Situações traumáticas no início da vida, como abuso físico, sexual, negligência ou perda parental influenciam o eixo hipófise-hipotálamo-adrenal, aumentando a produção de hormônios como o cortisol. Este hormônio de estresse, a genética, a personalidade e o nível de apoio encontrado vão influenciar a superação ou não do trauma.
Estima-se que entre 50 a 90% das pessoas sofram traumas durante a vida. Destes, entre 8 a 10% desenvolvem estresse pós-traumático e depressão. Sem tratamento, o estresse pós-traumático arrasta-se por anos ou décadas, causando distúrbios alimentares, de personalidade e humor, além de dificuldades de relacionamento, ansiedade crônica e doenças. O tratamento é fundamental! Relatório publicado pela Safe Horizon mostrou que vítimas de abuso têm 59% mais chances de cometeres delitos ainda na infância, 28% mais chances de serem presas quando adultas e 30% mais chances de cometer um crime violento. Adolescentes também podem acabar engravidando mais cedo e serem mais propensas a abusar ou negligenciar os próprios filhos.
Mas, com o tratamento adequado os efeitos do estresse pós-traumático podem ser significativamente diminuídos. Faz parte do tratamento: terapia, atividade física, alimentação adequada, medicação (sempre que necessário), meditação e yoga.
Uma dieta saudável com alimentos ricos em antioxidantes é um começo. Tente incluir brócolis, uvas roxas, açaí, tomate, manga, mamão, cenoura, abóbora, espinafre, batata doce, mirtilo, kiwi, limão, abacaxi e laranja no cardápio. Mudanças na dieta podem alterar o cérebro tanto química quanto estruturalmente. A suplementação com óleo de peixe costuma ser recomendada. O óleo de peixe contém altos níveis de ácido graxo ômega-3 DHA (ácido docosahexaenóico), melhorando o humor, a memória e o aprendizado também. O ômega-3 também pode ser encontrado em sementes, nozes e vegetais folhosos.
Vitaminas do complexo B, magnésio, ácido fólico, selênio e os aminoácidos tirosina e triptofano ajudam a reduzir os sintomas depressivos e a ansiedade pois melhoram a produção de neurotransmissores reguladores do humor, como serotonina, noradrenalina e dopamina. Mas lembre: suplementos são exatamente isso. Suplementos. Devem vir associados à outras terapias e práticas pois estas estratégias funcionarão em conjunto.
Em relação aos fitoterápicos, um dos mais estudados é a erva de São João. A planta age impedindo a recaptação de serotonina e norepinefrina; dois produtos químicos cerebrais que afetam o humor. Pessoas que fazem uso de anticoagulantes não podem consumir a erva de São João. Neste caso, o extrato da raiz de Rhodiola rosea seria uma boa alternativa.
Outro fitoterápico interessante é derivado da leguminosa africana Griffonia simplicifolia. É conhecida como o antidepressivo natural por ser fonte de 5-hidroxitriptofano (5-HTP), que é transformado no neurotransmissor serotonina. A serotonina controla o apetite, melhora a sensação de bem-estar e felicidade. No caso deste suplemento, a absorção é melhorada quando tomado em combinação com a vitamina B6. Agora, em geral, ervas não podem ser misturadas com medicamentos. Ou seja, se seu psiquiatra já lhe prescreveu uma droga, não compre suplementos, pois pode ser perigoso. Além disso, algumas ervas reduzem o efeito da medicação. Cuidado!
Agora, combinar medicação com meditação é uma ótima! A meditação ajuda a regular a frequência cardíaca e a pressão arterial, fortalecer o sistema imunológico e diminuir a quantidade de hormônio do estresse liberado pelo cérebro.
Para adultos: meditação para aumento da performance física e mental
Existem muitas maneiras diferentes de meditar. Você pode se concentrar por um longo período de tempo na respiração ou na repetição de mantras. Aprenda também a não julgar seus pensamentos e a si mesmo.
A psicoterapia também ajuda muito. Falar sobre sentimentos reduz a ansiedade e ajuda no gerenciamento da medicação. Indico a Julia Maciel, psicóloga formada pela UnB e que atende online, por videoconferência Atividade física, meditação, acupuntura e yoga também vêm mostrado-se importantes complementos ao tratamento tradicional medicamentoso. Cuide-se!