Para que serve a serotonina produzida no intestino?

A serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT) tem papéis tradicionais como um neurotransmissor chave no sistema nervoso central e como um hormônio regulador do humor, sono, apetite e ansiedade. Mas 90% da serotonina é produzida no intestino.

Como o 5-HT não pode atravessar facilmente a barreira hematoencefálica, os pools centrais e periféricos de 5-HT são anatomicamente separados e, como tal, agem de maneiras distintas. Fora do cérebro a serotonina é também um hormônio metabólico, contribuindo para a homeostase da glicose e adiposidade, com uma relação causal existente entre os níveis circulantes de 5-HT e doenças metabólicas. Existem muitos outros efeitos periféricos da serotonina no pâncreas, fígado, tecido adiposo, plaquetas etc (Maierean et al., 2020).

Quase todo o 5-HT periférico é derivado de células enteroendócrinas especializadas, chamadas células enterocromafins (CE), localizadas ao longo do revestimento do trato gastrointestinal. As células EC são importantes células sensoriais luminais que podem detectar e responder a uma variedade de nutrientes ingeridos, bem como às substâncias produzidas pela microbiota.

A serotonina do intestino (representada na figura como bolinhas amarelas) pode ativar o nervo vago. Este sim está ligado ao sistema nervoso central. Assim, apesar da serotonina intestinal não chegar diretamente ao cérebro, pode inflluenciar sim sua fisiologia.

A estimulação do nervo vago é feita pelo contato com a serotonina, mas também com a respiração do yoga, com uso de lactobacillus (plantarum, reuteri), terapia neural. Dentro do nervo vago existem neurônios eferentes (que chegam do sistema nervoso central) e neurônios aferentes (que vão em direção ao sistema nervoso central). Em proporção existem mais neurônios aferentes, saindo do intestino para o cérebro (90%). Por isso, o que acontece no intestino interfere muito no sistema nervoso central.

Assim, apesar da serotonina intestinal não chegar ao cérebro, o estímulo do nervo vago leva mensagens ao sistema nervoso, ativando o núcleo do trato solitário, que proteja neurônios em direção ao locus coeruleus, que libera noradrenalina e no núcleo dorsal da rafe, ativa neurônios serotoninérgicos, que liberam serotonina.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Metabolismo do triptofano na gestação

Na gestação há um grande consumo de oxigênio pela mulher, criando um ambiente pró-oxidativo (mais rico em radicais livres). Se há um baixo consumo de antioxidantes, vindos particularmente de frutas e verduras, os riscos para o bebê e para a mãe aumentam.

Triptofano é essencial mas pode aumentar estresse oxidativo

O triptofano é um aminoácido essencial importante para o metabolismo de proteínas, para a produção de serotonina (neurotransmissor relaxante, que reduz a agressividade) e de melatonina (que regula o ciclo do sono). Contudo, 95% do triptofano entra na verdade na via das quinureninas.

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Na presença de processo inflamatório a enzima indolamina dioxigenase (IDO) fica muito ativa, desviando o triptofano justamente para o caminho das quinureninas. Neste caminho muitas substâncias são produzidas (como mostrado na figura acima), inclusive neurotoxinas como o ácido quinolínico. Com isso, a neurotransmissão por glutamato aumenta. Em excesso, o glutamato gera neurodegeneração.

Por isso, a suplementação de triptofano não deve ser feita em pessoas já inflamadas. Suplementos devem ser utilizados sempre com recomendação e acompanhamento nutricional. Se houver necessidade de uso de triptofano na forma de 5-HTP ou a partir da planta griffonia simplicifolia, a vitamina B3 (niacina) também deve ser suplementada. Isto porque a B3 será essencial para a conversão do ácido quinolínioc em NAD+ e depois em NADH, reduzindo o estresse oxidativo.

Triptofano na gestação

Na gestação, o cuidado deve ser redobrado já que o estresse oxidativo aumenta o risco de degeneração da placenta, restrição no crescimento fetal, pré-eclâmpsia, aborto e maior risco de morte ao nascimento (Xu et al., 2017).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/