Cobre: funções e papel no desenvolvimento da doença de Alzheimer

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O cobre exerce um papel importante no metabolismo de todos os mamíferos. Participa de reações bioquímicas como cofator de enzimas em reações de transferência de elétrons. Acaba tendo funções para a liberação do ferro de seus locais de armazenamento, para o metabolismo de vários hormônios, para a produção de melatonina e de energia (ATP), assim como para a defesa antioxidante, por meio da superóxido dismutase.

Também exerce funções não enzimáticas em vários processos fisiológicos, como angiogênese, transporte de gases, equilíbrio neuro-hormonal e regulação da expressão genética. No sistema nervoso central participa do desenvolvimento do cérebro. A deficiência no início da vida pode provocar alterações nervosas como tremores, ataxias, perturbações da mielinização de fibras nervosas e redução na produção de neurotransmissores. De fato, aproximadamente 8% do cobre do corpo encontra-se no cérebro.Mas não dá para sair suplementando sem acompanhamento, pois o excesso do mineral também não é bom.

O cobre está presente em alimentos como mexilhões, ostras, amendoim, amêndoa, nozes e cacau. A ingestão dietética recomendada para o adulto saudável é de aproximadamente 0,09 mg por dia. A toxicidade pelo mineral não é comum em seres humanos pois o cobre tende a ser mantido ligado à proteínas. A ingestão de altas quantidades de cobre costuma ser mais arriscadas em recém nascidos e crianças pequenas devido à imaturidade do sistema excretório e do aparato de absorção intestinal mais eficiente.

Cobre e doença de Alzheimer

Embora a causa da doença de Alzheimer ainda não esteja totalmente clara, há uma crescente preocupação com o papel dos metais pesados no desenvolvimento da doença. Estudos mostram que pessoas com Alzheimer possuem níveis mais elevados de cobre no sangue e no fluido que envolve o cérebro, bem como no interior de algumas partes do cérebro.

Tanto a proteína precursora do amilóide (APP) quanto o peptídeo beta-amilóide (Aβ) possuem sítios de ligação para o cobre. Ao interagirem o estresse oxidativo aumenta, assim como a neurotoxicidade. Pacientes com Alzheimer também podem enfrentar alterações sistêmicas no metabolismo do cobre gerando neuroinflamação. Com base neste conhecimento, abordagens terapêuticas para regular os níveis de Cu no cérebro estão sendo desenvolvidas (Mathys & White, 2017).

Caso haja maior risco de Alzheimer (como na trissomia do cromossomo 21, nos polimorfismos para os genes PSEN1 ou PSEN ou possuir cópias do gene ApoE4) devem ser tomadas algumas medidas: (1) controle da pressão arterial; (2) controle dos níveis de açúcar no sangue; (3) descanso suficiente - dormir é fundamental para desinflamar o cérebro; (4) dieta antiinflamatória; (5) redução no consumo de gordura saturada; (6) bom aporte de zinco.

Tem uma coisa boa para, ao mesmo tempo, controlar a pressão e reduzir níveis de açúcar no sangue: praticar atividade física. Não dá para fugir. Em relação à redução do consumo de cobre e gordura saturada uma estratégia fundamental é abolir o consumo de vísceras (fígado, rins, bucho) e carnes processadas.

Dietas ricas em gorduras saturadas (também presentes em carnes gordas, leite integral e derivados) aumentam a produção de colesterol no fígado. Quanto mais alto o colesterol estiver, mais acelerada é a progressão das placas amilóides no cérebro. E o cobre acaba interagindo com o amilóide, causando sua aglutinação e a produção de peróxido de hidrogênio, uma potente neurotoxina pró-oxidante.

À medida que os níveis de colesterol e cobre aumentam, o colesterol é incorporado à membrana das células nervosas, fazendo com que ela endureça. A proteína amilóide na membrana se desprende para formar placas, ponto em que ferro e cobre geram radicais livres neurotóxicos.

Adote uma dieta antiinflamatória, rica em frutas, verduras, ômega-3, gorduras monoinsaturadas (azeite, abacate) e adequada em zinco. Pessoas com Alzheimer parecem ter deficiência de zinco (Brewer, 2014), um mineral neuroprotetor, cujo consumo deve ser estimulado. O zinco está presente em alimentos como ostras, feijão, grão de bico, amêndoas, amendoim, espinafre, camarão, sementes de linhaça e de abóbora, lagosta e chocolate amargo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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