Regresso ao trabalho após a licença maternidade: desafios para a mãe que amamenta

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Esta semana prestei consultoria a uma jovem mãe, estressada pois em breve voltará a trabalhar. Sua ansiedade é comum e compartilhada por muitas outras mulheres nesta mesma fase. Uma das questões mais frequentes envolve a alimentação do bebê.

Seguem algumas dicas:

  • A partir da terceira semana após o parto comece a extrair e estocar o leite materno no congelador, para que possa ser utilizado posteriormente. É normal que obtenha pouco leite nas primeiras tentativas mas não desista. A ordenha poderá ser feita de forma manual ou com a ajuda de uma bomba de sucção.

  • Separe cerca de 150 ml em cada pote previamente esterilizado. Identifique o recipiente com a data da extração do leite. Se precisar de orientação presencial recorra ao banco de leite mais próximo à sua casa;

  • Continue amamentando seu bebê em livre demanda (sempre que o mesmo desejar) para que a produção de leite não caia. Quando precisar se afastar, ofereça o peito antes de sair de casa e ao chegar e livremente nos finais de semana. Se alguém puder levá-lo a seu trabalho durante o expediente a amamentação também poderá ser realizada no meio do dia;

  • A pessoa que irá mexer nos recipientes com o leite materno deverá lavar bem as mãos. O leite mais antigo deve ser o primeiro a ser descongelado;

  • Para descongelar o leite retire-o do freezer e armazene-o na geladeira um dia antes do uso. O leite pode ser mantido em geladeira por 1 semana e no congelador por 15 dias a 4 meses. Se o freezer é independente (tem porta separada da geladeira) conservará o leite por 3 a 4 meses. Se o congelador fica dentro da geladeira (usa a mesma porta) deve ser consumido em até 15 dias;

  • Caso não consiga ordenhar leite suficiente uma fórmula infantil poderá ser indicada pelo pediatra ou nutricionista;

  • Bebês a partir de 4 meses também poderão receber outros tipos de alimentos além do leite. Seu filho ainda precisará a aprender a mastigar e é normal que até os seis meses expulse a comida da boca com a língua, um mecanismo natural contra o engasgamento.  A introdução de novos alimentos deve ser lenta e gradual. Observe possíveis reações alérgicas e introduza novos alimentos de 5 em 5 dias.

  • A comida deve ser caseira, feita com alimentos frescos. Frutas como maçã ou pera raspadas, mamão ou banana amassados podem ser testados, assim como verduras amassadas com quinoa (para famílias vegetarianas) ou frango (para famílias onívoras)

O Ministério da Saúde possui um material gratuito na internet denominado "Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos". Para maiores informações consulte um nutricionista ou pediatra e bom retorno ao trabalho! 

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Papel da comunicação para a eliminação das disparidades em saúde

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A comunicação em saúde pode ser definida como o estudo e uso de métodos para informar e influenciar os comportamentos de forma a melhorar a saúde de indivíduos e da população.  Quando a comunicação em saúde é feita de forma mais eficiente há aumento do conhecimento e da conscientização das pessoas acerca de temas importantes da áera.

No entanto, esforços isolados de comunicação em saúde, feitos em blogs como este, sem apoio político e de instituições importantes geram poucos resultados em termos de modificação de comportamtentos. 

Um dos problemas são as disparidades no acesso às informações de saúde. Pessoas sem acesso à internet, com baixa escolaridade ou que não percebem a saúde como algo importante acessam menos informações nesta área.

Uma forma de aumentar o acesso é incluir mensagens de saúde na programação de entretenimento. Novelas e outros programas de TV, noticiários no rádio, peças teatrais em escolas ou outros espaços comunitários, ajudariam a disseminar mais informações. A programação de entretenimento tem a capacidade de atingir proporções significativas das populações que experimentam maiores disparidades em saúde.

O contato interpessoal entre prossionais e pessoas também é fundamental. O acesso à saúde é direito de todos mas a relação entre paciente e profissionais de saúde nem sempre é saudável. O ideal é que esta relação sempre ajudasse a diminuir as disparidades em saúde. Contudo, profissionais que retém informações, que tratam determinadas parcelas da população com preconceito, que comunicam-se por meio de jargões de difícil compreensão, fazem as disparidades aumentarem.

O apoio social é outra forma de amenizar as desigualdades e iniquidades em saúde. As redes de apoio virtual vem ganhando espaço na sociedade moderna. Contudo, novamente, o acesso pode ser problemático em comunidades carentes.

A eliminação das disparidades na saúde requer que mais profissionais de saúde pública estudem esta temática já que para projetar intervenções efetivas é necessária a compreensão de teorias de mudança de comportamento e de marketing, além de princípios para o desenvolvimento de mensagens e e-Health. Também devemos trabalhar colaborativamente com comunidades que experimentam disparidades para que juntos possamos  superar barreiras (falta de acesso à internet e tecnologias, desconfiança, falta de suporte, baixa habilidade para o uso de tecnologias de comunicação e informação, baixa escolaridade...) para a melhor saúde e qualidade de vida.
 

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Evolução na comunicação em saúde

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A popularização da internet mudou drasticamente a forma como nos comunicamos. E mudou a maneira de pensar a comunicação para promover a saúde da população. A Internet e a World Wide Web são tecnologias disruptivas pois alteram radicalmente  as formas pelas quais as informações fluem em nossa sociedade. Até a década de 1990 a comunicação interpessoal na área de saúde era a principal fonte de acesso à informação por parte do grande público. Assim, quando alguém queria uma informação sobre saúde precisava marcar uma consulta com o médico. Se queria uma informação sobre alimentação precisaria marcar uma consulta com um nutricionista.

Mas o crescimento da internet gerou uma explosão de blogs, sites e redes sociais, possibilitando que qualquer pessoa produza e acesse conteúdo quando e de onde desejar. Estas plataformas de comunicação trouxeram ganhos para o campo da saúde pública, oferecendo poderosas e acessíveis ferramentas de comunicação. Mais recentemente os aplicativos e wearables (dispositivos "vestíveis"), como relógios, pulseiras, jaquetas, sutiãs, óculos que registram informações sobre os usuários. Assim, nutricionistas podem receber informações como quantas calorias seus clientes gastaram em um dia e quanto consumiram, além da qualidade da alimentação.

As últimas duas décadas também testemunharam uma revolução dramática na forma como profissionais de saúde entendem o adoecimento e a saúde. Entende-se hoje que os determinantes da saúde da população existem em múltiplos níveis e incluem não apenas as características dos indivíduos (por exemplo, sexo, idade, atitudes e crenças), mas também as características das redes sociais, as organizações. a vida das pessoas (por exemplo, local de trabalho, igreja, clubes, escolas) e os locais onde vivem. Assim, para que a população tenha saúde devemos exercer múltiplos níveis de influência a fim de influenciar toda a gama de fatores que prejudicam - ou promovem - a saúde da população

Comunicação de massa em nutrição e saúde pública

A maior parte das campanhas de saúde pública na mídia tem como alvo apenas uma pequena gama de determinantes de saúde limitando sua efetividade. Campanhas eficazes normalmente têm duas qualidades importantes: (1) apresentam mensagens bem projetadas, (2) as mensagens são entregues ao público-alvo com alcance e frequência suficientes para serem vistas ou ouvidas e lembradas. Podem ser divulgadas por canais tradicionais como rádio, televisão, revistas, outdoors e jornais, bem como aqueles que utilizam novas tecnologias, como e-mail, telefones celulares e sites interativos.

Fatores individuais que influenciam os comportamentos de saúde incluem: cognições (por exemplo, conhecimento e crenças, autoeficácia e expectativas de resultados), afeto (por exemplo, depressão), habilidades (por exemplo, para cozinhar), motivação e intenções.  Predisposições biológicas (por exemplo, busca de prazer) e fatores demográficos (por exemplo, gênero, renda,  emprego) são fatores adicionais no nível individual que serviriam como um meio para segmentar) audiências e melhor direcionar mensagens.

Tenho uma forte crença de que a comunicação adequada pode contribuir para a melhoria da saúde da população. Um adulto pode gastar horas diárias consumindo informação por meio de twitter, Facebook, YouTube, TV, rádio, jornal. Quando parte desta informação visa produzir hábitos saudáveis, ampliar laços sociais positivos e estimular mudanças nos locais por onde as pessoas transitam aumentam-se as chances de mudanças nos comportamentos. 

Por exemplo, campanhas sobre a fortificação de alimentos no Brasil visaram conscientizar a indústria, reforçar a lei e estimular consumidores a adquirirem sal iodado e farinhas acrescidas de ferro e ácido fólico. Hoje o consumo destes produtos é feito por toda a população. O sucesso de ações de comunicação deve-se ao foco em três níveis: individual, social e comunitário. Muitas vezes existem constrangimentos de tempo e orçamento que fazem as campanhas atingirem apenas um nível e por menor período de tempo, o que reduz a eficácia da ação comunicativa. Mesmo assim, profissionais de saúde pública não podem eximir-se de estudar mais a fundo de que forma a mensagem pode chegar, ser compreendida e posta em prática pelo maior número de pessoas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/