REVEZAMENTO DE SUPLEMENTOS

Existem 7 categorias principais de suplementos e falo sobre elas neste vídeo:

Você não precisa tomar tudo ao mesmo tempo. Pode ciclar (revezar) sua suplementação e dieta, dependendo dos seus objetivos. O revezamento também pode garantir melhores resultados. Por exemplo, se você toma uma ou duas xícaras de café - uma fonte popular do ingrediente cafeína - todos os dias, você notará que, com o tempo, ela vai perdendo o efeito. É possível desenvolver uma tolerância à cafeína, momento em que você precisa beber ainda mais apenas para obter o mesmo efeito. Por esse motivo, é recomendável fazer um ciclo na ingestão de cafeína.

Junto com a cafeína, vários suplementos nutricionais podem e devem ser ciclados para maximizar os benefícios na saúde e desempenho.

1) PRÉ-TREINOS

São produtos contendo proteína, ou carboidrato ou estimulantes como cafeína, extrato de chá verde e ioimbina. Assim como acontece com a cafeína do café, o corpo pode adaptar-se a estimulantes de suplementos, tornando os efeitos menos perceptíveis. Isso tornará mais difícil obter os mesmos efeitos do pré-treino que você obteve nas primeiras vezes que o usou. Na verdade, a exposição crônica a estimulantes pode deixá-lo com menos energia e mais fadiga!

A cafeína estimula diretamente a liberação de catecolaminas das glândulas supra-renais. Quando administrado em uma dose de 3,3 miligramas por quilograma de peso corporal (cerca de 300 miligramas para um homem de 90 quilos), aumenta significativamente os níveis de cortisol por até três horas. Níveis cronicamente elevados de cortisol podem causar estragos seu corpo, suprimindo seu sistema imunológico e estimulando o acúmulo de gordura abdominal.

Se você depende de um pré-treino diário, recomendo que, a cada 6 a 8 semanas, dê um tempo e dê chance ao seu corpo para se readaptar a ficar sem ele. Pare por pelo menos duas semanas antes de retomar o uso. De preferência varie produtos e marcas.

2) QUEIMADORES DE GORDURA TERMOGÊNICOS

Os queimadores de gordura termogênica se assemelham aos pré-treinos, pois contêm estimulantes que ajudam a acelerar o metabolismo e suprimir o apetite. Por conta do alto teor de cafeína, os termogênicos podem causar a mesma elevação nos níveis de cortisol que os pré-treinos. E, à medida que os níveis de cortisol aumentam com o uso contínuo de termogênicos, os efeitos antes perceptíveis como benéficos, especialmente no quesito queima de gordura, começam a ser anulados.

Para evitar isso, sugiro que não use por mais que 2 a 3 semanas. Se precisar, intercale com produtos contendo termogênicos naturais como chá verde, guaraná, gengibre, hibisco, canela, pimenta…

3) SUPLEMENTOS PARA DORMIR

Muitas pessoas começam a usar suplementos ricos em cafeína e depois ficam com a qualidade do sono comprometida. Acabam tendo que usar suplementos como melatonina.

A melatonina, um hormônio produzido naturalmente pelo corpo, ajuda a estabelecer os ritmos circadianos de várias funções fisiológicas, não só sono, mas também pressão arterial. Embora possa oferecer um alívio temporário, o uso excessivo de melatonina pode comprometer a secreção natural deste hormônio. Resultado? Você precisará de doses cada vez maiores para conseguir dormir. Por isso, reduza a cafeína e não abuse da melatonina.

SUPLEMENTOS QUE NÃO PRECISAM DE CICLO

Nem todo suplemento precisa ser interrompido. É o caso de ômega-3, suplementos protéicos, algumas vitaminas e minerais. Mas claro, converse sempre com seu médico e nutricionista para orientações específicas para seu caso.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Por que a memória piora depois da infecção pelo COVID-19

As infecções geram uma resposta inflamatória. O pulmão sofre, mas o cérebro também. Isto porque nosso bulbo cerebral possui receptores onde o vísus SARS-Cov-2 consegue se ligar. Dentre as alterações possíveis estão redução de olfato, paladar, ansiedade, depressão e também dificuldades de memória.

A neuroinflamação gerada pela infecção causa redução nos níveis de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina. A queda da serotonina contribui para a depressão. A queda da dopamina gera falta de foco e memória. Já o aumento do glutamato está associado à continuidade da neuroinflamação (Attademo, & Bernardini, 2020).

Pacientes pós-COVID correm mais risco de desenvolvimento de doença de Alzheimer. Como restaurar a memória?

O primeiro passo é desinflamar. Adote uma dieta antiinflamatória, rica em frutas, verduras, peixes, sementes (como linhaça e chia), abacate e azeite (fontes de gorduras monoinsaturadas), ervas e condimentos (ricos em antioxidantes), redução de gorduras saturadas (máximo de 15% das calorias da dieta), carboidratos simples e tudo o que fizer mal para a pessoa.

Para aumentar a produção de serotonina consuma vegetais verde escuros, oleaginosas e leguminosas (complexo B) e proteínas (fonte do aminoácido triptofano como peixes, iogurte e whey protein). Muitos pacientes podem precisar suplementar niacina (vitamina B3 ou NADH) ou aminoácidos essencial para facilitar a recuperação. Outros nutrientes importantes são B9 (10 a 17 ng/ml), B6 (5,1 a 60 µg/L) e B12 (500 a 900 pg/ml no exame de sangue).

Para aumentar a produção de dopamina necessitamos do aminoácido tirosina (ovos, peixes, oleaginosas, abacate), vitamina B6 (soja, castanhas, iogurte, atum, grão de bico), ômega-3.

A gema do ovo é rica em colina, nutriente que também vai dar origem ao neurotransmissor acetilcolina, super importante para a memória, e para a fosfatidilcolina. Alguns fitoterápicos aumentam acetilcolina no cérebro, como sálvia officinalis, huperzina A da Huperzia serrata e Bacopa Monnieri (importante para prevenção e tratamento do Alzheimer).

Para reduzir o excesso de glutamato, que prejudica memória e concentração é importante consumir bastante magnésio. Vegetais verde escuros e sementes (abóbora e girassol), abacates, castanhas, cacau. Se o intestino estiver preso ou estiver com insônia vale a pena suplementar o magnésio. Outro nutriente que ajuda a reduzir o excesso de glutamato é o aminoácido cisteína presente na couve, couve flor, couve de bruxelas, nabo, rabanete. Quando o glutamato entra nos neurônios ele deixa entrar muito sódio nos neurônios e isso é ruim. Reduza o consumo de sal nesta fase.

Evite também suplementar cálcio nessa fase pois o cálcio em excesso também faz mal para os neurônios. Se você tem osteoponia e precisa do cálcio, este deve ser suplementado juntamente com vitamina D, vitamina K2 e magnésio. Para redução de estresse oxidativo cerebral são importantes os caratonóides (incluindo astaxantina), coenzima Q10, ácido alfa-lipóico.

Para estimular a sinaptogênese (produção de novas sinápses que vão permitir a conversa entre os neurônios) é importante atividade física e consumo de ômega-3, fosfatidilcolina, vitaminas do complexo B, Para individualização marque sua consulta.

Influência da composição corporal na recuperação da infecção pelo COVID-19

Muito também se falou nos últimos anos de suplementos e alimentos para melhoria do sistema imune. Mas melhorar a imunidade nem sempre é fácil. Nosso corpo é complexo e exige cuidados diários. Não é um própolis em um dia e um suco verde no outro que resolvem o problema.

Estudos mostraram que a quantidade de músculo e gordura que você tem no corpo influenciará muito sua imunidade. Quem tem mais massa muscular costuma passar menos tempo internado devido à infecção por COVID-19 do que quem tem mais gordura corporal. Isto porque o músculo produz mais citocinas anti-inflamatórias enquanto o tecido adiposo contribui para a tempestade de citocinas, característica de um maior estado inflamatório e de maior gravidade dos pacientes (Nigro et al., 2020).

Não dá para fugir: alimentação antiinflamatória, com dieta baseada em plantas, exercício físico e sono de qualidade para recuperação são os pilares básicos da saúde. Sim, quando necessário usamos suplementos para garantir imunidade inata, adquirida, diversidade da microbiota etc (Jawara et al., 2020). Mas não esqueça-se do todo!

APRENDA TUDO SOBRE O CÉREBRO EM https://t21.video

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Aspectos metabólicos e nutricionais de pacientes com síndrome de Klinefelter

Cariótipo de paciente com síndrome de Klinefelter

A síndrome de Klinefelter (SK) é a aneuploidia cromossômica sexual mais comum em homens. Caracteriza-se por um cromossomo X adicional, o que leva, na maioria dos casos, a um cariótipo de 47 XXY, ao invés 46 XY.

A prevalência de SK é estimada entre 1 em 448 a 1 em 917 nascimentos do sexo masculino. O número de casos parece ter aumentado durante as últimas décadas. Isso pode ser parcialmente explicado pelo aumento da idade materna ao engravidar, pior qualidade do esperma (especialmente devido a estresse oxidativo aumentado), mudanças ambientais.

O cromossomo X supranumerário origina-se em 50% dos casos da mãe e nos outros 50% dos casos do pai. Em ambas as situações, é devido a um evento de não disjunção durante a gametogênese parental ou não disjunção pós-zigótica durante as divisões mitóticas embrionárias iniciais. Em 90% dos pacientes com SK, o cariótipo é um típico 47 XXY, enquanto 7% dos pacientes têm mosaicismo. Os outros 3% têm variantes raras, como 48 XXXY ou 48 XXYY. Essas variantes com dois cromossomos sexuais extras são extremamente raras (1:18.000–1:100.000) e geralmente são caracterizadas por um fenótipo mais grave.

A SK foi descrita pela primeira vez em 1942 pelo Dr. Harry Klinefelter, que relatou uma série de casos de homens com testículos pequenos, estatura alta, ombros estreitos, quadris largos, pêlos esparsos, ginecomastia (hipertrofia do tecido glandular mamário em homens) e azoospermia (ausência de espermatozoides na ejaculação). A síndrome também pode cursar com déficit cognitivo.

Nem sempre o diagnóstico acontece na infância uma vez que é na puberdade que as características mais comuns da síndrome surgem. Os sintomas que levam a um diagnóstico durante a infância são geralmente subdesenvolvimento da genitália, hipotonia muscular, atrasos no desenvolvimento e problemas de aprendizagem e comportamento. Cerca 75% das crianças com SK apresentam atraso fonoaudiológico, 50% têm atraso nas habilidades motoras e entre 36 e 63% são diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

O diagnóstico na adolescência deve-se a características como atrofia testicular, ginecomastia ou puberdade tardia. No entanto, muitas vezes, o diagnóstico é feito na idade adulta durante investigações de infertilidade ou em pacientes que apresentam sinais e sintomas de hipogonadismo. Para o diagnóstico e tratamento são necessários exames hormonais (testosterona, FSH, inibina B (INHB) e o hormônio anti-mülleriano (AMH). Com a suspeita é solicitado o cariótipo para análise dos cromossomos.

Alterações físicas e metabólicas na síndrome de Klinefelter

Características metabólicas comuns em pacientes com síndrome de Klinefelter (Mameli et al., 2022)

Homens com a síndrome de Klinefelter (SK) normalmente têm uma estatura alta, provavelmente causada pela duplicação do gene SHOX, largura e circunferência da cintura e do quadril aumentados. O hipogonadismo, comum em adultos com SK, foi considerado um fator de risco independente para aumentar a adiposidade do tronco e diabetes em homens.

Uma composição corporal desequilibrada pode já estar presente antes da puberdade e frequentemente cursa com obesidade abdominal, síndrome metabólica, diabetes e problemas cardíacos. A obesidade abdominal é a principal responsável pela diminuição da sensibilidade à insulina, mesmo quando os níveis séricos de testosterona estão na faixa normal.

Outra questão comum na SK é a alteração do metabolismo ósseo. Estudos em homens adultos com SK descreveram um risco aumentado de densidade mineral óssea prejudicada e uma maior morbidade e mortalidade por fraturas do fêmur e da coluna.

Nutrição na Síndrome de Klinefelter

Para garantia da saúde de pessoas com SK o monitoramento dos fatores de risco cardiovascular (pressão, colesterol, triglicerídeos), o controle do peso e dos níveis de açúcar no sangue são fundamentais. Dieta saudável e atividade física regular fazem parte do tratamento.

Em relação à mineralização óssea, é fundamental o acompanhamento dos níveis sanguíneos de vitamina D, cálcio e paratormônio (PTH). Considerando a deficiência de testosterona em crianças e adolescentes com SK, aprofundar o conhecimento da relação entre dieta e testosterona pode ser interessante. Garantir nutrientes para a produção de testosterona também é muito importante.

Recomenda-se o acompanhamento e a realização de avaliações antropométricas regulares e educação em saúde para promover um estilo de vida saudável desde a infância.

Cronograma de acompanhamento padrão (cor cinza) e proposto (cor amarelo) de pacientes Klinefelter desde o nascimento até a idade adulta (Mameli et al., 2022)

Em relação à neuronutrição recomenda-se ômega-3, cúrcuma, vitamina D, Pode ser usado 5HTP, tirosina, metilfolato, piridoxina e magnésio para modulação de serotonina e dopamina, assim como fitoterápicos (Mucuna pruriens, Alpinia galanga, Bacopa monieri), a depender da necessidade de cada paciente. Para individualização marque sua consulta:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/