Teste de sangue para detecção precoce da doença de Alzheimer e estratégias remediativas

Um exame de sangue pode detectar a doença de Alzheimer nos estágios iniciais e anos antes do aparecimento dos sintomas, sugerem estudos nos Estados Unidos e na Suécia. Os investigadores descobriram que medir a proteína p-tau217 poderia prever o Alzheimer com 96% de precisão.

Atualmente, o Alzheimer é diagnosticado por meio de uma combinação de testes de memória e varreduras cerebrais, uma vez que os sintomas já tenham aparecido. O problema é que geralmente este diagnóstico só chega quando não há mais o que possa ser feito.

O diagnóstico precoce é importante porque pode oferecer mais oportunidades de tratamento da doença. O ideal é identificação da doença em um estágio pré-clínico, em que os exames de imagem cerebrais tradicionais aparecem ainda normais. A fase pré-clínica da doença de Alzheimer pode durar anos, possivelmente até décadas.

Testes genéticos podem dizer se você tem um risco maior de doença de Alzheimer, particularmente a doença de Alzheimer de início precoce (PSEN1 e PSEN2) e Alzheimer tardio (APOE4) . Mas você também pode observar se você ou entes queridos possuem sintomas de comprometimento cognitivo leve, o que inspira cuidados.

Sintomas do comprometimento cognitivo leve (CCL)

Alterações leves na memória e velocidade de raciocínio não geram mudanças significativas o suficiente para afetar o trabalho ou os relacionamentos. Contudo, pessoas com CCL podem já experimentar lapsos de memória durante conversas ou para lembrar eventos recentes ou compromissos.

Pessoas com CCL também podem ter problemas para julgar a quantidade de tempo necessária para a realização de uma tarefa, ou podem ter dificuldade para julgar corretamente o número ou a sequência de etapas necessárias para concluí-la. A capacidade de tomar decisões acertadas tammbém pode se tornar mais difícil.

Nem todo mundo com comprometimento cognitivo leve vai desenvolver a doença de Alzheimer. O quanto antes você melhorar o seu estilo de vida, mais protegido estará. Um grande relatório publicado em uma das revistas científicas mais importantes do mundo, The Lancet, sugere que 12 fatores sob o nosso controle são responsáveis ​​por até 40% dos casos de transtornos neurocognitivos. Estas 5 principais estratégias devem ser tomadas com muito carinho quando falamos de um cérebro saudável:

✅ Monitoramento da pressão arterial, níveis de colesterol, glicose, homocisteína, proteína C reativa, concentração de vitamina D e B12 no plasma. De acordo com os estudos mais recentes, entre 30% a 50% de todos os casos de Alzheimer podem ser evitáveis ​​com o controle do peso, glicemia, pressão arterial, níveis de colesterol, homocisteína, otimização dos níveis hormonais, massa muscular e sono.

✅ Dieta antiinflamatória baseada em plantas e de características mais cetogênicas. Um estudo de 20 anos com milhares de mulheres sugere que comer mirtilos pelo menos uma vez por semana ou morangos pelo menos duas vezes por semana pode atrasar o envelhecimento do cérebro em até 2,5 anos. No Brasil outra opção é o açaí (sem açúcar, xarope e leite condensado, é claro).

✅ Atividade física. Pessoas sedentárias com mais de 50 anos mostraram melhorias na capacidade de raciocínio após seis meses de caminhadas, três vezes por semana.

✅ Treino cognitivo. Mantenha seu cérebro engajado. Experimentar novas atividades e desenvolver novas habilidades ao longo da vida vai te ajudar a reduzir o risco de declínio cognitivo.

✅ Evite toxinas. Isso inclui ficar longe de alimentos processados ​​e toxinas ambientais (poluição, fumaça de tabaco) tanto quanto possível.

Transtorno neurocognitivo leve devido à doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é frequentemente diagnosticada no estágio de transtorno cognitivo leve, quando fica claro para a família e os médicos que uma pessoa está tendo problemas significativos de memória e pensamento que afetam o funcionamento diário. No estágio leve, as pessoas podem experimentar:

  • Perda de memória de eventos recentes ou dificuldade especial para lembrar informações recém-aprendidas, levando a pessoa a fazer a mesma pergunta repetidamente.

  • Dificuldade com a resolução de problemas, tarefas complexas e julgamentos sólidos. Planejar um evento familiar ou cuidar das finanças torna-se muito mais cansativo.

  • Mudanças na personalidade. As pessoas podem sentir uma queda na autoestima, sentirem-se mais retraídas, especialmente em situações socialmente desafiadoras. Podem também mostrar mais irritabilidade ou raiva ou, ainda, redução da motivação para concluir tarefas rotineiras.

  • Dificuldade em organizar e expressar pensamentos. Encontrar as palavras certas para descrever objetos ou expressar ideias com clareza torna-se cada vez mais desafiador.

  • Perder-se ou perder pertences. Os indivíduos têm cada vez mais dificuldade em se orientar, mesmo em lugares familiares. Também é comum perder ou extraviar coisas, incluindo itens valiosos.

Transtorno cognitivo devido à doença de Alzheimer

Durante o estágio moderado da doença de Alzheimer, as pessoas ficam mais confusas e esquecidas e começam a precisar de mais ajuda nas atividades diárias e no autocuidado. Pessoas com o estágio de demência moderada da doença de Alzheimer podem:

  • Mostrar julgamento cada vez mais pobre e confusão cada vez mais profunda. Os indivíduos perdem a noção de onde estão, do dia da semana ou da estação. Eles podem confundir membros da família ou amigos íntimos uns com os outros, ou confundir estranhos com familiares.

  • Eles podem vagar, possivelmente em busca de ambientes que pareçam mais familiares. Essas dificuldades os tornam mais inseguros e ficar sozinho torna-se mais perigoso.

  • Experimentam uma perda de memória ainda maior. Podem esquecer detalhes do próprio histórico pessoal, como endereço ou número de telefone, ou onde frequentaram a escola. Tendem a repetir as histórias favoritas ou inventar histórias para preencher lacunas na memória.

  • Começam a precisar de mais ajuda com algumas atividades diárias. Pode ser necessária assistência na escolha de roupas adequadas para a ocasião ou para o clima e para tomar banho, arrumar-se, usar o banheiro e outros cuidados pessoais. Alguns indivíduos ocasionalmente perdem o controle da bexiga ou dos movimentos intestinais.

  • Podem sofrer mudanças significativas na personalidade e no comportamento. Não é incomum durante o estágio moderado que as pessoas desenvolvam suspeitas infundadas – por exemplo, para se convencer de que amigos, familiares ou cuidadores profissionais estão roubando deles, ou que um cônjuge está tendo um caso amoroso. Outros podem ver ou ouvir coisas que não estão realmente lá. Tudo isto tende a gerar inquietude, agitação, especialmente no final do dia. Algumas pessoas podem ter explosões de comportamento físico agressivo.

Transtorno neurocognitivo grave devido à doença de Alzheimer

Na fase tardia da doença, anteriormente conhecida como demência grave devido à doença de Alzheimer, a função mental continua a declinar e a doença tem um impacto crescente no movimento e nas capacidades físicas. No estágio mais avançado devido à doença de Alzheimer, as pessoas geralmente:

  • Perdem a capacidade de se comunicar de forma coerente.

  • Requerem assistência diária com cuidados pessoais. Isso inclui assistência total para comer, vestir-se, usar o banheiro e todas as outras tarefas diárias de autocuidado.

  • Experimentam um declínio nas habilidades físicas. Alguns perdem a capacidade de andar sem ajuda e, em seguida, de sentar ou sustentar a cabeça sem apoio. Os músculos podem tornar-se rígidos e os reflexos anormais. Eventualmente, uma pessoa perde a capacidade de engolir e controlar as funções da bexiga e do intestino.

Taxa de progressão através dos estágios da doença de Alzheimer

A taxa de progressão da doença de Alzheimer varia muito. Em média, as pessoas com doença de Alzheimer vivem entre três e 11 anos após o diagnóstico, mas algumas sobrevivem 20 anos ou mais. O grau de comprometimento no diagnóstico pode afetar a expectativa de vida. A pneumonia é uma causa comum de morte porque a deglutição prejudicada permite que alimentos ou bebidas entrem nos pulmões, onde uma infecção pode começar. Outras causas comuns de morte incluem desidratação, desnutrição, quedas e outras infecções.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
Tags