A violência é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, constituindo hoje a principal causa de morte de crianças e adolescentes a partir dos 5 anos de idade. Muitos direitos humanos básicos, quando violados, constituem-se maus-tratos, como o impedimento de acesso à escola, a assistência à saúde e aos cuidados necessários ao desenvolvimento. Violência sexual, verbal, agressões físicas, trabalho infantil, abandono podem comprometer a saúde física e mental de crianças e adolescentes. Toda e qualquer tipo de violência deve ser denunciada. No Brasil, a mesma é feita de forma gratuita e anônima pelo número 181.
Um desfecho comum dos maus-tratos é a depressão, doença grave, de difícil e longo tratamento. A forma como cada um lida com os diferentes estresses aos quais estamos submetidos so longo da vida é extremamente variável. Enquanto a maioria das pessoas adapta-se bem à situações de privação, outras pessoas passam por mudanças epigenéticas que ocasionam modificações na expressão de genes. Tais mudanças podem alterar a produção de hormônios e neurotransmissores, interferir no número de comunicações entre os neurônios. O estresse também pode aumentar a produção de substâncias inflamatórias e relacionadas à autoimunidade. Dentre as doenças que podem aparecer, influenciadas por estes fatores está a depressão.
Privações podem ser seguidas de luto. Este luto pode ser transitório ou prolongado. A variação na resposta à privação ou aos maus tratados está também, em algum grau, sobre influência de fatores genéticos. O caso mais conhecido é o do polimorfismo do gene 5-HTTLPR, que ocorre na forma curta e na forma longa. Pessoas que expressam a forma curta produzem menos serotonina e são mais susceptíveis à ansiedade e depressão.
A produção de citocinas inflamatórias, em decorrência do estresse, também influencia a depressão e aumenta a ansiedade (Assareh et al., 2015). A inflamação, as modificações neuroendócrinas, de produção de neurotransmissores e imunes afetam todo o organismo. Por isto, sintomas que afetam todo o organismo são comuns e podem incluir dores, distúrbios do sono, falta de energia, tristeza, ansiedade, mudanças no apetite e imunidade baixa.
Desta forma, indica-se o tratamento multidisciplinar, que pode envolver psicoterapia, atividade física, tratamento medicamentoso e alimentação saudável. A alimentação tem como finalidade a correção metabólica. O termo correção metabólica é utilizado na bioquímica funcional para descrever as melhorias que ocorrem no metabolismo (menor produção de substâncias inflamatórias, menor ativação imune, melhoria da imunidade, modulação da produção hormonal) com a reposição de nutrientes selecionados.
Por exemplo, quando há muita inflamação a suplementação de ômega-3 ou curcumina seriam adjuvantes do tratamento. Polimorfismos de enzimas que participam do metabolismo da homocisteína também estão associados à maior incidência de depressão (González et al., 2015a, 2015b). Existem evidências de que a suplementação de vitaminas do complexo B (como folato e cobalamina) contribuiriam para a correção metabólica de determinadas vias, reduzindo os sintomas depressivos.