Compulsão alimentar entre homens

Mulheres sempre foram mais cobradas em relação à aparência. Homens podiam ter qualquer corpo, sem que isso chamasse atenção ou fosse motivo de muita polêmica. Porém, cada vez mais os homens assemelham-se às mulheres em níveis de insatisfação corporal e comer transtornado.

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A estética mudou. Hoje até os bonecos vendidos para meninos tem a cintura mais fina e os músculos mais definidos (Pope et al., 1998). A autocobrança aumentou. Nos Estados Unidos, estima-se que dentre os pacientes com compulsão alimentar 40% sejam homens. 

Comedores compulsivos podem sofrer de baixa auto-estima e frequentemente usam a comida para anestesiar as emoções e aliviar  momentaneamente o estresse. Os sintomas do transtorno da compulsão alimentar periódica são semelhantes em homens e mulheres e incluem o consumo de grandes quantidades de comida em curtos períodos de tempo, sentimento de não ter controle sobre a alimentação, comer escondido, comer sem fome, sentimentos de vergonha, desgosto ou desespero após a alimentação, passar a vida em dieta. 

Apesar do sofrimento, é comum que homens procurem menos por tratamento do que mulheres. Após o diagnóstico o tratamento inclui aconselhamento nutricional e alguma modalidade de terapia - cognitivo-comportamental ou dialética são as mais comuns. Dependendo das co-morbidades (depressão, hipertensão, dislipidemias, esteatose hepática, diabetes etc) o uso de medicamentos também pode ser necessário.

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O estresse também precisa ser trabalhado pois afeta o sono, o humor, aumenta os níveis de cortisol e também perpetua a compulsão alimentar. Técnicas integrativas como massagem, uso de fitoterápicos, técnicas respiratórias e de meditação apaziguam, distraem e facilitam o autocontrole.

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A atividade física também é importante. Escolher algo que agrade facilita a continuidade. O foco deve ser o prazer de movimentar o corpo e não a perda de peso. O exercício não precisa ser pesado, se a pessoa não gostar. Estudos mostram que mesmo abordagens suaves como yoga reduzem o estresse, melhoram a tolerância à glicose, regularizam os níveis lipídicos, diminuem a pressão arterial e a ansiedade. O  yoga também promove o autoconhecimento, alivia sentimentos de depressão e melhora a auto-imagem.

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Homens também precisam ser cuidados e apoiados. Estudo publicado em 2018 mostrou que a compulsão alimentar em homens associa-se à maior tendência suicida. 

Brown KL, LaRose JG, and Mezuk B. (2018) The Relationship between Body Mass Index, Binge Eating Disorder, and Suicidality. BMC Psychiatry, 18: 196

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Glúten nos cosméticos - há necessidade de preocupação?

O glúten resulta da mistura de proteínas que se encontram naturalmente na sementes de cereais como trigo, cevada, triticale e centeio. Esses cereais são compostos por cerca de 40-70% de amido (carboidrato), 1-5% de lipídios, e 7-15% de proteínas (glúten e outras).

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Algumas pessoas apresentam reações à ingestão de glúten. Na doença celíaca o sistema imune gera uma resposta anormal ao ser exposto ao glúten. Acaba produzindo uma série de anticorpos que podem afetar órgãos como o intestino delgado, a tireóide, a pele e o pâncreas. Por isso, o tratamento é a eliminação do glúten da dieta por toda a vida.

O glúten também pode estar presente em cosméticos (batons, maquiagens, cremes, protetores solares, cremes de barbear, desodorantes, shampoos, condicionadores e até perfumes). Alessio Fasano, diretor médico do Centro de Pesquisa Celíaca da Universidade de Maryland, não acredita que a aplicação de glúten na pele seja problema para celíacos, já que o glúten não é absorvido por esta via. O único problema seria se a pessoa tivesse lesões na pele (Thompson & Grace, 2012). 

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Outro problema seria usar uma loção ou creme nas mãos e não fazer a lavagem antes de comer. Desta forma, a loção poderia contaminar o alimento manuseado com a mão. Batons também são considerados mais suspeitos. Mesmo assim, um baton pesando 3,8g conteria menos de 10 ppm de glúten (menos de 0,001% de glúten na formulação). Isso significa que se
todo o tubo de batom fosse de alguma forma ingerido, menos de 0,038 mg de glúten chegaria ao intestino. Se ainda assim isso o preocupa procure no rótulo ingredientes que possam conter glúten. A Associação dos Celíacos (ACELBRA), divulgou a lista abaixo:

Amp-Isostearoyl Hydrolyzed Wheat Protein; Disodium Wheatgermamido Peg-2 Sulfosuccinate; Hydrolyzed Wheat Gluten; Hydrolyzed Wheat Protein; Hydrolyzed Wheat Protein Pg-Propyl Silanetriol; Hydrolyzed Wheat Starch Dextrin Palmitate; Hydrolyzed Wheat Flour; Hydrolyzed Wheat Protein/Pvp Crosspolymer; Hydroxypropyltrimonium Hydrolyzed Wheat Protein; Hydrolyzed Wheat Protein; Stearyldimoniumhydroxypropyl; Triticum Vulgare (Wheat) Flour Lipids; Triticum Vulgare (Wheat) Germ Extract; Triticum Vulgare (Wheat) Germ Oil; Vitamin E Derived From Wheat Germ Oil; Triticum Vulgare (Wheat) Gluten; Triticum Vulgare (Wheat) Starch; Wheat Amino Acids; Wheat Bran Extract; Wheat Germ Extract; Wheat Germ Glycerides; Wheat Germ Oil; Wheat Germamidopropyldimonium Hydroxypropyl; Wheat (Triticum Vulgare) Bran Extract; Wheat Germamidopropalkonium Chloride Wheat Protein; Wheat Germamidopropyl Ethyldimonium Ethosulfate Yeast Extract;  Savena Sativa (Oat) Flour; Avena Sativa (Oat) Kernel Protein; Oat (Avena Sativa) Extract; Oat Beta Glucanoat Extract; Oat Floursodium Lauroyl; Oat Amino Acids; Avena Sativa (Oat) Kernel Flour; Hydrolyzed Oat Flour; Samino Peptide Complex; Barley Extract; Hordeum Vulgare (Barley) Extract; Phytosphingosine ExtractBarley LipidsSecale Cereale (Rye) Seed Flour; Stimu-Tex- ativo obtido dos grãos de cevada (Hordeum vulgare); Hydrolyzed Vegetable Protein; Hydroxypropyl; CyclodextrinDextrin; Maltodextrin.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Colostro reduz a permeabilidade intestinal dos bebês

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Dentro da barriga da mãe o intestino de um recém-nascido é estéril, microbiológica e imunologicamente "virgem". Outra característica é que os enterócitos não estão juntinhos. Há maior permeabilidade permitindo a passagem de moléculas grandes para a corrente sanguíneo. Isso é interessante neste momento da vida pois o bebê receberá o colostro, o primeiro leite materno.

O colostro é um líquido com uma consistência espessa e cor amarelada, riquíssimo em substâncias de defesa como imunoglobulina A, lactoferrina, células brancas (leucócitos), bacteriocinas (antibióticos naturais contra bactérias ruins como o streptococcus (Obermajer et al., 2015). É a primeira vacina do bebê. Além disso protege o tubo digestivo da criança, ajuda a expulsar o mecônio (primeiras fezes), reduz o risco de icterícia e a síndrome de morte súbita do lactente. 

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Conforme o bebê cresce aproxima-se a fase de introdução de novos alimentos. Neste momento a permeabilidade intestinal precisa ser baixa para que substâncias alergênicas não caiam na corrente sanguínea. O interessante é que o colostro ativa genes que aumentam a união das células intestinais por tight junctions, proteínas especiais que vão manter os enterócitos unidos. Assim, o intestino funcionará como uma barreira, separando o que deve e o que não deve ser absorvido (Sanderson, 1998Blanchard & Cousins, 2000).

Amamente! O aleitamento materno supre todas as necessidades da criança. Quando o bebê alimenta-se diretamente no peito recebe também vários estímulos que a ajudam a se desenvolver, como a troca de calor, cheiros, sons, olho no olho e toques. Amamentar é um direito da mãe e ser amamentada é um direito da criança.

Apoie a mãe que deseja amamentar. A participação de todos (pai, companheiro ou companheira, família, outras mulheres que já tiveram a experiência, comunidade, empregadores, colegas de trabalho e profissionais de saúde). Saiba mais:

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