Vale a pena tomar uma alta dosagem de vitamina E para combater infecções virais?

A vitamina E é o antioxidante lipossolúvel mais importante usado pelas células. Protege os fosfolipídios de membrana de serem degradados por radicais livres. Esta função antioxidante sugere que a vitamina E possa ser importante na proteção do organismo e no tratamento de doenças relacionadas ao estresse oxidativo, como a aterosclerose.

Gombart, Pierre, & Maggini, 2020

Gombart, Pierre, & Maggini, 2020

Além de proteger o organismo contra o estresse oxidativo a vitamina E contribui para uma boa imunidade de diversas formas: (1) contribui para a integridade de membranas que fazem parte da barreira de defesa (pele, tratos digestivo e respiratório); (2) ajuda a regular a resposta inflamatória; (3) contribui para a proliferação, diferenciação e função de células da resposta imune inata e adaptativa; (4) é importante para a produção de anticorpos; (5) possui atividade antimicrobiana.

A recomendação de vitamina E para adultos é de 15 mg/dia e com uma alimentação diversificada é fácil atingir a recomendação diária de 15 mg.

Boas fontes de vitamina E

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A carência de vitamina E associa-se a maior risco de doenças cardiovasculares, câncer, declínio cognitivo, degeneração macular, menor proteção contra agentes infecciosos. Em caso de suplementação o limite tolerável máximo para adultos é de 1.000 mg/dia. Mas vale a pena aumentar a quantidade de 15 mg para 1.000 mg ao dia? Em geral não, pois a vitamina E possui um efeito pró-oxidante em alta dosagem, o que poderia aumentar o risco de câncer e doenças cardiovasculares (Pearson et al., 2006; Dintcheva et al., 2017; Fernando et al., 2019). Assim, em caso de suplementação recomenda-se que o nutricionista não ultrapasse doses de 150 a 200 mg/dia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Algas no tratamento da endometriose

A endometriose é uma doença crônica que reduz a qualidade e vida de adolescentes e mulheres adultas, pois pode causar do crônica, sangramentos e aumentar o risco de infertilidade.

Uma das causas é o excesso de estrogênio, que desregula o metabolismo e gera "menstruação retrógrada". Ou seja, o sangue menstrual, ao invés de descer sobe e acumula-se no tecido de revestimento uterino, causando lesões na parede do órgão. Tais lesões podem ser removidas cirurgicamente. Contudo, a taxa de recorrência em cinco anos chega a 50%.

Existem alimentos com efeitos antiestrogênicos como as sementes de linhaça, a soja e as algas marinhas. Algas são extremamente ricas em nutrientes. A spirulina é uma alga azul esverdeada fonte de proteínas, vitaminas (como carotenóides) e minerais (Kay, 1991).  Os nutrientes das algas combatem o dano oxidativo causado por radicais livres (Benedetti et al., 2004Sedriep et al., 2011). Algas também são fonte de vitamina B12 (Baroni et al., 2009), apesar de não tão bem disponível quanto a presente em ovos e laticínios. A B12 é fundamental para a saúde reprodutiva da mulher.

As algas ainda melhoram a imunidade (Shytle et al., 2010) e contribuem para o tratamento da fibromialgia. Estudos mostram que algas como a clorella se ligam a metais pesados contribuindo para a destoxificação do organismo. Publicação de 2020 reforça que a spirulina contém picocianobilina que melhora a imunidade para que o corpo possa reagir melhor contra gripes e até contra o coronavírus (McCarty & DiNicolantonio, 2020).

Algas também são ricas em iodo (Combet et al., 2014), mineral importante para a tireóide e a regulação do metabolismo e de fibras (Wada et al., 2011), que tem um papel na regulação do funcionamento intestinal e na absorção de glicose e gorduras. Por estes efeitos, as algas parecem ser alimentos capazes de reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e certos tipos de câncer, especialmente os estrogênicos.

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Mulheres japonesas consomem mais algas e têm taxas muito menores de câncer de mama, endométrio e ovário, além de ciclos menstruais mais longos do que as mulheres que não consomem algas. As algas inibem a produção ou facilitam a degradação do estrogênio. Podem até bloquear os receptores de estrogênio, diminuindo a atividade do estrogênio produzido.

Na endometriose o consumo diário de meia colher de chá de algas reduz as hemorragias e as dores. Contudo, não existem estudos recentes. Os existentes foram publicados há mais de uma década. Mesmo assim, meia colher de chá ao dia é algo muito tranquilo. Vale a pena tentar.

2 SUPLEMENTOS PARA O TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE

Um composto extraído de plantas amazônica, como a unha-de-gato (Uncaria tomentosa) e batizado de Miodesin® tem contribuído para o tratamento de miomas uterinos e da endometriose. As plantas utilizadas no fitocomplexo são ricas em taninos e alcalóides com atividades antiinflamatória, antioxidante, antitumoral e imunoestimulante. O fitoterápico unha-de-gato ser prescrito por nutricionista para uso oral ou por médico ginecologista para uso intravaginal, misturado a um veículo (Pentravan®) que permite a absorção pela pele.

Como a aromatase é mais abundante em mulheres com endometriose, o uso de inibidores de aromatase, como crisina, também é aconselhado, podendo ajudar a tratar mesmo casos mais graves.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Acúmulo de mercúrio e chumbo em crianças com síndrome de Down

O fígado é um órgão essencial para a eliminação de compostos desnecessários ao organismo e, como vimos no artigo de ontem, pessoas com síndrome de Down podem ter vias metabólicas deste órgão menos funcionantes. Estudo mostrou, por exemplo, que a eliminação de mercúrio e outros metais pesados (como o chumbo) em pessoas com síndrome de Down pode estar comprometida (Grabeklis et al., 2018).

Metais pesados ​​são altamente tóxicos para o cérebro e sistema nervoso em desenvolvimento. O chumbo é um metal denso e altamente maleável, resistente à corrosão. Por isso, era muito utilizado na construção de edifícios, encanamentos e tintas. A maior parte dos países hoje impõe restrições ao uso deste metal já que o mesmo pode danificar os rins, sistema nervoso e sistema reprodutivo. Brinquedos chineses, não certiicados, podem ser pintados com tintas contendo chumbo. O solo também pode ser contaminado pela fumaça do carro. Casas antigas, com encanamento de chumbo, são outra fonte de contaminação.

Se os níveis de chumbo no sangue forem altos aparecem sintomas como encefalopatia aguda (com irritabilidade, letargia ou convulsões), dor abdominal e constipação. Crianças com níveis elevados de chumbo também podem apresentar anemia por deficiência de ferro.

O mercúrio (Hg) também é tóxico para os sistemas nervoso central e periférico. Uma das principais fontes de exposição humana ao mercúrio é o consumo de frutos do mar, o que é particularmente preocupante para as mulheres grávidas, porque o metil mercúrio atravessa a placenta e entra no cérebro fetal.

A tinta é outra fonte potencial de envenenamento por metilmercúrio, porque os compostos orgânicos de mercúrio são às vezes adicionados à tinta látex como fungicida. O mercúrio existe em várias formas. A primeira é a forma elementar volátil, que é líquida à temperatura ambiente. Uma segunda forma são compostos inorgânicos, como sais de mercúrio. Em terceiro lugar estão os compostos orgânicos, como metilmercúrio, etil mercúrio e fenil acetato de mercúrio, que são as mais perigosas para os seres humanos.

O mercúrio elementar foi usado por muitas décadas em termômetros, esfigmomanômetros, termostatos e lâmpadas fluorescentes compactas. Atualmente há um esforço mundial para remover dispositivos contendo mercúrio de consultórios médicos e hospitais, a maioria dos quais agora usa termômetros e monitores de pressão arterial digitais. O mercúrio também está presente nas obturações dentárias com amálgamas.

O mercúrio pode causar efeitos neurológicos devastadores, especialmente no feto e no recém-nascido, produzindo bronquite, pneumonite, excitabilidade nervosa, visão em túnel, tremores, colite hemorrágica, depressão, perda de peso, fraqueza muscular e perda muscular grave com diminuição dos reflexos tendinosos profundos, alterações de personalidade e comportamentais, problemas de memória.

Para evitar a intoxicação devemos nos expor o menos possível, ter um intestino bem saudável (para limitar a absosrção) e um fígado que funciona adequadamente. O próprio contato com chumbo e mercúrio podem alterar o funcionamento do fígado (Cave et al., 2010). Na síndrome de Down, além das alterações genéticas que podem comprometer o funcionamento hepático, o alto consumo de açúcar pode prejudicar ainda mais o funcionamento do órgão. O açúcar e outros carboidratos simples aumentam o risco de esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado), comprometendo sua função.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/