Evolução na comunicação em saúde

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A popularização da internet mudou drasticamente a forma como nos comunicamos. E mudou a maneira de pensar a comunicação para promover a saúde da população. A Internet e a World Wide Web são tecnologias disruptivas pois alteram radicalmente  as formas pelas quais as informações fluem em nossa sociedade. Até a década de 1990 a comunicação interpessoal na área de saúde era a principal fonte de acesso à informação por parte do grande público. Assim, quando alguém queria uma informação sobre saúde precisava marcar uma consulta com o médico. Se queria uma informação sobre alimentação precisaria marcar uma consulta com um nutricionista.

Mas o crescimento da internet gerou uma explosão de blogs, sites e redes sociais, possibilitando que qualquer pessoa produza e acesse conteúdo quando e de onde desejar. Estas plataformas de comunicação trouxeram ganhos para o campo da saúde pública, oferecendo poderosas e acessíveis ferramentas de comunicação. Mais recentemente os aplicativos e wearables (dispositivos "vestíveis"), como relógios, pulseiras, jaquetas, sutiãs, óculos que registram informações sobre os usuários. Assim, nutricionistas podem receber informações como quantas calorias seus clientes gastaram em um dia e quanto consumiram, além da qualidade da alimentação.

As últimas duas décadas também testemunharam uma revolução dramática na forma como profissionais de saúde entendem o adoecimento e a saúde. Entende-se hoje que os determinantes da saúde da população existem em múltiplos níveis e incluem não apenas as características dos indivíduos (por exemplo, sexo, idade, atitudes e crenças), mas também as características das redes sociais, as organizações. a vida das pessoas (por exemplo, local de trabalho, igreja, clubes, escolas) e os locais onde vivem. Assim, para que a população tenha saúde devemos exercer múltiplos níveis de influência a fim de influenciar toda a gama de fatores que prejudicam - ou promovem - a saúde da população

Comunicação de massa em nutrição e saúde pública

A maior parte das campanhas de saúde pública na mídia tem como alvo apenas uma pequena gama de determinantes de saúde limitando sua efetividade. Campanhas eficazes normalmente têm duas qualidades importantes: (1) apresentam mensagens bem projetadas, (2) as mensagens são entregues ao público-alvo com alcance e frequência suficientes para serem vistas ou ouvidas e lembradas. Podem ser divulgadas por canais tradicionais como rádio, televisão, revistas, outdoors e jornais, bem como aqueles que utilizam novas tecnologias, como e-mail, telefones celulares e sites interativos.

Fatores individuais que influenciam os comportamentos de saúde incluem: cognições (por exemplo, conhecimento e crenças, autoeficácia e expectativas de resultados), afeto (por exemplo, depressão), habilidades (por exemplo, para cozinhar), motivação e intenções.  Predisposições biológicas (por exemplo, busca de prazer) e fatores demográficos (por exemplo, gênero, renda,  emprego) são fatores adicionais no nível individual que serviriam como um meio para segmentar) audiências e melhor direcionar mensagens.

Tenho uma forte crença de que a comunicação adequada pode contribuir para a melhoria da saúde da população. Um adulto pode gastar horas diárias consumindo informação por meio de twitter, Facebook, YouTube, TV, rádio, jornal. Quando parte desta informação visa produzir hábitos saudáveis, ampliar laços sociais positivos e estimular mudanças nos locais por onde as pessoas transitam aumentam-se as chances de mudanças nos comportamentos. 

Por exemplo, campanhas sobre a fortificação de alimentos no Brasil visaram conscientizar a indústria, reforçar a lei e estimular consumidores a adquirirem sal iodado e farinhas acrescidas de ferro e ácido fólico. Hoje o consumo destes produtos é feito por toda a população. O sucesso de ações de comunicação deve-se ao foco em três níveis: individual, social e comunitário. Muitas vezes existem constrangimentos de tempo e orçamento que fazem as campanhas atingirem apenas um nível e por menor período de tempo, o que reduz a eficácia da ação comunicativa. Mesmo assim, profissionais de saúde pública não podem eximir-se de estudar mais a fundo de que forma a mensagem pode chegar, ser compreendida e posta em prática pelo maior número de pessoas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/