Cesárias podem aumentar risco de alergias, infecções e obesidade

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o Brasil é o segundo país com maior percentual de partos realizados por cesárea do mundo (55,6%), só perdendo para a República Dominicana. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar  a situação é ainda mais dramática no âmbito da medicina privada: 85,5% dos partos são realizados por cesárea nos hospitais públicas. Para a OMS a taxa aceitável ficaria entre 25 e 30%. 

O parto cirúrgico desnecessário aumenta os riscos para a saúde da mãe e do bebê e pode dificultar a amamentação. Crianças nascidas de cesária e não amamentadas têm mais doenças na infância, alergias, dermatites, infecções gastrointestinais, respiratórias e auditivas. Também tendem a ganhar mais peso. 

Um dos motivos é que ao nascerem de parto cesariano e não serem amamentadas as crianças têm a colonização por bactérias probióticas atrasada. Bactérias probióticas são microorganismos bons que protegem nosso corpo contra aqueles causadores de doenças. O desequilíbrio entre bactérias boas e ruins (disbiose) afeta negativamente a digestão de nutrientes, aumenta a incidência de intolerância a lactose, piora a imunidade, eleva a inflamação intestinal.

Hoje a ciência mostra que um intestino inflamado contribui para maior inflamação de todo o corpo, inclusive do cérebro. Não sentimos o que o nosso corpo faz o dia inteiro mas ele está trabalhando. Os rins estão filtrando, o coração está batendo e o intestino está absorvendo nutrientes vindos de alimentos consumidos horas antes. O intestino é tão importante que possui seu próprio sistema nervoso, trabalhando de forma independente. Mesmo assim, vive se comunicando com o cérebro e vice-versa. 

Não é a toa que ao sentir medo uma pessoa pode ter dor de barriga ou mesmo diarreia. Isto ocorre pois sinais do cérebro chegam ao intestino. Sinais do intestino também podem chegar ao cérebro pelo nervo vago. Quando o intestino encontra-se irritado muitas mensagens chegam ao cérebro e alteram seu funcionamento. Por isto, cansaço, mal estar, ansiedade ou irritabilidade, mal humor podem aparecer. A culpa não é só da cabeça mas também da nossa microbiota (dos seres vivos que colonizam nosso intestino).

Como vimos, esta colonização começa ao nascimento. As primeiras bactérias presentes no intestino dos bebês começam a prepará-lo para receber milhões de outras. Crianças nascidas por cesariana podem levar meses para que o intestino adquira uma colonização "normal". Quando as bactérias probióticas adaptam-se bem ao intestino ficamos mais protegidos. Isto é muito importante porque bebês colocam tudo na boca! O leite materno ajuda a fixar as bactérias boas pois seus anticorpos são capazes de identificar bactérias conhecidas e nocivas. Caso a criança não seja amamentada a colonização adequada poderá demorar anos. De fato, parece que apenas no 7o ano de vida se torna impossível distinguir a flora intestinal de crianças nascidas por parto normal daquelas nascidas por cesariana. Para reduzir o risco de doenças infantis uma alimentação balanceada e o consumo de probióticos, na forma de alimentos ou suplementos são primordiais.

Extra: no módulo 9 do meu curso de yoga converso mais sobre nutrição na gestação e ensino as técnicas de yoga e meditação apropriadas para a gestante praticar em casa.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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