A importância da comunicação na área de saúde

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A comunicação em saúde é importante para uma vida saudável. Diz respeito ao estudo e utilização de estratégias de comunicação para informar e para influenciar as decisões dos indivíduos e das comunidades no sentido de promoverem a sua saúde. Assim, contribui para a prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida. A comunicação está no coração de quem somos como seres humanos. É o nosso jeito de trocar informações.

A comunicação desempenha um papel instrumental (por exemplo, ajuda a adquirir conhecimento), mas também cumpre uma função ritualística que reflete os seres humanos como membros de uma sociedade.

Esforços feitos pelos profissionais de saúde na tentativa de incentivar mudanças de comportamentos (adoção de dieta mais saudável, abstenção do fumo, uso de preservativos, prática de atividade física etc) são atos comunicativos. Contudo, quando nos concentramos na transmissão de informações, corremos o risco de negligenciar processos ritualísticos que estão envolvidos na comunicação. As pessoas são membros de redes sociais que interagem entre si, participam de cerimônias sociais e obtêm significado a partir da representação de comportamentos habituais.

As intervenções de comunicação não caem em um vácuo social. Pelo contrário, a informação é recebida e processada através de prismas individuais e sociais que não apenas determinam o que as pessoas encontram (através de processos de exposição seletiva), mas também o significado que derivam da comunicação (conhecida como percepção seletiva), dependendo dos fatores individuais (experiência anterior, crenças de eficácia, conhecimento, etc.) e os níveis macro-sociais (relações interpessoais, padrões culturais, normas sociais).

As pessoas tem a capacidade de cuidar da própria saúde e da saúde das pessoas que amam. Contudo, com a crescente complexidade das informações de saúde e dos ambientes de assistência médica, a maioria das pessoas precisa de informações adicionais, habilidades e relacionamentos de apoio para que suas necessidades de saúde sejam atendidas.

A combinação estratégica da Tecnologia de Informação (TI) em saúde e processos eficazes de comunicação em saúde, pode: (1) melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde, (2) aumentar a eficiência da prestação de serviços de saúde e de saúde pública, (3) melhorar a infra-estrutura de informação de saúde pública, (4) apoiar os cuidados de saúde na comunidade e em casa, (5) facilitar a tomada de decisão clínica e do consumidor, (6) construir habilidades e conhecimentos em saúde.

Ferramentas da TI em saúde incluem tecnologias digitais e serviços que apoiam as pessoas em sua rotina de cuidados de saúde, previnem complicações e promovem maior equidade em saúde. As mensagens de saúde podem ser compartilhadas por canais como TV, rádio, materiais impressos, mídias sociais, aplicativos para smartphones, mensagens de texto, serviços de telesaúde e conversas presenciais. Estas tecnologias ajudam os profissionais e o público a buscarem, compreenderem e usarem informações que impactam positivamente nas decisões e ações.

Durante a próxima década, a velocidade, o escopo e a escala da adoção da TI de saúde aumentarão. Neste blog tento, desde 2007, traduzir o conhecimento da ciência da nutrição para um público mais amplo. Apesar do aumento do acesso à tecnologia, outras formas de comunicação são essenciais para garantir que todos, incluindo pessoas com baixo acesso à web, e pessoas com baixa escolaridade possam obter, processar e entender informações de saúde. Desta forma campanhas de massa, divulgação comunitária e comunicação interpessoal continuarão sendo fundamentais.

Campanhas de comunicação em saúde podem combinar múltiplos canais para influenciar comportamentos de saúde. Por exemplo, uma campanha para incentivo à prática de atividade física pode unir anúncios em revistas ou jornais impressos sobre os benefícios das caminhadas combinado com posts em redes sociais e anúncios em outdoors.

Profissionais de saúde também podem se comunicar mais com seus clientes por meio de telefone, vídeos, aplicativos para smartphones, email, redes sociais. Estas intervenções podem contribuir para que pacientes com doenças crônicas como câncer, diabetes, problemas cardíacos, HIV e insuficiência renal melhorem a alimentação ou a adesão ao uso de medicamentos.

Aplicativos (apps) para telefones podem ajudar os próprios pacientes a controlarem melhor glicemia, pressão sanguínea, peso, alimentação, atividade física e consumo apropriado de medicamentos. Os aplicativos também podem transimitr feedback automático ou mesmo mensagens dos profissionais de saúde. O mesmo pode acontecer por mensagens de textos. Por fim, os mesmos podem estar conectados a redes sociais para que os usuários encontrem o apoio de seus pares.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Quando introduzir alimentos potencialmente alergênicos na dieta do bebê?

A partir dos 4 a 6 meses de vida os bebês começam a consumir outros alimentos, diferentes do leite materno. A introdução da alimentação complementar deve ser lenta e gradual, observando-se a tolerância da criança. A maior parte dos bebês passa por este processo tranquilamente mas outros desenvolvem alergias. Vejamos o que acontece dentro do corpo quando este percebe uma substância nova.

Quando uma substância estranha (antígeno) é reconhecida por células dendríticas e macrófagos há a apresentação desta mensagens nos linfonodos às células Th0 (T helper 0), linfócitos virgens, sem diferenciação. As células Th0 vão se diferenciar em células T reguladoras (Treg), linfócitos associados a processos de tolerância e controle do sistema imunológico. As Treg vão secretar interleucina 10 (IL-10) que é antiinflamatória.

Neste caso a criança desenvolve a tolerância oral, estado imunológico em que a exposição frequente a antígenos não resulta em reações alérgicas. O consumo de proteínas alimentares induz a tolerância oral. A exposição a novas proteínas entre o 4o e o 7o mês de vida pode ajudar a desenvolver a tolerância a substâncias alergênicas dos alimentos.

Contudo, dosagens altas de alimentos potencialmente alergênicos ou em pessoas não saudáveis provoca outro tipo de reação. Na imagem seguinte já encontramos a situação em que há desagregação da tolerância imunológica.

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Observamos na figura um afastamento das células epiteliais. Esta maior permeabilidade permite a passagem de antígenos pela mucosa. As células epiteliais começam a produzir citocinas inflamatórias (IL-25, IL-33) que entorpecem as células dendríticas. Estas passam a apresentar os alérgenos por meio da produção de interleucina 4 (IL-4) fazendo as Th0 diferenciarem-se em Th2. Este por sua vez secretam outras interleucinas (IL-4, IL-5 e IL-13) que fazem as células beta (B cell) produzirem IgE (anticorpos) que liga-se a mastócitos e basofilos produzindo uma resposta inflamatória. 

Resumindo, a alergia está associada a uma quebra da tolerância que gera uma cascata de ativação de mastócitos e basófilos e a resposta inflamatória. Ou seja, é muito importante que as crianças sejam saudáveis para que o intestino esteja íntegro, não permitindo a passagem de antígenos para a corrente sanguínea. A melhor forma de deixar o bebê saudável é amamentando-o exclusivamente até os 6 meses de vida. A conduta reduz bastante o risco de alergias alimentares futuras.

No momento da transição alimentar os alimentos potencialmente alergênicos já poderão ser introduzidos. É o que acreditam diversos especialistas da área que indicam a exposição da criança a alimentos diversos, incluindo soja, leite, frutas cítricas, peixe, ovos, oleaginosas a partir do 6o mês de vida (Larson et al., 2017).

Pesquisas recentes mostram que quando atrasamos a exposição a certos alimentos a incidência de alergias não deixa de aumentar. Em Israel, por exemplo, o amendoim é um dos alimentos utilizados para o desmame e lá o numero de crianças alérgicas a esta oleaginosa é menor. Avaliações sistemáticas concluíram que atrasar a exposição a alimentos na verdade pode aumentar a incidência de alergias (Fewtrell et al., 2017).

Se quiser aprender mais faça o curso online sobre a introdução da alimentação complementar. Acesse aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Fatores que dificultam a compreensão das informações em saúde

De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) cerca de 40% da população adulta brasileira apresenta algum problema crônico de saúde como hipertensão, dislipidemia, intolerância a glicose ou problemas na coluna.

Estes indicadores mostram que a comunicação em saúde está falha. A comunicação em saúde é um campo que estuda a interação entre diferentes atores como: (1) a comunicação profissional de saúde com o paciente/utente; (2) a comunicação entre a equipe de saúde; (3) a comunicação entre autoridades de saúde (como o ministério) e a população; (4) a comunicação entre pacientes, por exemplo por blogs ou por mídias sociais; (5) a comunicação entre pacientes com interesses similares.

Todo mundo sabe que fumar faz mal mas muita gente fuma. Muitas pessoas sabem que a saúde melhoraria se perdessem alguns quilos ou se fizessem atividade física de forma regular. Mesmo assim, quantas pessoas fumam, estão acima do peso ou sedentárias mesmo tendo muita informação nesta área? 

O segredo passa por conseguir transmitir mensagens fortes, impactantes e emocionais, com as quais as pessoas se identifiquem no seu dia-a-dia. As mensagens também precisam ser adaptadas a cada público em função da idade, da cultura, do estilo de vida, das habilitações, entre outros critérios igualmente importantes.

Devemos também nos atentar aos fatores que dificultam a compreensão das informações em saúde:

  • Baixa alfabetização em saúde: Como grande parte da informação de saúde é transmitida na forma de comunicação escrita, pessoas analfabetas ou com baixa literacia em saúde não podem acessá-las. Assim, a literatura de saúde deve ser feita sob medida para cada público-alvo e escrita em um estilo apropriado ao seu nível de compreensão. Outros meios também podem ser utilizados como filmes ou vídeos.

  • Acesso limitado à Internet: em certas comunidades o acesso à Internet ainda é muito caro, ou talvez até inexistente. Além disso, embora haja informações abundantes sobre a saúde na Internet, ela ainda está fora do alcance das pessoas em contextos com poucos recursos. Dada a importância da Internet na disseminação de informações vitais sobre saúde, deve haver um esforço maior para trazer acesso às comunidades rurais e ao mundo em desenvolvimento. 

  • Falta de atividade de pesquisa nos países em desenvolvimento: Pesquisa e avaliação são necessárias para projetar, desenvolver e implementar intervenções eficazes na área de comunicação em saúde. Os problemas de saúde urgentes no mundo em desenvolvimento são muitas vezes negligenciados. Infelizmente, a maioria das pesquisas é feita com o intuito de resolver problemas de saúde no mundo desenvolvido. Serviços de indexação ocidentais cobrem cerca de 3.000 periódicos, dos quais 98% são de países desenvolvidos

  • Proliferação de informações de saúde de baixa qualidade na Internet: À medida que o volume de conteúdo da Internet aumenta diariamente, os consumidores precisam de ajuda para avaliar a confiabilidade das informações com as quais são bombardeados. Os proprietários de sites devem divulgar sua identidade e informações de contato essenciais de forma clara e honesta.

  • Escassez de recursos humanos na área de saúde. A comunicação pessoal é fundamental para a transmissão de informações e a falta de profissionais de saúde dificulta imensamente este trabalho.

Estratégias para melhorar a comunicação em saúde

  • Agências governamentais e empresas de tecnologia devem colaborar para levar o acesso à Internet a mais domicílios;

  • Investimento na educação da população e em programas de alfabetização em saúde voltados para a comunidade;

  • Formação continuada e online para que profissionais de saúde desenvolvam melhores habilidade comunicacionais;

  • Estratégias de comunicação devem ser orientadas para um público-alvo claramente definido para alcançar o efeito desejável. Existem dois tipos de público-alvo: (a) o alvo primário cujo comportamento deve ser influenciado diretamente e (b) o alvo secundário que pode influenciar o alvo primário, como um membro da família ou agente de saúde com quem o público primário tenha contato.

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  • Escolha e utilização de mídias adequadas a cada objetivo e público: jornal, revista, TV, rádio, mídias sociais, email, mensagens por celular etc. 
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/