A Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo pelos primeiros 6 meses de vida do bebê. Após a introdução de novos alimentos, recomenda-se ainda o aleitamento de forma complementar até os 2 anos de vida.
Existem evidências científicas de que o aleitamento materno protege mãe e bebê. Reduz a incidência de câncer de mama na mulher, contribui para a involução do útero após o parto e reduz os sangramentos. Também acelera a conexão emocional mãe-bebê.
Para os bebês as vantagens incluem ainda a redução da incidência de doenças alérgicas, incluindo a asma, a redução no número e severidade das diarreias, assim como o menor número de internações hospitalares por todas as causas. Bebês amamentados por mais de 6 meses também parecem ter menor risco de desenvolverem déficit de atenção/hiperatividade e autismo (Sari, Milanaik, Adesman, 2016).
Contudo, no Brasil, apenas 41% das mulheres conseguem amamentar exclusivamente seus filhos até os 6 meses de vida. A capital onde a situação é melhor é em Belém, onde 56,1% das mulheres amamentam exclusivamente durante os primeiros 180 dias de vida do bebê. A capital com pior desempenho neste área é Cuiabá (Brasil, 2009).
A mediana do Brasil é muito ruim. A maior parte dos bebês são amamentados exclusivamente por apenas 54 dias. Ao serem desmamadas as crianças passam a receber fórmulas infantis. Estudos mostram que a substituição do leite materno pelos famosos leites em lata associa-se a maior risco de alergias, obesidade, disbiose intestinal, prisão de ventre, compromentimento do desenvolvimento, maior risco de autismo (Adesman, Soled & Rosen, 2017; Menlnik et al., 2012; Shi-Sheng et al., 2013).
Estas questões devem-se às limitações das fórmulas infantis que não são perfeitas como o leite materno. Em geral, são mais ricas em aminoácidos, especialmente leucina, possuem uma quantidade de vitaminas superior à do leite materno (podendo gerar uma cascata oxidante), redução de pré e próbióticos, assim como de compostos imunomoduladores e ácidos graxos essenciais.
Crianças que são alimentadas com fórmulas também são mais intoxicadas por bisfenol A (Adesman, Soled & Rosen, 2017) e outros bisfenóis e fitalatos, compostos oriundos de plástico (de recipientes e mamadeiras) que prejudicam o sistema nervoso e o funcionamento de diversas glândulas.
Leite de vaca é pobre em ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) comprometendo o neurodesenvolvimento. Algumas fórmulas vem adicionadas de PUFAs, como DHA e ácido araquidônico (ARA). Contudo, estudos mostram que o acréscimo de PUFAs às fórmulas não promove os mesmos benefícios do leite materno (Jasani et al., 2017).
Grande parte das fórmulas contém ingredientes que não são interessantes para bebês incluindo óleo de palma, oleína de palma, xarope de milho, óleo de canola, lecitina de soja. As fórmulas também podem ser fontes de contaminação por alfatoxinas, metais pesados (Akhtar et al., 2017) e glicotoxinas que aumentam o risco de diabetes, insuficiência renal, doenças hepáticas e neurodegenerativas (Kutlu, 2016). Por outro lado, algumas fórmulas são acrescentadas de pré e probióticos, fibras, ômega-3. O ideal é sempre amamentar. Se não puder converse com seu nutricionista e pediatra para que possam juntos avaliar a melhor alternativa para seu bebê.