Já ouviu falar de beribéri? Essa doença foi descrita em 2.700 a.C. por médicos chineses. Porém, apenas em 1884 Takaki, um cirurgião da marinha japonesa demonstrou que o problema era decorrente de carências nutricionais. Alguns anos depois, Eijkan, médico holandês demonstrou que aves alimentadas com arroz polido cozido sofriam de paralisia, sintomo característico da deficiência de vitamina B1 (tiamina).
A tiamina está presente na levedura, nos cereais, nos laticínios e nos frutos do mar. Porém, a vitamina B1 é altamente sensível ao calor. O cozimento de um pão no forno, por exemplo, destrói entre 20 a 30% da tiamina. A pasteurização do leite reduz o conteúdo de tiamina em até 20%.
Funções da vitamina B1
A vitamina B1 atua de várias formas em nosso corpo. Funciona como cofator enzimático, regulando várias reações metabólicas, inclusive a produção de energia (ATP). Também é componente das membranas de neurônios, regulando a transmissão de impulsos nervosos.
Pessoas com alto consumo de álcool frequentemente apresentam deficiência de tiamina, assim como indivíduos com HIV, doenças gastrintestinais e hepáticas ou com vômitos persistentes. O beribéri é uma manifestação grave da carência de B1. Pode ser de três formas: seco, úmido ou infantil.
O beribéri seco caracteriza-se pela perda de sensibilidade nos membros (neuropatia periférica), problemas sensitivos, motores ou reflexos. No beribéri úmido, além destes sintomas, há edema, aumento dos batimentos cardíacos, aumento do coração e insuficiência cardíaca. Ou seja, a gravidade é maior.
O beribéri infantil afeta crianças e prejudica o desenvolvimento e a função cardíaca. Em geral, ocorre em bebês cujas mães estiveram deficientes em vitamina B1 durante a gestação ou filhos de mulheres HIV positivas ou que consomem álcool durante a gravidez. A deficiência de tiamina em um momento de extrema sensibilidade do cérebro, como o início da vida, pode levar à morte de neurônios pela insuficiência de energia nestas células.
Outra forma de manifestação da deficiência de B1 é a síndrome de Wernicke-Korsakoff, uma complicação neuropsiquiátrica comum em pessoas com alcoolismo crônico. O etanol inibe o transporte e absorção de tiamina. Também reduz as reservas no fígado, se este já estiver danificado. O diagnóstico baseia-se nos sintomas como paralisia ocular, nistagmo (tremor nos olhos), falta de coordenação ao caminhar (ataxia da marcha) e distúrbios da atividade mental.