Alterações metabolicas no TEA já estão presentes ao nascimento

No estudo “Metabolic network analysis of pre‑ASD newborns and 5-year-old children with autism spectrum disorder” (Lingampelly et al., 2024), pesquisadores investigaram como o metabolismo difere em crianças que desenvolvem autismo. Eles analisaram amostras de sangue seco de recém-nascidos que mais tarde foram diagnosticados com autismo e também de crianças de 5 anos já diagnosticadas. O objetivo foi identificar padrões metabólicos que possam servir como sinais precoces ou ajudar a entender os mecanismos do autismo.

Foram analisados cerca de 450 metabólitos e 50 vias metabólicas. Das análises, 14 vias se destacaram, sendo responsáveis por 80% do impacto metabólico observado. Entre os achados, crianças com autismo ou em risco mostraram aumento de moléculas associadas ao “stress” fisiológico (como lactato e ceramidas) e redução de antioxidantes e defensas anti-inflamatórias (como glutationa e CoQ10).

Um ponto-chave foi a análise da rede metabólica. Os pesquisadores criaram um parâmetro chamado “taxa de crescimento da rede metabólica” para medir como as conexões entre metabolitos evoluem com o tempo. Essa taxa foi menor em crianças com autismo. Um destaque especial foi a via das purinas, ligada à sinalização de energia e função mitocondrial: em crianças típicas, a rede de purinas muda bastante entre o nascimento e os 5 anos; em crianças com autismo, essa mudança não ocorre.

Além disso, as conexões entre lipídios e metabólitos polares estavam significativamente alteradas no autismo, mostrando que não é apenas uma molécula isolada alterada, mas toda a estrutura da rede metabólica.

Esses achados sugerem que já desde o nascimento podem existir sinais metabólicos de risco para autismo, reforçando a ideia de que olhar para o metabolismo como um todo — energia, lipídios, sinalização purinérgica — é mais informativo do que focar em um único marcador.

Conversei sobre este e outros estudos com a Mayra Gaiato:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/