Para prevenção e tratamento do câncer: açafrão

A curcumina, ingrediente ativo do açafrão (Curcuma longa), é um grande defensor da saúde, reduzindo a inflamação e prevenindo e tratando doenças, como o câncer e o diabetes. A curcumina é capaz de inibir a transformação de células saudáveis em células tumorais, assim como seu crescimento e invasão de outros tecidos (metástase). 

Enquanto drogas "modernas"atuam em um único alvo, a curcumina consegue atuar em vários alvos, sendo importante no tratamento de melanoma, sarcoma, cânceres de trato digestório, geniturinário, ovário, mama, pulmão, cérebro, linfoma, dentre outros. Dentre as atividades farmacológicas da curcumina destacam-se as propriedades anti-inflamatórias, anti-oxidantes e anti-angiogênicas (inibidoras da proliferação de vasos que alimentam células cancerígenas).

Fonte: Mullaicharam, A. R., & Maheswaran, A. (2012). Pharmacological effects of curcumin Mullaicharam A R, Maheswaran A - Int J Nutr Pharmacol Neurol Dis., 2(2): 92-99.

Fonte: Mullaicharam, A. R., & Maheswaran, A. (2012). Pharmacological effects of curcumin Mullaicharam A R, Maheswaran A - Int J Nutr Pharmacol Neurol Dis., 2(2): 92-99.

O efeito anticancerígeno da curcumina também é atribuído à ativação de vias apoptóticas que levam a morte de células com crescimento descontrolado. A angiogênese, que é a formação de novos vasos sanguíneos a partir de vasos pré-existentes, é um passo fundamental no crescimento e expansão de um tumor. Estudos demonstraram que a curcumina inibe a angiogênese em uma ampla variedade de células tumorais através da modulação de várias vias de sinalização celular que envolvem fatores de transcrição, proteínas quinases, fatores de crescimento e enzimas (Shakeri et al., 2018).

De quebra o açafrão ainda reduz a ansiedade contribuindo para o bem-estar de pessoas saudáveis e de pacientes com câncer. A dose recomendada de açafrão para adultos é de uma colher de chá ao dia, misturada com algum óleo (como o de coco ou o azeite) e pimenta para melhor absorção. A prescrição de curcumina na forma de suplementos também pode ser feita por médicos e nutricionistas.

Aprenda mais sobre os alimentos funcionais no curso online: https://bit.ly/2vWndMV

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Alimentos para reforçar a sua imunidade

Muitos estudos avaliaram a efetividade da suplementação de vitaminas e minerais sem conseguir mostrar melhorias na saúde nem redução da mortalidade. Por outro lado, pessoas que consomem pelo menos 400g de frutas e verduras ao dia parecem ser as mais saudáveis ao redor do mundo. Isto porque além de vitaminas e minerais de boa disponibilidade, estes alimentos também fornecem fibras, água e fitoquímicos.

Por isso,  nutricionistas tentam sempre melhorar a dieta de seus clientes antes de pensarem em prescrever qualquer tipo de suplemento. Por exemplo, para produzirmos anticorpos e outras substâncias que protegem o corpo precisamos de nutrientes obtidos a partir da alimentação. Sua dieta está boa o suficiente para manter suas defesas em dia? Confira a lista e inclua mais cores na sua dieta:

  • Hortaliças de cor verde: vegetais como brócolis, couve e espinafre contém vitaminas antioxidantes (como A e C), clorofila, isoflavonas e luteína. Também são fontes de vitamina B6 que favorece a produção de glóbulos brancos (leucócitos), que combatem infecções.

  • Frutas e verduras azuis e roxas: mirtilos, amoras, açaí, berinjelas e uvas roxas são fontes de quercetina, resveratrol, antocianinas e vitamina C, com propriedades antioxidantes e antiinflamatórias.

  • Frutas e verduras vermelhas: tomate, cerejas, pimentão vermelho, melancia, beterraba, romã e goiaba vermelha são fontes de licopeno, um fitonutriente antioxidante associado ao menor risco de câncer, especialmente de próstata, mama e colo do útero.

  • Frutas e verduras amarelas e alaranjadas: damascos, manga, mamão, melão, laranja, abóbora e batata doce são fontes de carotenóides e vitamina C, potentes antioxidantes em meio lipídico e aquoso.

  • Kefir e outros produtos fermentados: fornecem probióticos, bactérias boas que defendem o corpo contra bactérias patogênicas e criam um ambiente propício para a absorção de minerais.

  • Peixes do mar, linhaça e chia: fontes de ômega-3, tipo de ácido graxo que combate a inflamação.

  • Gengibre: especiaria rica em fitoquímicos antioxidantes e antiinflamatórios. O consumo de gengibre reduz dores musculares, náuseas e enxaqueca.

  • Chás: flavonóides de ervas podem ser extraídos por infusão em água quente. Saiba mais sobre os benefícios dos chás:

Não esqueça de compartilhar
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
Tags

Aprenda como reduzir a quantidade de antinutrientes nos alimentos

Nenhum alimento é apenas bom ou mal. Devemos sempre pensar nos alimentos no contexto de uma dieta saudável. Não consumimos apenas um nutriente. Consumimos alimentos e estes contém macronutrientes (carboidratos, proteínas, lipídios), micronutrientes (vitaminas e minerais), água, compostos bioativos e também antinutrientes.

Nem todos os compostos obtidos a partir de plantas são facilmente digeridos e absorvidos. Vários alimentos contém substâncias que podem interferir no metabolismo, por exemplo da tireóide, principalmente em pessoas em maior vulnerabilidade genética ou em pessoas com baixo consumo de minerais. Estas substâncias são conhecidas como antinutrientes.

O que são antinutrientes?

Antinutrientes são substâncias dos alimentos capazes de reduzir a absorção de minerais importantes. Exemplos de antinutrientes são o ácido fítico (fitato liga-se a ferro, zinco, magnésio, cálcio), o ácido oxálico (oxalato liga-se a cálcio), os glicosídeos cianogênios (atrapalham a cadeia respiratória e reduzem a absorção de iodo), as saponinas (estas reduzem a vida de células sanguíneas e reduzem a absorção de minerais como ferro e zinco), taninos (podem interferir na saúde da mucosa intestinal e reduzir a absorção de nutrientes como ferro e vitamina B12), lectinas (reduzem absorção de zinco, cálcio, ferro, fósforo, zinco).

Lembre que várias destas substâncias não são apenas ruins. Vários antinutrientes possuem ação antiinflamatória ou antioxidante. É o caso dos taninos, presentes nas uvas, no vinho tinto, nos chás. Estudos mostram que os taninos reduzem o estresse oxidativo e os danos ao DNA (Giovanelli et al., 2000). O próprio EGCG do chá verde é um tanino, com efeitos comprovados na redução da inflamação e na proteção contra o estresse oxidativo (Kim et al., 2014).

Vários antinutrientes também ajudam a reduzir a absorção de metais pesados. Mesmo assim, excessos não são interessantes, pois vão reduzir a absorção de nutrientes importantes, por exemplo, para o metabolismo da glândula tireóide.

Onde estão os antinutrientes?

  • Fitato (ácido fítico): Principalmente encontrado em sementes, grãos, castanhas e leguminosas. Reduz a absorção de minerais, como ferro, zinco, magnésio e cálcio.

  • Taninos: Classe de polifenóis antioxidantes que podem prejudicar a digestão de vários nutrientes como o cálcio. Presentes nas uvas, no vinho tinto, nos chás, nas nozes, amêndoas, castanhas, chocolate amargo, cravo, canela, açaí e feijão azuki.

  • Lectinas: encontradas em todas as plantas alimentares, especialmente em sementes, castanhas, leguminosas e grãos. São resistentes à acidez estomacal. Por isso, alimentos como feijão, lentilha, ervilha, soja, grão de bico, arroz, gérmen de trigo e jaca verde devem ser bem cozidos para não interferirem no crescimento de crianças, nem alterar a resposta imune.

  • Inibidores de protease: Amplamente distribuídos entre as plantas, especialmente em sementes, grãos e leguminosas, como a soja. Eles interferem na digestão de proteínas inibindo as enzimas digestivas.

  • Oxalato: A forma primária de cálcio em muitos vegetais, como o espinafre e também em chás. O cálcio ligado ao oxalato é pouco absorvido.

O caso da castanha do Pará (Brazil nut)

A castanha do Pará é um fruto oleaginoso (assim como amendoim, amêndoas, nozes). É fonte de fibras, selênio, magnésio, zinco, vitaminas do complexo B e vitamina E. Estudos mostram que esta combinação de nutrientes é útil para o coração, para prevenção de alguns tipos de câncer (pulmão, mama, próstata e cólon).

Contudo, a castanha do Pará é a campeã em ácido fítico (1.719mg a cada 100g). Assim, a castanha deve entrar em pequenas quantidades na dieta. Agora, fitatos não são demônios. Possuem também propriedades antioxidantes importantes, reduzindo o risco de pedras nos rins e câncer (Graf, Empson, & Eaton, 1987; Aune et al., 2011; Grases, Costa-Bauza, & Prieto, 2006).

O problema é sempre o excesso. Lembre também que um intestino saudável é muito importante para a boa digestão. Algumas bactérias produzem fitase, enzima que quebrar fitatos. Se estiver preocupado, deixe de molho antes de usar.

Técnicas para reduzir a quantidade de antinutrientes nos alimentos

Muitos antinutrientes são solúveis em água, dissolvendo-se quando os alimentos são deixados de molho. Por exemplo, a imersão de leguminosas em água reduz a quantidade de antinutrientes. 

O remolho de 12 horas reduz o teor de fitato das ervilhas em até 9% (Bishnoi et al., 1994), de lectinas em 38-50%, de taninos em 13-25% e inibidores de protease em 28-30% (Onwuka, 2006).

Além de ser útil para leguminosas, os vegetais folhosos também podem ser deixados de molho para redução do oxalato de cálcio (Savage & Dubois, 2006). A imersão também pode ser usada em combinação com outros métodos, como brotação (ou germinação), fermentação ou cozimento.

A germinação, por exemplo, aumenta a disponibilidade de nutrientes em sementes, grãos e leguminosas (Singh et al., 2015), pois há degradação de fitatos e inibidores de proteases em 37 a 81%.

Como germinar grãos e sementes?

  • Enxague as sementes para remover todos os detritos, sujeira e terra. Depois, mergulhe-as em água fria por 2 a 12 horas. O tempo de imersão depende do tipo de semente.

  • Lave-as completamente em água. Drene a maior quantidade de água possível e coloque as sementes em um vaso para brotarem. Certifique-se de deixar o vaso em um local com sombra.

  • Repita a lavagem e drenagem 2-4 vezes. Isso deve ser feito regularmente ou uma vez a cada 8-12 horas.

Não esqueça de compartilhar
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/