Quando os ovários entram em falência funcional, a produção de estradiol (E2) cai drasticamente. A partir daí, a principal fonte de estrogênio do corpo passa a ser a estrona (E1), que é produzida fora dos ovários. O tecido adiposo assume esse papel através da enzima aromatase, que converte androgênios adrenais, como a androstenediona, em estrona.
Embora seja mais fraca que o estradiol, a estrona continua metabolicamente ativa. Ela pode ser reconvertida em E2 em tecidos sensíveis, como o mamário e o endometrial, mantendo o estímulo estrogênico local.
O metabolismo da estrona ocorre por três principais vias:
2-OHE1, considerada protetora, com baixa afinidade pelos receptores de estrogênio e facilmente metilada na fase 2 da detoxificação;
4-OHE1, genotóxica e mutagênica, com alta afinidade pelo receptor e potencial para causar dano ao DNA se não for rapidamente conjugada;
16-OHE1, de ação altamente proliferativa, também com forte ligação ao receptor estrogênico e associada a doenças estrogênio-dependentes quando em excesso.
Com o envelhecimento, obesidade, resistência à insulina e inflamação crônica, há uma tendência de o metabolismo favorecer justamente as vias de risco — 4-OHE1 e 16-OHE1. Esse desequilíbrio metabólico, somado à maior aromatização pelo excesso de tecido adiposo, aumenta a carga estrogênica circulante e local.
A partir dos 60–65 anos, o risco cresce por múltiplos fatores:
aumento da aromatização no tecido adiposo;
inflamação crônica que altera a atividade das enzimas CYP1A1, CYP1B1 e COMT, redirecionando o metabolismo para vias carcinogênicas;
acúmulo de exposição estrogênica ao longo da vida;
redução da capacidade hepática de detoxificação e presença de polimorfismos genéticos que comprometem a eliminação de metabólitos tóxicos.
Mesmo após a menopausa, o tecido mamário mantém receptores de estrogênio ativos, o que o torna sensível ao estímulo proliferativo da estrona e do estradiol local. Podemos avaliar tudo isso com exames específicos para a saúde da mulher:
Quando há predomínio dos metabólitos 4-OHE1 e 16-OHE1, o foco deve ser restaurar o equilíbrio do metabolismo estrogênico, favorecendo a via 2-OHE1 e otimizando a metilação e conjugação hepática. A estratégia envolve nutrientes cofatores de enzimas da fase 1 e 2 da detoxificação, além de compostos moduladores da aromatase e da inflamação.
1. Suporte à via 2-OHE1 (CYP1A1):
Indol-3-carbinol (I3C) e DIM (diindolilmetano): derivados de vegetais crucíferos que estimulam a atividade da CYP1A1, desviando o metabolismo da estrona para a via 2-hidroxilada (protetora).
Sulforafano: ativa a via Nrf2, aumentando enzimas de detoxificação e reduzindo a expressão de CYP1B1, que favorece o 4-OHE1.
2. Apoio à metilação (fase 2 de detox):
Essencial para neutralizar metabólitos reativos como 4-OHE1.
Metilfolato (5-MTHF), vitamina B12 (metilcobalamina), B6 (P-5-P): cofatores da enzima COMT, responsável pela metilação dos catecolestrogênios.
Betaína (trimetilglicina) e colina: doadores de grupos metil, úteis especialmente em indivíduos com polimorfismos MTHFR ou COMT lentos.
3. Redução de 16-OHE1 (ação proliferativa):
Resveratrol e quercetina: modulam a expressão de aromatase e reduzem o metabolismo pela via 16-hidroxilada.
Curcumina: anti-inflamatória e reguladora de CYPs hepáticas; reduz 16-OHE1 e melhora conjugação.
Ácido alfa-lipóico e N-acetilcisteína (NAC): aumentam glutationa, essencial para conjugação de metabólitos estrogênicos tóxicos.
4. Modulação da aromatase e inflamação:
Ômega-3 (EPA/DHA): reduz inflamação e expressão de aromatase no tecido adiposo.
Extrato de sementes de uva e chá verde (EGCG): inibem aromatase e reduzem estrogênios circulantes.
5. Suporte hepático:
Silimarina, taurina e magnésio: favorecem conjugação e excreção biliar adequada dos metabólitos.

