Como a alimentação influencia o nosso sistema imune

O sistema imune defende-nos contra vírus, bactérias e outras ameaças. Mas, para trabalhar bem, precisa de recursos: vitaminas, minerais, aminoácidos e outros nutrientes que obtemos através da alimentação. Quando estes faltam ou estão em desequilíbrio, as defesas ficam mais vulneráveis.

Nutrientes chave para o sistema imunitário
Alguns nutrientes destacam-se pelo seu impacto no funcionamento imunitário:

  • Vitamina D: regula células-imune, favorece a resposta frente a infeções.

  • Vitamina C: antioxidante, apoia a produção e função de glóbulos brancos.

  • Zinco: envolvido em muitas enzimas imunitárias, essencial para a maturação de células-T.

  • Selênio: contribui para a imunidade em pessoas com carências.

  • Ácidos gordos ômega-3: modulam a inflamação, estabilizam a resposta imunitária.

  • Proteína: sem quantidade adequada, as células-imunes não conseguem fabricar-se nem funcionar bem.

Efeito da Nutrição no Microambiente Imune Intestinal

  • A mucosa intestinal, especialmente o tecido linfoide associado ao intestino (GALT), é um ponto-chave de interação entre nutrientes, microbiota e sistema imune.

  • Nutrientes podem modular a composição da microbiota, e os metabolitos microbianos (ex. ácidos gordos de cadeia curta) influenciam a maturação de células reguladoras (Tregs) e a produção de imunoglobulina A (IgA).

Alimentação equilibrada como estratégia preventiva
Uma dieta rica em frutas, legumes, cereais integrais, leguminosas, frutos secos, peixe gordo e com proteína de boa qualidade proporciona estes nutrientes-chave. Por outro lado, dietas ricas em açúcares simples, gorduras saturadas e processados podem alterar negativamente a imunidade.
Além disso, o estado nutricional global – seja obesidade, desnutrição ou excesso de gordura corporal – impacta a imunidade de forma negativa.

Implicações práticas para o dia-a-dia

  • Incluir 5 porções de fruta e legumes por dia, variando cores, para maximizar variedade de vitaminas e antioxidantes.

  • Garantir fontes de proteína e zinco: ovos, carne magra, peixe, leguminosas como feijão, lentilhas.

  • Consumir peixe gordo (salmão, cavala, sardinha) 1-2 vezes por semana para ômega-3.

  • Incorporar frutos secos e sementes como lanche ou adição em pratos.

  • Considerar exposição solar ou suplementação de vitamina D, especialmente em latitudes com menor sol ou em períodos de menor exposição.

  • Evitar excessos de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gordura saturada, que podem comprometer o sistema imunitário.

Imunidade e cetose

A integração entre nutrição, imunidade e cetose torna-se coerente quando se observa que o metabolismo energético condiciona diretamente a resposta imune e o estado catabólico do organismo. Corpos cetônicos modulam vias metabólicas que reduzem atrofia muscular induzida por inflamação. Este efeito anti-catabólico liga-se de forma direta ao restante corpo de evidência da imunonutrição.

A ativação imunitária aumenta a necessidade energética e amplifica vias pró-inflamatórias que promovem degradação muscular. Corpos cetônicos como beta-hidroxibutirato e acetoacetato podem alterar esse microambiente metabólico ao reduzir a sinalização inflamatória, melhorar a eficiência mitocondrial e oferecer um substrato energético alternativo. Isto encaixa nos mecanismos já descritos de nutrientes moduladores da imunidade, onde vitaminas e minerais influenciam células imunes, enquanto substratos metabólicos definem a intensidade da resposta inflamatória.

A cetose introduz um segundo eixo de regulação. Primeiro, pelo fornecimento de energia limpa e estável que reduz a dependência de vias glicolíticas associadas a inflamação. Segundo, por contribuir para um ambiente metabólico menos catabólico, preservando massa magra em estados inflamatórios sustentados. Ao elevar corpos cetônicos, com dieta ou suplementação de cetonas, é possível atenuar a degradação proteica induzida por estresse sistêmico. Este mecanismo complementa a evidência de que estado nutricional inadequado, seja por déficit ou excesso, compromete imunidade e aumenta dano tecidual.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/