O enfrentamento de desafios na área de saúde pública exige o trabalho conjunto de diferentes profissionais: epidemiologistas, médicos, nutricionistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde, além de jornalistas e outros especialistas em comunicação.
A comunicação em saúde utiliza-se de diversas teorias, modelos de aprendizagem comportamental e social para avançar no planejamento de programas e identificar etapas para influenciar as atitudes e o comportamento do público de forma positiva.
Aqui no blog já escrevi diversos textos com mensagens como:
- Coma mais frutas.
- Faça seus exames de saúde anuais.
- Converse com seu nutricionista.
- Pratique atividade física.
- Durma mais cedo.
Essas frases tentam mobilizar para a mudança de comportamento. Mas será que as pessoas adotam novos comportamentos de fato? Novas pesquisas na área de comunicação em saúde são necessárias e podem nos ajudar a compreender se o público compreende e valoriza o que está sendo dito e, mais importante, se adota novas atitudes em prol da saúde.
A comunicação em saúde pode ser definida como o estudo e uso de estratégias de comunicação para informar e influenciar as decisões individuais que melhoram a saúde. Pode assumir muitas formas:
Comunicação verbal: recorre a palavras, podendo ser escrita ou oral. A comunicação verbal escrita pode ser feita por livros, jornais, revistas, cartazes, cartas, SMS, e-mail, blogues, etc. A comunicação verbal oral pode ser feita por meio de diálogo presencial, ao telefone, por videochamada, pelo rádio, TV, vídeos.
Comunicação não-verbal: está presente nas mensagens paraverbais (tonalidade, sons, choro, gaguejo) e não-verbais (postura corporal, contato ocular, sorriso, silêncio, aparÊncia física, roupas, toque, movimentos faciais, proximidade física). Transmite emoções e sentimentos.
As etapas para a comunicação eficiente passam por:
Revisão do problema de saúde (o que está acontecendo?) - ex: aumento da incidência de obesidade, HIV, dengue etc.
Definição dos objetivos da comunicação (o que queremos fazer/dizer?)
Análise do público-alvo (quem queremos alcançar?)
Desenvolvimento e pré-teste de conceitos e mensagens (o que queremos dizer?)
Seleção dos canais de comunicação (onde queremos dizer?)
Seleção, criação e teste de mensagens e produtos (como queremos dizer?)
Desenvolvimento de plano de promoção / produção (Como usaremos/promoveremos?)
Implementação de estratégias de comunicação (divulgação)
- Avaliação do impacto (quão bem o processo aconteceu?)
Um braço da comunicação em saúde é o marketing de saúde, uma área multidisciplinar da prática de saúde pública. Esta abordagem inovadora baseia-se em teorias e princípios tradicionais de marketing e adiciona estratégias baseadas na ciência à prevenção, promoção e proteção da saúde. Preocupa-se com a criação, educação, motivação e informação do público sobre questões relativas à saúde. É uma integração do campo de marketing tradicional com a pesquisa e a prática em saúde pública. Estes estudos fornecem orientação para a concepção de intervenções de saúde, campanhas, comunicações e novos projetos de pesquisa.
Podemos dizer que o marketing social é o uso de princípios de marketing para influenciar o comportamento humano, a fim de melhorar a saúde ou beneficiar a sociedade. Uma das ferramentas do marketing é o conjunto de quatro ‘P's:
- PRODUCT (produto) representa o comportamento desejado, benefícios associados, objetos tangíveis e / ou serviços que poderão gerar a mudança de comportamento.
- PRICE (preço/ custo financeiro, emocional, psicológico ou relacionado ao tempo) para superação das barreiras que o público enfrenta para fazer a mudança de comportamento desejada.
- PLACE (local) é onde o público irá realizar o comportamento desejado, onde acessará os produtos e serviços do programa.
- PROMOTION (promoção) são as mensagens de comunicação, materiais, canais e atividades que efetivamente atingirão o público-alvo.
Às vezes há um quinto "P" - Política: leis e regulamentos que influenciam o comportamento desejado, como a proibição do fumo em espaços fechados, aumentar imposto de refrigerantes, bebidas alcoólicas e alimentos ultra-processados.