Como ganhar peso?

O excesso de peso se tornou um problema tão grande no Brasil que realmente me esqueço de dar atenção no blog às pessoas com dificuldade em ganhar peso. Na verdade, a última vez em que escrevi sobre o assunto foi em 2010. Nossa genética possui bastante influência sobre nosso peso e nossa composição corporal. Mas o ambiente é ainda mais importante. O grande culpado pela obesidade em todo mundo são os hábitos alimentares inadequados, a inatividade física e o estresse.

Do outro lado, a dificuldade em ganhar peso está associada ao baixo consumo calórico. Isto ficou bastante evidente em um estudo publicado no prestigiado JAMA (The Journal of the American Medical Association).

Durante a pesquisa 25 indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18 a 35 anos foram divididos em 3 grupos de forma aleatória, todos com dietas hipercalóricas. Estas dietas forneciam em média 39,4% calorias a mais em relação a dieta habitual (em geral, uma média de 954 kcal extras). Porém, a composição da dieta variou entre os grupos. O grupo 1 recebeu uma dieta com 5% da energia vindo das proteínas (hipoproteica). O grupo 2 recebeu a dieta com 15% da energia sendo fornecidas pelas proteínas (normoproteica) e o grupo 3 recebeu uma dieta hiperproteica com cerca de 25% das calorias sendo fornecidas por este macronutriente. O estudo teve a duração de 12 semanas.

Houve acompanhamento de peso, gasto energético (método de água duplamente marcada), composição corporal (método de absortometria radiológica de dupla energia).

Ao final do estudo todos os indivíduos haviam ganho peso, comprovando que para engordar precisamos aumentar o consumo calórico de forma significativa. Contudo, a composição corpórea foi bastante diferente entre os indivíduos de cada grupo.

O grupo 1 ganhou gordura (3,7kg) e perdeu massa muscular, em virtude do baixo consumo proteico. Isto é algo que não buscamos já que o excesso de gordura aumenta o risco de doenças.

O grupo 2 ganhou 2,87 kg de massa magra e o grupo 3 ganhou 3,18 kg de massa magra. Indivíduos dos grupos 2 e 3 também ganharam gordura (em média, 3,51 kg). Ao final, os indivíduos do grupo 2 e 3 ganharam mais peso.

O metabolismo foi acelerado nos grupos 2 e 3, porém não foi significativo no grupo 1. Para prevenir a perda de massa magra os autores sugerem um consumo protéico de cerca de 77,8 gramas ao dia, as quais podem ser conseguidas facilmente com os alimentos abaixo:

  • 2 fatias grandes de carne assada (270 gramas) - 34,09 gramas de proteína

  • 2 copos grandes de leite desnatado (480 ml) - 17,28 gramas de proteína

  • 2 conchas grandes de feijão (280 gramas)  - 12,32 gramas de proteína

  • 2 unidades médias de batata doce (280 gramas) - 3,64 gramas de proteína

  • 4 Castanhas do Brasil (16 gramas) - 2,24 gramas de proteína

  • 2 laranjas médias (360 gramas) - 2,26 gramas de proteína

  • 2 bananas prata médias (80 gramas) - 1,04 gramas de proteína

  • 2 colheres de sopa cheias de aveia em flocos (30 gramas) - 4,06 gramas de proteínas

  • 2 folhas médias de alface (20 gramas) - 0,26 gramas de proteínas

  • 1 beterraba cozida pequena (80 gramas) - 1,36 gramas de proteínas

Total: 78,55 gramas de proteínas (e sem nenhum suplemento!!)

Evite ganhar peso às custas de balas, doces, leite condensado e outros alimentos ricos em açúcares pois estes aumentam o estoque de gordura na região abdominal, a inflamação corporal e o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, Alzheimer...

Por fim, se você não ganha peso ou se não tem nenhuma fome consulte um médico. Doenças (como depressão, hipertireoidismo, certos tipos de câncer, infecção pelo vírus HIV) aumentam a perda de peso e a mortalidade.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Materiais para crianças com câncer

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O câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação desordenada de células anormais. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afeta os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e linfomas (do sistema linfático).

No Brasil, o câncer é a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Cerca de  70% das crianças e adolescentes acometidos de câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.

A nutrição é uma parte fundamental da saúde de todas as crianças e é particularmente importante durante o tratamento contra o câncer. Comer os tipos certos de alimentos antes, durante e após o tratamento pode ajudar a criança a se sentir melhora, a preservar seu peso, massa muscular e reserva de nutrientes.

Tanto o câncer quanto seus tratamentos podem afetar o apetite de uma criança, a tolerância aos alimentos e a capacidade do corpo utilizar os nutrientes. As necessidades nutricionais de crianças com câncer variam muito de caso a caso. O médico e o nutricionista devem trabalhar em parceria traçando metas de alimentação que ajudarão a criança a tolerar melhor os efeitos colaterais do tratamento, quando existirem. Além disso, a alimentação apropriada ajudará na rápida recuperação, diminuirá o risco de infecção, fornecerão energia para o crescimento ou manutenção do peso.

A Universidade Estadual de Londrina disponibiliza um livro online para ensinar as crianças a entenderem e conviverem melhor com a doença. Acesse aqui e leia o material escrito pelas psicólogas Lígia Tristão Casanova e Maria Rita Zoéga Soares.

O Inca também disponibiliza um guia nutricional para pacientes e cuidadores de indivíduos com câncer, além do consenso, voltado aos profissionais de saúde que trabalham na área.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Mudar a dieta é fácil?

A resposta a esta pergunta infelizmente é não. Nossos hábitos alimentares não são simples. Os mesmos são desenvolvidos ao longo dos anos e estão relacionados a um complexo sistema cultural repleto de símbolos, significados e classificações. Muitas variáveis se somam para determinar nossas escolhas alimentares, como por exemplo, o preço do alimento, seu sabor, valor nutricional, aparência e condição higiênica.  Além disso, aspectos biológicos, socioculturais, antropológicos, econômicos e psicológicos também estão envolvidos.

A adesão a uma nova dieta depende de fatores pessoais, cognitivos, interpessoais. Por isto, é mais que o cumprimento de orientações. Significa o compromisso de colaborar ativamente com um tratamento que foi proposto de mútuo acordo entre o cliente e o profissional de saúde, com a finalidade de produzir o resultado desejado. É uma parceria entre quem cuida e quem é cuidado.

No consultório, o atendimento individual costuma acontecer mensalmente, o que é adequado para uma série de indivíduos. Porém, outras pessoas precisam de maior suporte social, para que possam compartilhar o dia a dia, suas atitudes, crenças e desafios durante o tratamento. Assim, o acompanhamento com maior frequência ou mesmo as consultas em grupos parecem mais efetivos, inclusive para o aprendizado de habilidades de automonitoramento e autogestão para a prevenção de recaídas.

Grupos de tratamento são então uma opção para aqueles que sentem mais dificuldade em seguir nas modificações de hábitos sozinhos. Os grupos consistem em espaços solidários que permitem acesso à informação, troca de experiências, intercâmbio de motivações, apoio mútuo e interações que conduzem a superação de dificuldades comuns.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/