Crianças com TDAH e as opções de tratamento

Alguns pais chegam ao consultório estressadíssimos dizendo que seus filhos não são aceitos pelos coleguinhas, que consideram seu comportamento muito estranho. Mas quais são as características do TDAH percebidas por pais, professores ou amigos? Isto varia muito de criança para criança e inclui:

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  • Agitação

  • Irritabilidade

  • Desatenção

  • Distração rápida

  • Dificuldade de organização

  • Impulsividade

  • Intolerância a erros

  • Temperamento explosivo

Algumas crianças parecem mais desajeitadas, outras lutam para ficar quietas e não conseguem (e sofrem com isso). Outras fazem coisas impensadas, arrependem-se e, em grande parte das vezes, não conseguem explicar a causa de terem agido de determinadas maneiras. Ficam chateadas, sentem remorso. E, quando são isoladas pelos colegas, sentem-se inadequadas e a autoconfiança e autoestima sofrem. Podem ficar mais reclusas, deixar de querer socializar, começar a andar sozinhas nos recreios ou simplesmente ficar pregadas no celular para não terem que levantar a cabeça e perceber o mundo à volta.

Os pais também sofrem uma vez que a sociedade rotula rapidamente os comportamentos “indesejáveis” e as famílias passam a ouvir coisas como: “estas crianças são impossíveis”, “são mal educadas”, “são insuportáveis”, “ninguém aguenta'. Mães e pais cansam-se também, deprimem-se às vezes. Ou simplesmente preocupa-se já que, às vezes parece que a criança não conseguirá estabelecer relações verdadeiras, amizades duradouras. O diagnóstico nem sempre vem rápido. Apesar de vários sintomas mostrarem-se cedo, muitas famílias confundem o problema com timidez ou com fases passageiras próprias da infância. Neste caso, o diagnóstico pode ser atrasado por anos, décadas, ou nunca chegar (o meu só veio depois do doutorado).

Após o diagnóstico muitas famílias acabam optando pela medicação. Na esperança de ajudá-los na questão do foco, na modulação de comportamentos e na redução da agitação e irritabilidade adotam medicamentos como a ritalina.

Tais drogas podem ajudar a criança a se organizar mentalmente, a pensar antes de agir, a distinguir o certo do errado, a fazer amigos. Eu tenho TDAH, já fiz muita burrada, mas como só recebi o diagnóstico adulta, não tomei nenhum tipo de medicamento na infância ou adolescência. E, como vivi sempre assim, optei por continuar sem eles na fase adulta. Para minha regulação adotei um conjunto grande de estratégias que me ajudam a viver bem. Faço yoga, medito, caminho, leio, durmo cedo, evito a exposição excessiva às redes sociais. Minha cabeça ainda vive à mil mas obrigo-me a parar. Tenho um diário onde anoto as atividades mais importantes do dia e tento deixar o restante de lado. Sem isso, tenho a tendência a fazer 80 coisas ao mesmo tempo e não terminar nenhuma.

Remédio pode ajudar muitas pessoas e não é algo que família nenhuma tenha que se envergonhar por optar. O acompanhamento com um bom neurologista pode encurtar muitos caminhos. O próprio ajuste da medicação significa uma parceria longa. Algumas crianças metabolizam as drogas lentamente enquanto outras as metabolizam à velocidade da luz, o que significa que precisarão de dosagens maiores para um mesmo resultado. Sem ajustes, o medicamento que deveria fazer efeito por 12 a 24 horas pode fazer efeito por apenas 6.

Além da medicação, a parceria com um bom terapeuta e com a escola também são fundamentais. Muitas coisas acontecem na vida de um jovem e a falta de apoio aumenta o risco de depressão. Ajustes comportamentais são importantes. Na terapia a criança/adolescente aprende a administrar conflitos, gerenciar a atenção, melhorar a capacidade de planejamento e resolução de problemas.

Tenho escrito muito sobre TDAH neste site, mas justamente porque, como eu, muitas pessoas chegam à fase adulta sem diagnóstico. E muitos, chegam com muitos problemas em várias esferas da vida. Precisamos conscientizar os profissionais de que existem muitos caminhos e que a vida pode ser muito bem sucedida, mesmo com o diagnóstico de TDAH. Hoje temos pesquisas mostrando que as abordagens mais eficazes são justamente as mais eficientes. Eu acredito muito nisso e sou entusiasta, utilizadora, pesquisadora e prescritora das PICs.

Livros para explicar o TDAH para crianças

Eu tenho TDAH e não paro na cadeira nem na hora da entrevista. Mas está tudo bem, olha aí:

Suplementação mínima: associar Ômega-3 com TDAH Control all in one. Fazer modulação intestinal, sempre que necessário.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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