O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) (do inglês binge eating disorder) é caracterizado pela ingestão de grande quantidade de alimentos em um período curto, acompanhado da sensação de perda de controle sobre o quê ou o quanto se come.
As causas do TCAP não são inteiramente compreendidas mas investigadores da área acreditam em uma combinação entre fatores genéticos, biológicos, ambientais e de estilo de vida. Ansiedade, depressão, abuso de álcool ou drogas podem contribuir para padrões negativos de pensamentos, baixa autoestima, sentimentos de culpa, vergonha e desesperança, os quais aumentam o risco de um comer disfuncional. Quem se sente pressionado para perder peso. mais frustrado ou discriminado pela aparência também está em maior risco. Por isso, buscar ajuda profissional é importante. Fazer dietas restritivas sem orientação também aumenta o risco, principalmente quando começa-se na adolescência.
Em relação aos fatores biológicos várias hipóteses são levantadas. Duas delas são:
(1) resistência à leptina. A leptina é um hormônio produzido pelas células de gordura. Seu principal trabalho é avisar o cérebro quando já está satisfeito durante uma refeição. Pessoas com receptores de leptina com mau funcionamento comem mais até que sintam-se saciadas. O maior culpado pela resistência à leptina é o excesso de gordura corporal. Outra causa é a dieta com excesso de açúcar e alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, doces e salgadinhos.
(2) baixos níveis de serotonina. Este neurotransmissor está diretamente ligado ao nosso humor, apetite e digestão. Comer carboidratos e açúcar aumenta a liberação de serotonina, o que faz a gente se sentir temporariamente bem. No cérebro viciado toda vez que os níveis de serotonina baixa a resposta é: "Já sei, é só comer um chocolate (ou bolo, torta, pão, pizza)". Só que a causa da queda constante de serotonina não está sendo tratada. Os níveis de serotonina ficam baixos se o intestino não está saudável, em pessoas que consomem muito álcool, pessoas deprimidas ou ansiosas.
O intestino é responsável pela produção de 90% da serotonina. Para que ele fique bem é importante que a dieta contenha pelo menos 25g de fibras diariamente. Bons alimentos incluem aveia, aspargos, chuchu, pera, maçã, laranja, ameixa, mamão, alcachofra, leguminosas, castanhas e cogumelos. Alimentos fermentados e probióticos também ajudam a regular o intestino.
Muitos fatores podem tornar difícil o controle metabólico, como sedentarismo, distúrbios dos sono, estresse, ansiedade, isolamento, tédio, falta de suporte social, baixa exposição solar, dentre tantos fatores que afetam a saúde. Não é fácil conciliar tantos fatores que afetam o consumo alimentar, o equilíbrio energético e metabólico.
Dicas para lidar com a compulsão alimentar
1. Mantenha-se hidratado. Certifique-se de que esteja bebendo água adequadamente. A desidratação aumenta a sensação de fome. Se não gostar de água pura, adicione gotinhas de limão ou faça um chá (sem açúcar).
2. Evite alimentos açucarados e carboidratos processados. Para combater a resistência à leptina prefira carboidratos complexos. Se desejar um chocolate opte por uma variedade com alto teor de cacau. Coma as frutas com aveia, castanhas ou canela. A suplementação de cromo e glutamina também poderão te ajudar. Estudos recentes mostram que a dieta cetogênica contribui para a entrada em remissão:
3. Não coma na bancada da cozinha, nem em pé. Planeje suas refeições, sente-se e mastigue bem. Coma com consciência e conseguirá regular muito melhor o que seu corpo precisa.
4. Converse com um terapeuta com experiência na área. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é considerada hoje a melhor abordagem para o gerenciamento de transtornos alimentares pois contribui para a restruturação de erros na nossa forma de pensar e para o estabelecimento de rotinas saudáveis.
5. Reduza o estresse. Você não precisa de uma nova dieta mas de uma nova forma de lidar com a ansiedade e as dificuldades do dia a dia. A meditação e o yoga são ferramentas que, ao longo do tempo, contribuem para o aumento da autoestima, para o relaxamento e para a redução da compulsão alimentar.