O diagnóstico duplo de diabetes e doença celíaca é um desafio para o paciente, para médicos, nutricionistas, pais e professores. Aprender sobre a alimentação saudável nestes casos é essencial para o tratamento e o acompanhamento dietético é importantíssimo. De acordo com a associação americana de diabetes, a cada 20 indivíduos com diabetes tipo 1, um paciente também é celíaco. Isto porque ambas as doenças compartilham fatores de risco genéticos.
Estas doenças autoimunes estão associadas ao antígeno humano leucocitário (genes HLA de classe II), no cromossomo 6p21. A conexão entre as duas doenças é tão forte, que nos EUA, muitos médicos ao diagnosticarem a diabetes tipo 1 já pedem exames para doença celíaca. Isto é feito pois muitas vezes os sinais e sintomas clássicos da doença celíaca (desconforto gástrico, perda de peso, gases, diarréia) não estão presentes nestes pacientes.
No caso das duas doenças serem confirmadas os objetivos incluem não só o controle da glicemia mas também a exclusão do glúten da dieta. A associação americana de diabetes recomenda uma dieta em que carboidratos complexos + gorduras monoinsaturadas correspondem de 60 a 70% das calorias da dieta e o restante é fracionado entre proteínas (15% a 20%), gorduras poliinsaturadas (10% - principalmente provenientes dos peixes), saturadas (<7% - carnes vermelhas e processadas, laticínios integrais).
O acompanhamento com o nutricionista é muito importante, não só para definir o plano alimentar, mas também para iniciar o aconselhamento nutricional já que o paciente precisará compreender o que são lipídios e seus tipos, carboidratos, seus tipos e como os mesmos influenciam no controle dos níveis de açúcar sanguíneos. Além disso, precisará aprender a dosar os níveis de insulina conforme a quantidade de carboidrato consumida, aprenderá o que é índice glicêmico e como escolher seus alimentos considerando-o, aprenderá a ler os rótulos dos alimentos dentre muitos outros conceitos.
O paciente celíaco precisará eliminar o glúten (presente no trigo, aveia, centeio, cevada, malte, triticale, painço e todos os seus derivados como biscoitos, pães, macarrão, pizza, bolos, tortas, barras de cereais, sopas e outros alimentos prontos, suplementos alimentares e até medicamentos) e aprender a substituí-lo por outros produtos.
Familiarizar-se com a cozinha e as técnicas dietéticas facilita a vida do paciente e da família. Fazer o auto monitoramento das doenças também é um aprendizado importante. Controlar peso, níveis de glicose, hemoglobina são estratégias fundamentais para garantir uma vida longa e saudável.