Marcadores metabolômicos para doenças

A metabolômica estuda o conjunto total de metabólitos presentes em um sistema biológico, captando uma “fotografia” dinâmica do estado fisiológico ou patológico.

No contexto de biomarcadores emergentes, a ideia é:

  1. Detectar sinais bioquímicos antes do aparecimento clínico de uma doença.

  2. Melhorar a estratificação de pacientes para terapias personalizadas.

  3. Monitorar resposta terapêutica em tempo real.

O avanço da ciência de precisão depende de integrar esses biomarcadores com dados genômicos, proteômicos e exposômicos.

Principais áreas de aplicação clínica

Câncer e avaliação de oncometabólitos s

Oncometabólitos são produtos metabólicos alterados por mutações oncogênicas, que podem tanto indicar a presença de tumor quanto participar de sua progressão.

  • D-2-hidroxiglutarato (D-2HG): Acumula-se em mutações de IDH1/IDH2, altera a metilação do DNA e a expressão gênica, e pode ser detectado via RMN ou espectrometria de massa no soro e urina.

  • Sarcosina no câncer de próstata e colina fosforilada em câncer de mama também estão sendo estudadas.

  • Aplicações: detecção precoce, seleção de terapias-alvo, monitoramento de recidiva.

Doenças neurodegenerativas

O cérebro tem metabolismo altamente específico, e alterações precoces podem ser detectadas antes da perda neuronal extensa.

  • Alzheimer:

    • Redução de metabólitos do ciclo TCA (ex. citrato, α-cetoglutarato) e aumento de certos aminoácidos aromáticos.

    • Alterações no metabolismo lipídico (ex. esfingomielinas e plasmalogênios).

  • Parkinson:

    • Alterações nos metabólitos da dopamina, ácidos graxos insaturados e compostos de oxidação.

  • Vantagem: biomarcadores não invasivos via plasma, líquido cefalorraquidiano (LCR) ou saliva.

Doenças cardiovasculares e metabólicas

  • Perfil lipídico expandido vai além de colesterol total e triglicerídeos: inclui subclasses de lipoproteínas, ácidos graxos específicos e ceramidas.

  • Doenças como aterosclerose têm assinaturas metabólicas próprias:

    • Aumento de trimetilamina N-óxido (TMAO) (metabólito microbiano ligado a dieta rica em carne).

    • Alterações nos aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs) — leucina, isoleucina, valina — associadas à resistência à insulina.

  • Uso potencial: prevenção personalizada e ajuste fino de terapias anti-hiperlipidêmicas.

Microbioma intestinal e exposoma

Metabólitos derivados do microbioma

  • SCFAs (butirato, acetato, propionato):

    • Produzidos na fermentação de fibras.

    • Moduladores da expressão gênica por inibição de histona-desacetilases (HDACs).

    • Butirato: anti-inflamatório, fortalece junções epiteliais intestinais.

  • Ácidos biliares secundários:

    • Derivados da modificação bacteriana dos ácidos biliares primários.

    • Influenciam sinalização via receptores FXR e TGR5, impactando metabolismo glicídico e lipídico.

Exposômica

Considera exposições ambientais, dietéticas, químicas e de estilo de vida ao longo da vida. O perfil metabolômico é sensível a poluentes, pesticidas, metais pesados e xenobióticos.

  • Exemplo: exposição crônica a benzeno → alterações em metabólitos do ciclo do ácido cítrico e estresse oxidativo.

Perspectivas futuras

  • Integração multiômica: Combinar dados de metabolômica, genômica, proteômica e exposômica para maior poder diagnóstico.

  • Medicina preventiva personalizada: Intervenções baseadas no perfil metabólico único do paciente.

  • Biomarcadores dinâmicos: Monitoramento em tempo quase real usando sensores bioanalíticos portáteis.

APRENDA A INTERPRETAR EXAMES METABOLÔMICOS

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/