Intestino, gordura e músculo também produzem hormônios

Você já deve ter ouvido falar do intestino-cérebro. Mas sabia que existe também um eixo intestino-tecido adiposo e um eixo intestino-músculo. Todos estes tecidos liberam hormônios e influenciam nossa composição corporal. Falo do eixo intestino-músculo neste vídeo:

Hormônios produzidos em todos os nossos tecidos nos mantém saudáveis. Quando existem desequilíbrios endócrinos gerados por glândulas, músculos, intestino e até tecido adiposo, o risco de certos problemas de saúde aumentam, como:

  • Resistência à insulina;

  • Aterosclerose;

  • Infarto agudo do miocárdio;

  • Doenças artério-coronarianas;

  • Esteatose hepática (fígado gorduroso);

  • Obesidade;

  • Inflamação crônica;

  • Sarcopenia

O consumo de uma dieta rica em fibras e proteína, associada à um estilo de vida saudável, que inclui atividade física, gerenciamento do estresse e sono de qualidade não só vai te manter mais musculoso, mas também vai te dar mais anos de vida com qualidade.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Tratamento da síndrome do intestino irritável

A síndrome do intestino irritável é uma condição digestiva complexa que interfere com a vida de muita gente. Os sintomas são variáveis e incluem dor abdominal de moderada a intensa, náuseas, gases, constipação ou diarreia.

Subtipos da síndrome do intestino irritável

SII - distúrbio funcional

SII-C - inclui constipação

SII-D - inclui diarreia

SII-M - misto

Causas da síndrome do intestino irritável

Diferentes polimorfismos (variações genéticas presentes) são comuns em portadores de síndrome de intestino irritável, tanto na forma constipada quando na forma diarréica (SII-C e SII-D). Os polimorfismos mais estudados são descritos na tabela a seguir:

Estes polimorfismos estão relacionadas a controle de inflamação, hiperpermeabilidade intestinal, sensibilidade visceral, função de receptores de ácidos biliares etc (Camilleri et al., 2022).

Fatores de risco para SII (Mahurkar-Joshi, Chang, 2020)

Algumas características de personalidade também podem aumentar o risco de desenvolver a síndrome do intestino irritável. Pessoas mais rigorosas, meticulosas, perfeccionistas ou neuróticas sofrem mais da doença. Isso acontece porque certos estados emocionais interferem na conexão cérebro-intestino. Eventos adversos como traumas de infância, relacionamentos tóxicos, estresse físico e psicológico também podem influenciar negativamente a conexão bidirecional entre seu cérebro e intestino. Por isso, para modular intestino são necessárias estratégias nutricionais e não nutricionais (psicoterapia, exercício físico, meditação, yoga).

Tratamento nutricional da síndrome do intestino irritável

A dieta não cura a síndrome, mas pode contribuir para seu alívio já que alguns hábitos podem agravar os sintomas apresentados. Evite o (1) consumo de alimentos ou bebidas com alto conteúdo de carboidratos simples, (2) a desidratação, (3) o consumo de laticínios caso tenha alergia ao leite ou intolerância à lactose, (4) o consumo excessivo de fibras, (5) o consumo de grandes quantidades de gorduras e alimentos gordurosos, (6) o abuso da cafeína, (7) o uso de adoçantes artificiais, (8) o consumo de suplementos não indicados por seu nutricionista, como bicarbonato ou citrato de sódio e (9) o consumo de carboidratos fermentáveis (FODMAPs) durante o período de crise.

FODMAP (fermentable oligosaccharides, disaccharides, monosaccharides and polyols) é a abreviação para um conjunto de carboidratos fermentáveis e de difícil digestão para algumas pessoas. Os FODMAPs (Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis Fermentáveis) encontram-se em vários alimentos e quando não são digeridos e absorvidos, podem ser fermentados por bactérias do intestino grosso, produzindo gase e desconforto abdominal.

Fases da dieta antifermentativa

Na PRIMEIRA FASE, são eliminados temporariamente os alimentos ricos em FODMAPs (alho, cebola, trigo, mel, maçã) para que o paciente sinta um alívio dos sintomas.

A SEGUNDA FASE consiste na reintrodução gradativa e individual destes grupos alimentares de modo a identificar quais os alimentos-gatilhos que desencadeiam o aparecimento dos sintomas.

Por fim, na TERCEIRA FASE são reintroduzidos à dieta do paciente todos os alimentos que foram bem tolerados ao serem testados na fase anterior atendo às necessidades nutricionais individualizadas.

Alguns estudos indicam que o óleo essencial de hortelã pimenta alivia os sintomas, assim como o uso do psyllium, no caso de pacientes constipados. Como cafeína e álcool são possíveis gatilhos para a síndrome do intestino irritável, devem ser evitados.

Tratamento da constipação

A constipação (ou obstipação) intestinal é um termo utilizado para caracterizar um intestino mais preso. Nos últimos 3 meses você apresentou dois ou mais destes sintomas?

1) Esforço para evacuar

2) Fezes do tipo 1 e 2 na escala de Bristol

3) Sensação de evacuação incompleta

4) Necessidade de bancos ou posição de cócoras para evacuar

5) Menos de 3 evacuações espontâneas por semana

Se respondeu afirmativamente a pelo menos 3 questões você tem, sim, constipação. O tratamento depende da adoção de hábitos saudáveis. Diminua o consumo de alimentos contendo farinhas e leite. Aumente o seu consumo de água e fibras e alimentos fermentádos. Reduza o estresse, faça atividade física e converse com o seu nutricionista sobre a probioticoterapia. Também pode ser necessário o uso de enzimas para melhoria da digestão, tratamento da inflamação intestinal, suporte nutricional para biogênese mitocondrial e/ou constipação.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Para que serve a serotonina produzida no intestino?

A serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT) tem papéis tradicionais como um neurotransmissor chave no sistema nervoso central e como um hormônio regulador do humor, sono, apetite e ansiedade. Mas 90% da serotonina é produzida no intestino.

Como o 5-HT não pode atravessar facilmente a barreira hematoencefálica, os pools centrais e periféricos de 5-HT são anatomicamente separados e, como tal, agem de maneiras distintas. Fora do cérebro a serotonina é também um hormônio metabólico, contribuindo para a homeostase da glicose e adiposidade, com uma relação causal existente entre os níveis circulantes de 5-HT e doenças metabólicas. Existem muitos outros efeitos periféricos da serotonina no pâncreas, fígado, tecido adiposo, plaquetas etc (Maierean et al., 2020).

Quase todo o 5-HT periférico é derivado de células enteroendócrinas especializadas, chamadas células enterocromafins (CE), localizadas ao longo do revestimento do trato gastrointestinal. As células EC são importantes células sensoriais luminais que podem detectar e responder a uma variedade de nutrientes ingeridos, bem como às substâncias produzidas pela microbiota.

A serotonina do intestino (representada na figura como bolinhas amarelas) pode ativar o nervo vago. Este sim está ligado ao sistema nervoso central. Assim, apesar da serotonina intestinal não chegar diretamente ao cérebro, pode inflluenciar sim sua fisiologia.

A estimulação do nervo vago é feita pelo contato com a serotonina, mas também com a respiração do yoga, com uso de lactobacillus (plantarum, reuteri), terapia neural. Dentro do nervo vago existem neurônios eferentes (que chegam do sistema nervoso central) e neurônios aferentes (que vão em direção ao sistema nervoso central). Em proporção existem mais neurônios aferentes, saindo do intestino para o cérebro (90%). Por isso, o que acontece no intestino interfere muito no sistema nervoso central.

Assim, apesar da serotonina intestinal não chegar ao cérebro, o estímulo do nervo vago leva mensagens ao sistema nervoso, ativando o núcleo do trato solitário, que proteja neurônios em direção ao locus coeruleus, que libera noradrenalina e no núcleo dorsal da rafe, ativa neurônios serotoninérgicos, que liberam serotonina.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/