ao controle do metabolismo.

A causa mais comum de hipotireoidismo é a Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune, em que anticorpos começam a atacar a glândula tireoide. Escrevi várias vezes sobre o papel da nutrição no funcionamento da tireóide. Hoje vamos conversar sobre posturas do yoga que beneficiam a glândula:

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1. Sarvangásana (invertida sobre os ombros): essa postura exerce pressão sobre a glândula tireoide e estimula a secreção do hormônio tireoidiano. Instruções: (a) Deite-se de costas, com os braços ao lado do corpo e as palmas voltadas para baixo; (b) Inspire e levante as pernas a 90 graus e expire lentamente para trazer as pernas sobre a cabeça; (c) Mova as mãos para apoiar a parte inferior das costas; (d) Levante as pernas; (e) Mantenha o queixo pressionado contra o peito enquanto estiver na posição invertida

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2. Halásana (postura do arado): a partir do sarvangásana, leve as pernas atrás da cabeça. Este ásana (postura) também estimula a glândula tireóide, ajuda a reduzir a fadiga e o estresse.

A compensação do sarvangásana e do halásana é exatamente a mesma: a postura do peixe (Matsyásana).

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3. Matsyásana (a postura do peixe): alonga o pescoço, reduz a rigidez de articulações e também dos músculos do pescoço. Instruções: (a) Deite-se de costas com as pernas estendidas, (b) Pressione os braços para levantar o corpo e abrir a região do peito, (c) toque o topo da cabeça no chão.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/