Divertículo, diverticulose e diverticulite - riscos e tratamento

Divertículos intestinais são pequenos sacos que projetam para fora do intestino grosso. Surgem nas áreas de maior fraqueza da parede intestinal. O termo diverticulose ou doença diverticular simplesmente descreve o fato do intestino apresentar divertículos. Pessoas com diverticulose podem permanecer assintomáticas por toda a vida.

Os divertículos podem inflamar-se e infectar-se, situação conhecida como diverticulite. A mesma é causada pela obstrução dos divertículos, tanto por fezes quanto por alimentos. Gera dor abdominal e frequentemente é acompanhada por outros sintomas como náusea, vômitos, constipação, febre, podendo inclusive causar a morte do paciente. Isto acontece porque a pressão interna dentro do divertículo pode ser grande o suficiente para romper a parede intestinal, derramando matéria fecal no abdômen. Dados dos Estados Unidos mostram que 9 de cada 10 pessoas que falecem devido a ruptura dos divertículos nem sabiam que tinham a doença.

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A presença da doença diverticular é mais comum em pessoas acima de 50 anos, surgindo em decorrência de características pessoais e estilo de vida, como dieta, atividade física e excesso de peso. A obesidade está relacionada com maior incidência de quadro de diverticulite e de sangramento (hemorragia) decorrente da presença dos divertículos, sendo estas as duas maiores complicações da doença diverticular.

Trata-se de um problema importante pela mortalidade resultante das suas complicações, onde se incluem a diverticulite, a formação de abcessos, a perfuração, a peritonite, as fístulas, a obstrução e a hemorragia. Estas complicações desenvolvem-se entre 10% a 40% dos indivíduos com diverticulose. Alguns estudos indicam cerca de 23.600 óbitos por ano, na Europa, por complicações da diverticulose. Além da mortalidade associadas às complicações e do respectivo impacto familiar, profissional e social, importa referir ainda os custos elevados desta doença.

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A dieta rica em fibras é considerada a melhor maneira de se prevenir o surgimento dos divertículos, principalmente quando associada a prática de exercício. Aproximadamente de 15 a 25% dos pacientes com diverticulose apresentarão uma crise de diverticulite, enquanto de 5 a 15% evoluirão com sangramento intestinal.

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O diagnóstico da diverticulose é feito por exames como a colonoscopia ou tomografia computadoriza de abdome. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. A melhor maneira de se evitar as crises de diverticulite aguda é manter uma dieta baseada em vegetais, pobre em alimentos industrializados e rica em fibras. Após a primeira crise de diverticulite, um terço dos pacientes permanecerão assintomáticos, outro terço evoluirá com desconforto ocasional, e o último terço apresentará a segunda crise de diverticulite. Após a segunda crise, apenas 10% dos casos ficarão livres dos sintomas de desconforto abdominal.

Fezes macias e lubrificadas passam facilmente pelo intestino grosso. Já pessoas com baixo consumo de frutas, verduras, leguminosas, sementes e castanhas possuem fezes pequenas e endurecidas. Isso faz com que o intestino precise fazer muita força para movê-las. Este acúmulo de pressão é o que causa os divertículos. O consumo de fibras recomendado para adultos é de 25 a 30 gramas ao dia. No Brasil, a média de consumo nacional entre adultos fica entre 12 e 15 gramas ao dia. Para saber se o seu consumo está adequado consulte seu nutricionista. As fibras são muito importantes na dieta, não só regulando o trânsito intestinal e prevenindo a diverticulite, mas também reduzindo o risco de diabetes, doenças coronarianas, úlceras e câncer de cólon.

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Os tratamentos para doenças diverticulares incluem fibras alimentares, tratamentos farmacológicos como antibióticos (rifaximin), medicamentos anti-inflamatórios (mesalazina) e probióticos, isoladamente ou em combinação, e eventualmente cirurgia. Apesar de ser eficaz no tratamento de doenças primárias, sua eficácia na prevenção primária e secundária de complicações ainda é incerta (Tursi et al., 2020).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Da compulsão à perda de peso

Todos nós somos comedores emocionais. O comer emocional é normal, nos une enquanto cultura. Temos recordações gostosas da infância que estão relacionadas aos alimentos. O que motiva o comer emocional não é a fome física, mas outros fatores. Podemos comer porque queremos um agrado, uma gratificação, um conforto, um carinho, uma distração.

Por exemplo, em uma festa geralmente comemos mais do que comeríamos em uma situação cotidiana. Isso pode acontecer no aniversário, na festa junina, no ano novo, no natal, na páscoa. A disponibilidade de alimentos diferentes e a presença de amigos pode aumentar a alegria e prazer de comer. Isso é normal. O problema é quando o comer é só emocional e a frequência é alta demais. Quando sempre queremos sedar emoções difíceis ou desagradáveis. E existem também as pessoas que usam a comida como forma de punição, por acharem que não merecem nada melhor que isso.

Como distinguir a fome física da fome emocional?

A fome física não é seletiva. Quando estamos com fome comemos o que estiver na mesa. A fome emocional vem de repente e é seletiva. Queremos neste momento aquele tipo de alimento específico (por exemplo, doces).

A fome física não é igual todos os dias. Tem dias que sentimos mais fome, tem dias que sentimos menos fome. Ela vai aumentando aos poucos, varia durante o dia e some após a ingestão de alimento. Depois da alimentação há uma sensação de tranquilidade e satisfação. Ficamos bem e prontos para realizarmos nossas outras atividades.

A fome emocional é doida, aparece de repente, ocorre em momentos de grandes emoções. Pode não passar mesmo após o consumo de uma caixa inteira de bombons. Após a refeição traz culpa , tristeza ou ansiedade.

Gatilhos da fome emocional

Várias são as situações que podem fazer comermos as emoções. Por exemplo, uma rejeição pode despertar vários tipos de pensamentos: “será que ele não gosta mais de mim?”, “será que conheceu outra”?, “será que ele não se importa mais?”, “será que está me achando feia/chata/gorda/sem graça etc?”. Estes pensamentos são interpretações sobre uma situação. Outra pessoa poderia interpretar a mesma situação de maneira totalmente diferente e ter uma reação totalmente diferente. Por exemplo, uma outra pessoa poderia pensar: “estamos brigando mais porque estamos mais cansados”, “estamos brigando mais porque estamos passando muito tempo juntos na quarentena”. A primeira pessoa provavelmente terá reações mais forte, emoções mais negativas do que a segunda pois seus pensamentos foram bem mais negativos.

Em uma situação de frustração uma pessoa vai buscar formas de lidar com estas emoções. E a forma como lidamos com o estresse varia também de pessoa para pessoa. Sua família sempre usou comida como forma de distração? Sua família conversava sobre as emoções ou simplesmente resolvia tudo com um pote de sorvete?

E o que sinto depois que como? Tomo o sorvete feliz pois sou merecedora dele ou me sinto mal pois não deveria ter feito isso, fico ainda mais triste e tomo mais três potes? Mais importante do que comemos é como comemos. Estamos prestando atenção ao que está acontecendo em nosso corpo e em nossa cabeça? Estamos refletindo sobre as situações que levam ao comer emocional? Estou prestando atenção aos meus incômodos? Aos meus sofrimentos? Estou tentando entendê-los? Estou pedindo ajuda? Estou falando ou estou só tapando tudo com comida?

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Quando não nos conectamos com nosso corpo e mente nos enchemos com essa falsa felicidade em forma de pizza ou pudim. E quanto mais comemos por motivos emocionais maior a chance de piorar a qualidade da alimentação e o relacionamento com o corpo e a comida. E durante a compulsão a tendência é escolhermos alimentos muito ricos em carboidratos simples, que matam a fome apenas por um curto período de tempo.Podemos ter o prazer do alimento favorito mas sem nos sedarmos, nem nos punirmos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Implicações para a trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down): Microbiota saudável é fundamental para proteção contra o COVID-19 e também para recuperação mais rápida

A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 tem deixado muita gente de cabelo em pé. Precisamos nos proteger, com isolamento social, usando máscaras e adotando medidas adequadas de higiene como a lavagem das mãos.

Ainda não existem estudos na síndrome de Down sobre a propensão ou gravidade da doença. Mas lembro que em 2017 surgiu uma proposta de recaracterizar a síndrome de Down como uma desordem do sistema imune. Isto porque estudos mostram um estado pró-inflamatório constante em pessoas com a trissomia do cromossomo 21 (Sullivan et al., 2017). Além disso, sabemos que muitas pessoas com T21 possuem disbiose intestinal. Um estudo recém divulgado mostra a importância do intestino saudável para a imunidade em tempos de COVID-19.

A microbiota humana consiste em 1014 de microorganismos,entre bactérias, fungos e vírus. Em indivíduos saudáveis a microbiota é dominada pelos filos actinobacteria, firmicutes, proteobacteria e bacteroidetes. Estas bactérias ganham casa em nosso aparelho digestivo e, em troca, produzem enzimas, vitaminas, ácidos graxos de cadeia curta, hormônios e protegem o meio contra microorganismos patogênicos, causadores de doenças.

Na síndrome de Down podemos observar frequentemente situações como intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais, supercrescimento bacteriano, disbiose intestinal, doença celíaca etc. A disbiose é caracterizada por alterações na microbiota e associa-se a maior risco de diabetes, doença inflamatória intestinal, depressão, doenças cardiovasculares e alterações comportamentais. A disbiose aumenta a inflamação intestinal e a inflamação no resto do corpo, inclusive no cérebro. O problema é que enquanto sentimos dor de barriga, não sentimos dor no cérebro em caso de depressão ou doença de Alzheimer. Por isso, muitas doenças vão se instalando devagarzinho, sem ninguém perceber.

Se queremos uma saúde boa e uma imunidade boa precisamos de um intestino saudável. Existem complexas interações entre a microbiota e o sistema imune. As bactérias boas (probióticas) produzem peptídios antimicrobianos, competem por nutrientes e espaço com outros microorganismos, sinalizam para que o sistema imune produza substâncias (que podem ser anti ou pró-inflamatórias, dependendo do caso). Aliás, sabia que 80% do nosso sistema imunológico está localizado no trato gastrointestinal?

São várias as causas para a disbiose como as parasitoses, a sobrecarga de toxinas, uso de medicamentos, uso de adoçantes, estresse, infecções, dieta rica em açúcar, sensibilidades ou alergias alimentares. A dieta é muito importante na modulação da composição da microbiota, influenciando desta forma a saúde do hospedeiro. Dietas ricas em carnes e gorduras saturadas, consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e baixo consumo de frutas e verduras aumentam a proporção de bactérias ruins e oportunistas. Por outro lado, dietas baseadas em vegetais diversificados reduzem a inflamação e fornecem fibras prebióticas aos microorganismos comensais (aquelas que vivem em paz no intestino, como bifidobactérias e lactobacilos).

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Neste momento, o uso de alimentos e/ou suplementos ricos probióticos é muito importante. Este uso tem mostrado bons resultados no controle da inflamação. Além disso, a presença do RNA do vírus SARS-Cov2 nas fezes de pacientes infectados com coronavírus sugere uma ligação não só entre cérebro intestino, mas também entre intestino e pulmões. Até o momento não foi relatado transmissão de coronavírus via fecal-oral mas em pacientes imunodeprimidos, todo cuidado é pouco. É o que discute os artigos de Dhar e Mohanty, 2020 e Neurath, 2020.

O coronavírus é atacado por células imunes como mastócitos, localizados na submucosa dos pulmões. Secretam histamina como resultado da resposta imune (Kritas et al., 2020). Contudo, a liberação excessiva de histamina aumenta o risco de mortalidade por infecção fúngica ou bacteriana. Estudos mostram excesso de liberação histamínica em pacientes com síndrome de Down, principalmente se as quantidades de SAMe forem baixas . Além disso, a situação agrava-se em pacientes com deficiência de vitamina D, o que também encontramos frequentemente na síndrome de Down (Stagi et al., 2015).

Abaixo cito algumas marcas de fibras prebióticas. Antes do uso converse com seu nutricionista ou médico sobre a melhor opção par seu caso:

- Muke: inulina e frutooligossacarídeos (fos) e galactooligossacarídeos (gos) e goma guar (cyamoposis tetragonolobus)

- FiberFor - Fibra de Trigo, Frutooligossacaríos (FOS) e Inulina.

- FiberMais - Goma Guar Parcialmente Hidrolisada e Inulina.

- Fiber Balance - gomar guar parcialmente hidrolisada SUNFIBER e inulina

- Mix de fibras catarinense - inulina e polidextrose

- FOS maxinutri - frutooligossacarídeos (fos)

- Nesh fibras - inulina e goma guar

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/