Diagnóstico e tratamento das alergias alimentares

De acordo com revisão publicada no dia 12 de maio no JAMA, as alergias alimentares afetam cerca de 4% dos adultos e 5% das crianças nos EUA. As mais comuns são aos laticínios, ovos, frutos do mar, frutas cítricas, nozes e castanhas. Podem causar uma variedade de sintomas como náuseas, anafilaxia e problemas na pele. O problema é que não existem definição, metodologia para diagnóstico ou tratamento padronizados, o que dificulta a vida dos pacientes. Por exemplo, 82% dos estudos tinham definição própria de alergia, o que mostra a complexidade e confusão neste campo.

Não existe uniformidade também quanto ao diagnóstico. O padrão ouro atual seria a administração do alimento suspeito com observação da equipe de saúde. Porém, este teste requer acompanhamento de especialistas, o que demanda tempo e dinheiro e ainda embute o risco de anafilaxia - reação severa acompanhada de queda da pressão, taquicardia, edema, distúrbios de circulação sanguínea e, eventualmente, morte. Assim, o que se usa hoje são testes realizados no consultório como o de hipersensibilidade cutânea (prick test) , no qual um potencial alérgeno é depositado na pele. A leitura do resultado é feita após 20 minutos. O indivíduo é considerado alérgico se surgir uma pápula mior ou igual a 3mm no local de aplicação, indicando um anticorpo IgE para o alimento ou substância depositada na pele.

Os exames de sangue também detectam, porém agora, diretamente, anticorpos do tipo IgE. Porém, no artigo os autores deixam claro que estes dois testes não oferecem resultados definitivos já que pacientes com sintomas não específicos como problemas digestivos, ou mesmo resultado positivo nos testes cutâneos tem menos de 50% de chance de serem alérgicos a alimentos. Assim, afim de fechar o diagnóstico é fundamental a avaliação da história do paciente e seus sintomas. 

Em termos de tratamento a opinião geral e que a dieta de eliminação - parar de ingerir os alimentos suspeitos - deve ser realizada. De qualquer forma, novos estudos ainda necessitam ser realizados nesta área, particularmente afim de não gerar deficiências nutricionais após a exclusão de grupos de alimentos fonte de nutrientes importantes à saúde e ao crescimento e desenvolvimento normais. 

Outro tratamento mostrado na literatura é a imunoterapia, que consiste na administração de doses crescentes do alérgeno em um período de tempo afim de treinar o sistema imune. Esta terapia não é licenciada e estudos sobre sua segurança são ainda necessários. 

O mais importante da revisão foi a conclusão da necessidade de uniformização dos de todos os critérios de definição, diagnóstico e tratamento. ood-allergy field is in need of uniformity in the criteria for what constitutes an allergy and a set of evidence-based guidelines upon which to make this diagnosis. O instituto nacional de alergias e doenças infecciosas  dos EUA pretente finalizar o consenso sobre a doença até o meio do ano. 

Fonte: Jennifer J. Schneider Chafen; Sydne J. Newberry; Marc A. Riedl; Dena M. Bravata; Margaret Maglione; Marika J. Suttorp; Vandana Sundaram; Neil M. Paige; Ali Towfigh; Benjamin J. Hulley; Paul G. Shekelle.  Diagnosing and Managing Common Food Allergies: A Systematic ReviewJAMA, 2010; 303 (18): 1848-1856.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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