Nossa personalidade influencia nossas escolhas alimentares. Nossos aprendizados, nosso ambiente e nossa genética também. Sabemos que traços desadaptativos de personalidade com alto nível de neuroticismo e alexitimia está associado a hábitos alimentares menos saudáveis com maior consumo de açúcar e gordura saturada e menor consumo de frutas e verduras (Esposito et al., 2021).
O estresse e a depressão pioram a microbiota intestinal e a disbiose, por sua vez, dificulta o tratamento. Vivem no intestino aproximadamente 100 trilhões de bactérias. Estas bactérias nos ajudam a metabolizar alimentos, a produzir vitaminas, a manter o sistema imune saudável, a produzir neurtoransmissores. Até 80% da Dopamina e 90% da Serotonina do corpo são produzidas pelas bactérias intestinais. Apesar desses neurotransmissores não atravessarem a Barreira Hemato Encefálica, sinalizam, estimulam, enviam sua informação via neurônios do Sistema Nervoso Entérico. Essa Comunicação entre a Microbiota e o eixo Cérebro-Intestino influencia diretamente na saúde e na doença, inclusive no grau de inflamação e sintomas de ansiedade e depressão.
Um estudo que avaliou a associação entre 106 fatores de vida potencialmente modificáveis (estilo de vida, suporte, engajamento social e variáveis ambientais) e a ocorrência de depressão mostrou que existem 18 fatores que são muito protetores contra a depressão e 11 fatores aumentam muito este risco. Dieta inconsistente, ausência de laticínios, disbiose intestinal e uso de polivitamínicos (sim!) associou-se a maior risco de depressão (Choi et al., 2020).
Mas qual é a melhor dieta para o cérebro?
Alguns padrões alimentares estão associados a menor risco de depressão e um potencial terapêutico grande. Dietas com mais fibras, micronutrientes, compostos bioativos, gorduras monoinsaturadas e ômega-3 parecem proteger. Já o consumo de proteínas animais e o aumento da carga ácida da dieta aumentam o risco de depressão. Dentre as dietas mais protetoras está o padrão alimentar mediterrâneo.
Uma das críticas à dieta mediterrânea é o alto consumo de glúten
Sabe-se hoje que muitas pessoas são intolerantes ao glúten ou alérgicas ao trigo. Por isso, a individualização é importante. Um outro padrão alimentar muito estudado em relação ao cérebro é o japonês. A dieta padrão japonesa é rica em deriados de soja (como tofu e missô), algas marinhas, cogumelos, chá verde, raízes, frutas e peixes e também está associada a menor risco de depressão (Miki et al., 2018).
Individualidade bioquímica
A nutrição é fundamental para o cérebro já que este depende de vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos graxos essenciais para funcionar bem. Contudo, as necessidades destes nutrientes variam entre as pessoas. Assim, testes nutrigenéticos nos ajudam a descobrir as variabilidades individuais para cada paciente.