A levedura de arroz vermelho é um fitoterápico rico em monacolina k, reconhecida pela sua capacidade de manter os níveis normais de colesterol no organismo. É uma alternativa natural às estatinas (medicamento utilizado para o controlo do colesterol), atuando da mesma forma, pela inibição da enzima HMG-CoA redutase.
Existem produtos com quantidades variáveis de monacolina K. Doses de 315 mg são muito comuns nos suplementos. Contudo, estudos usam doses geralmente maiores, como 1.200 mg ao dia, por 6 semanas. Nesta dosagem, há redução de colesterol total, triglicerídeos, LDL-c e proteína C-reativa ultra-sensível, um importante marcador inflamatório (Cicero et al., 2019).
Em outro estudo, os pesquisadores suplementaram a monacolina K do arroz vermelho fermentado com 30 mg de coenzima Q10 e observaram redução da pressão arterial, colesterol total, triglicerídeos, colesterol HDL e glicemia (Mazza et al., 2019). Um segundo estudo encontrou resultados similares e não foi observada miólise (o marcador foi a creatina quinase) nem alterações importantes de enzimas hepáticas, o que pode acontecer em pacientes em uso de estatinas (Heinz et al., 2016).
CUIDADOS
REDUZ COENZIMA Q10 - A monocolina K tem ação similar às estatinas, inibindo a enzima HMG-CoA redutase. No processo, colesterol, coenzima Q10 e outras substâncias deixam de ser produzidas. Suplementar os pacientes e consumir fontes de Q10 como sardinha e feijão azuki.
RISCO DE MIÓLISE - destruição da musculatura esquelética. Controlar creatina quinase (CK). Com o uso de estatinas a CK pode aumentar 10 ou mais vezes. Com o arroz vermelho isso não é comum, mas monitoramento é necessário.
SELENOPROTEÍNAS (PROTEÍNAS DEPENDENTES DE SELÊNIO COMO DIODINASES) PODEM SER AFETADAS. O selênio é um mineral fundamental para o organismo, participando de reações que contribuem para a saúde da tireóide, saúde cardíaca e proteção antioxidante.
RECOMENDAÇÕES DAS ENTIDADES DE SAÚDE
Em geral o uso de 3 a 10 mg da monocolina K é segura, mas existem relatos de necrose de hepatócitos (em doses a partir de 15 mg), rabdomiólise (0 a 23,8% dos estudos). Por isso, todo paciente deve ser acompanhado e os exames de sangue devem ser repetidos anualmente (EFSA, 2018; Foggacci et al., 2019).
Sintomas gastrointestinais (diarreia, desconforto gastrointestinal), sintomas nervosos (dores de cabeça), alergias, fadiga, tontura também podem ser observadas pois aparecem em 30 a 76% dos estudos.
O arroz fermentado em casa não terá o mesmo efeito. A fermentação deve ocorrer na indústria farmacêutica em ambiente controlado para que a fermentação do arroz (Oryza sativa) não gere citrina (uma micotoxina). O ideal é que isto viesse descrito no rótulo, como valor de citrina igual a zero, mas não tenho visto isso. Por isso, não indico para gestantes e pacientes renais.
Também não devem ser usados em conjunto com medicamentos que inibem a CYP3A4 como ciclosporina, verapramil, antifúngicos azole, macrolida, nefazodona, inibidores de protease HIV, fibratos, varfarina pois podem aumentar a miotoxicidade e o risco de rabdomiólise.