A Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo pelos primeiros 6 meses de vida do bebê. Após a introdução de novos alimentos, recomenda-se ainda o aleitamento de forma complementar até os 2 anos de vida. E por quê?
Existem evidências científicas suficientes de que o aleitamento materno protege mãe e bebê. Reduz a incidência de câncer de mama na mulher, contribui para a involução do útero após o parto e reduz os sangramentos. Também acelera a conexão emocional mãe-bebê.
Para os bebês as vantagens incluem ainda a redução da incidência de doenças alérgicas, incluindo a asma, a redução no número e severidade das diarreias, assim como o menor número de internações hospitalares por todas as causas.
A maior parte dos estudos que examinam a relação e o desenvolvimento neurocognitivo mostram que bebês que são amamentados por mais de 6 meses apresentam menor risco de desenvolverem déficit de atenção/hiperatividade e autismo (Sari, Milanaik, Adesman, 2016)..
Amamentar é natural mas nem sempre é fácil. Se precisar busque ajuda, com enfermeiros, nutricionistas ou médicos. Mulheres que produzem leite em quantidade excessiva podem doar o alimento aos bancos de leite. Assim, outros bebês, cujas mães não podem amamentar, se beneficiarão também.
Lembre também que os efeitos positivos do aleitamento vão muito além da infância. Um estudo analisou os efeitos da amamentação na saúde mental de crianças e adolescentes acompanhados por 14 anos. Foram inscritas 2.900 gestantes e seus filhos foram analisados aos 2, 6, 8, 10 e 14 anos (Oddy et al., 2010).
Durante esse período, foram coletados dados detalhados sobre a duração do aleitamento materno, bem como diversas variáveis sociodemográficas, comportamentais e ambientais que poderiam influenciar a saúde mental dos participantes. As avaliações psicológicas foram feitas utilizando instrumentos validados para identificar sintomas de ansiedade, depressão, comportamentos externos e internos, entre outros indicadores de saúde mental.
Principais achados
Benefícios duradouros do aleitamento materno na saúde mental: O estudo evidenciou que crianças que foram amamentadas por períodos mais longos apresentaram melhores indicadores de saúde mental durante a infância e adolescência. Especificamente, essas crianças tinham menor probabilidade de apresentar sintomas de ansiedade, depressão e comportamentos agressivos.
Proteção contra transtornos emocionais e comportamentais: Os dados sugerem que o aleitamento materno exerce um efeito protetor contra o desenvolvimento de transtornos emocionais e comportamentais ao longo do tempo. Essa proteção parece ser mais forte quando o aleitamento dura pelo menos seis meses, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde. O leite materno é rico em nutrientes. Sabemos que carências como vitaminas B1, B2, B3, B5 e B6 são associadas a mais agressividade.
Importância do vínculo mãe-bebê: O estudo também destaca que o benefício do aleitamento não está apenas ligado à nutrição, mas também à qualidade do vínculo emocional estabelecido durante a amamentação. Esse contato próximo e frequente entre mãe e filho pode contribuir para o desenvolvimento emocional saudável, promovendo maior segurança e estabilidade emocional.
Influência de fatores socioeconômicos e ambientais: Embora o aleitamento materno tenha se mostrado um fator protetor independente, os pesquisadores observaram que outros fatores, como apoio social, condições econômicas da família e ambiente escolar, também desempenham papéis importantes no desenvolvimento da saúde mental.
Implicações para a saúde pública e recomendações
Os resultados deste estudo reforçam a importância das políticas públicas que promovem e apoiam o aleitamento materno, não só pelos benefícios físicos reconhecidos, mas também pelos impactos positivos na saúde mental a longo prazo. Investir em programas de orientação para gestantes, apoio durante o pós-parto e ambientes que facilitem a amamentação pode contribuir para a prevenção de problemas psicológicos durante a infância e adolescência.
Além disso, o estudo sugere que intervenções em saúde mental infantil e adolescente devem considerar o histórico do aleitamento materno como um dos fatores que influenciam o desenvolvimento emocional, potencialmente usando essa informação para direcionar melhores estratégias de cuidado e prevenção.
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