Inflamação no TEA

Um grupo de pesquisadores brasileiros quis entender se crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam diferenças nos perfis metabólicos e inflamatórios, e como isso se relaciona com a intensidade dos sintomas do transtorno. A pesquisa envolveu 154 jovens entre 2 e 17 anos, e os cientistas analisaram células do sistema imune (leucócitos, linfócitos e monócitos), glicemia, insulina, lipídios e o índice HOMA-IR, que indica resistência à insulina. Também consideraram fatores como idade, peso, gênero, uso de medicação e intensidade dos sintomas de TEA (Gaspar et al., 2024).

Principais descobertas

Em relação às células inflamatórias, não houve diferenças significativas ligadas à idade, peso, medicação ou intensidade dos sintomas — os valores estavam dentro do esperado para crianças.

Já nos marcadores metabólicos, alguns padrões chamaram atenção:

  • Crianças com maior peso apresentaram triglicérides e insulina mais altos.

  • Crianças mais velhas mostraram elevação de triglicérides, insulina e ácidos graxos livres, mesmo quando considerando medicação, sexo e intensidade dos sintomas.

  • Crianças com sintomas mais intensos (nível 3) tiveram níveis maiores de ácidos graxos livres.

Apesar dessas diferenças, muitos marcadores, como colesterol total, HDL, LDL e glicemia, ainda estavam dentro dos valores de referência para crianças.

O estudo sugere que, embora as células inflamatórias periféricas não terem apresentado alterações significativas neste estudo, crianças e adolescentes com TEA podem ter sinais de risco metabólico, especialmente se forem mais velhos ou apresentarem maior peso. Isso reforça que o cuidado com a saúde de jovens com TEA não deve se limitar ao desenvolvimento e comportamento: atenção à alimentação, peso e atividade física é fundamental para prevenir complicações futuras.

Os pesquisadores também apontam que o monitoramento de marcadores metabólicos como insulina, triglicérides e ácidos graxos livres pode ser uma ferramenta útil na gestão clínica do TEA.

Além do acompanhamento do desenvolvimento e comportamento, é importante observar a saúde metabólica. Manter peso saudável, incentivar atividade física e monitorar certos marcadores metabólicos pode ajudar a prevenir problemas futuros. Mesmo dentro da faixa “normal”, crianças com TEA podem apresentar tendências que merecem atenção, especialmente se tiverem sintomas intensos, usarem medicação ou forem mais velhas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/