Renoir - o artista e a artrite

Andreé

Andreé

Assisti na semana passada o filme Renoir, que retrata parte da vida de um dos maiores pintores da história. O filme se passa em 1915, durante a primeira guerra mundial. Nesta época Renoir encontra e pinta uma de suas musas inspiradoras, Andreé. Mas o que me chamou atenção no filme foi a dificuldade do pintor para exercer sua arte, já idoso, devido a uma grave artrite reumatóide que gerou uma deficiência física.

Mesmo com grandes deformidades nas mãos e muitas dores Renoir seguiu pintando. A artrite reumatóide é uma doença inflamatória crônica que pode afetar articulações em todo o corpo.

A causa é desconhecida mas sabe-se que é autoimune. Vírus ou bactérias e a propensão genética parecem fatores de riscos importantes. A doença parece afetar 1% da população mundial, sendo mais comum nas mulheres do que  entre os homens.

Os principais sintomas da doença são as dores, inchaço, rigidez articular e inflamação. Com a progressão da doença os pacientes podem desenvolver incapacidades físicas. A AR é um fator de risco importante para as doenças cardíacas porém a dieta livre de glúten melhora o perfil lipídico, diminuindo o colesterol ruim (LDL) e aumentando os níveis de anticorpos naturais que combatem os sintomas da artrite. A alimentação adequada é muito importante para o alívio destes sintomas e o retardo da progressão da doença.

Pesquisas mostram que os pacientes com artrite reumatóide (AR) que consomem dietas com menos alimentos de origem animal e também menos glúten estão mais protegidos contra doenças cardiovasculares. A dieta baseada em vegetais também é rica em fitoquímicos antiinflamatórios que reduzem a dor. Gengibre e açafrão são dois condimentos antiinflamatórios, baratos e de fácil inserção na dieta, sendo recomendados para maior conforto do paciente.

Suplementos:

A deficiência de vitamina D pode aumentar a incidência de doenças autoimunes e dificultar o tratamento. Exames regulares devem ser solicitados e a carência, quando presente, deve ser corrigida. Condroitina e glucosamina são dois componentes importantes das cartilagens. Estudos sugerem que a suplementação pode ajudar a diminuir dores articulares por isto é bastante utilizada como suplemento para atletas e no tratamento de artrite.

Porém, um estudo dos Estados Unidos apontou que muitos suplementos não conseguem cumprir o que promete, principalmente por conta de fraudes na fabricação. Durante a análise dos produtos foi verificado que alguns continham apenas a metade da condroitina informada no rótulo, enquanto outros continham de 0 a 8%. No Brasil, desconheço testes que mostrem o valor real de condroitina e glucosamina nos produtos comercializados.

Kris-Ehterson, Grieger e Etherton (2009) recomendam e altas dosagens de ômega-3 (aproximadamente 3,5 gramas ao dia) para o tratamento da sintomatologia. Considerando-se que 1 porção de peixe oleoso fornece apenas 400 a 500 gramas de ômega-3 a suplementação é recomendada já que este tipo de gordura possui ação antiinflamatória.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cesárias podem aumentar risco de alergias, infecções e obesidade

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o Brasil é o segundo país com maior percentual de partos realizados por cesárea do mundo (55,6%), só perdendo para a República Dominicana. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar  a situação é ainda mais dramática no âmbito da medicina privada: 85,5% dos partos são realizados por cesárea nos hospitais públicas. Para a OMS a taxa aceitável ficaria entre 25 e 30%. 

O parto cirúrgico desnecessário aumenta os riscos para a saúde da mãe e do bebê e pode dificultar a amamentação. Crianças nascidas de cesária e não amamentadas têm mais doenças na infância, alergias, dermatites, infecções gastrointestinais, respiratórias e auditivas. Também tendem a ganhar mais peso. 

Um dos motivos é que ao nascerem de parto cesariano e não serem amamentadas as crianças têm a colonização por bactérias probióticas atrasada. Bactérias probióticas são microorganismos bons que protegem nosso corpo contra aqueles causadores de doenças. O desequilíbrio entre bactérias boas e ruins (disbiose) afeta negativamente a digestão de nutrientes, aumenta a incidência de intolerância a lactose, piora a imunidade, eleva a inflamação intestinal.

Hoje a ciência mostra que um intestino inflamado contribui para maior inflamação de todo o corpo, inclusive do cérebro. Não sentimos o que o nosso corpo faz o dia inteiro mas ele está trabalhando. Os rins estão filtrando, o coração está batendo e o intestino está absorvendo nutrientes vindos de alimentos consumidos horas antes. O intestino é tão importante que possui seu próprio sistema nervoso, trabalhando de forma independente. Mesmo assim, vive se comunicando com o cérebro e vice-versa. 

Não é a toa que ao sentir medo uma pessoa pode ter dor de barriga ou mesmo diarreia. Isto ocorre pois sinais do cérebro chegam ao intestino. Sinais do intestino também podem chegar ao cérebro pelo nervo vago. Quando o intestino encontra-se irritado muitas mensagens chegam ao cérebro e alteram seu funcionamento. Por isto, cansaço, mal estar, ansiedade ou irritabilidade, mal humor podem aparecer. A culpa não é só da cabeça mas também da nossa microbiota (dos seres vivos que colonizam nosso intestino).

Como vimos, esta colonização começa ao nascimento. As primeiras bactérias presentes no intestino dos bebês começam a prepará-lo para receber milhões de outras. Crianças nascidas por cesariana podem levar meses para que o intestino adquira uma colonização "normal". Quando as bactérias probióticas adaptam-se bem ao intestino ficamos mais protegidos. Isto é muito importante porque bebês colocam tudo na boca! O leite materno ajuda a fixar as bactérias boas pois seus anticorpos são capazes de identificar bactérias conhecidas e nocivas. Caso a criança não seja amamentada a colonização adequada poderá demorar anos. De fato, parece que apenas no 7o ano de vida se torna impossível distinguir a flora intestinal de crianças nascidas por parto normal daquelas nascidas por cesariana. Para reduzir o risco de doenças infantis uma alimentação balanceada e o consumo de probióticos, na forma de alimentos ou suplementos são primordiais.

Extra: no módulo 9 do meu curso de yoga converso mais sobre nutrição na gestação e ensino as técnicas de yoga e meditação apropriadas para a gestante praticar em casa.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Os cuidados com a alimentação devem começar antes da gestação

A obesidade entre mulheres em idade fértil vem aumentando em todo o mundo, preocupando as autoridades de saúde. Isto porque mulheres acima do peso, quando engravidam se expõe a maiores riscos de complicações. Mulheres obesas apresentam mais diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e sofrem mais abortos. Também estão sob maior risco de complicações cirúrgicas e hemorragias.

Mulheres com excesso de peso também expõe o bebê a maior risco de obesidade, diabetes e hipertensão no futuro. Os bebês também tendem a ser maiores, complicando o parto. Também sofrem de hipoglicemia mais facilmente ao nascer.

A gestação é um momento muito bonito da vida da mulher e deve ser vivido com alegria. Fazer dieta durante a gravidez não é nada gostoso. Até porque fazer dieta não é nunca gostoso. Mas na gestação, um momento em que a mulher sente mais fome, fazer dieta não é nada legal. Gestantes precisam de uma relação harmoniosa e saudável com a comida. Não devem ganhar muito peso, mas também não devem ganhar pouco peso.

Uma relação natural e agradável com a alimentação se desenvolve ao longo do tempo. Mesmo que uma mulher precise emagrecer antes de engravidar deverá fazer isto sem submeter o corpo a dietas malucas e planos alimentares neuróticos, os quais geram estresse e compulsão.

Uma forma de alcançar os objetivos de emagrecimento sem expor o corpo a riscos físicos e emocionais é por meio das técnicas de alimentação consciente. Por meio de exercícios de concentração e meditação aprende-se mais sobre as necessidades do corpo e seus sinais de fome e saciedade. A maior conexão corpo-mente gerada pelos exercícios reduz a ansiedade da mulher, assim como os episódios compulsivos, facilitando a escolha de alimentos apropriados, em quantidades apropriadas. Que tal experimentar?

Curso online: alimentação consciente

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/