As placas de gordura nas artérias (aterosclerose) levam a um espessamento da camada íntima dos vasos. A palavra aterosclerose tem origem grega e é constituída de duas partes: (1) aterosclerose (acúmulo de gordura acompanhado por macrófagos - um tipo de célula de defesa) e esclerose (camada de fibrose compreendendo células musculares lisas, leucócitos e tecido conjuntivo).
A formação das placas começa com a deposição de pequenos cristais de colesterol na íntima e no músculo liso dos vasos. Em seguida, as placas crescem com a proliferação de tecidos fibrosos e do músculo liso circundante e se projetam para dentro das artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo. O aumento do tecido conjuntivo e a deposição de cálcio na lesão geram a esclerose (endurecimento das artérias). Finalmente, a superfície irregular das artérias resulta em formação de coágulos e trombose, o que leva à obstrução súbita do fluxo sanguíneo, aumentando o risco de infartos, derrames e morte.
O início de tudo
O aumento dos níveis de gordura e açúcar no sangue relacionam-se a um maior dano oxidativo, que afeta a capacidade antioxidante e os níveis de lipoproteínas. Estudos em animais e humanos mostram que as estrias gordurosas são o primeiro sinal de aterosclerose. As lesões iniciais geralmente são causadas pelo aumento focal das lipoproteínas na camada íntima das artérias.
As partículas de lipoproteínas são compostas de proteínas, fosfolipídios e também lipídios, como colesterol e triglicérides. Uma das mais importantes lipoproteínas aterogênicas é a lipoproteína de baixa densidade rica em colesterol (LDL). Esta lipoproteína pode ser acumulada na íntima vascular devido à sua capacidade de se infiltrar no endotélio ou aderir aos componentes da matriz extracelular.
A lesão inicial inicial é composta por células espumosas e depósitos de gordura extracelular e um pequeno número de plaquetas. Durante o progresso do processo, o músculo se prolifera e, nas etapas finais, intensifica-se o sangramento para dentro da placa
As LDL pequenas e densas são mais susceptíveis de causar aterosclerose pelo facto de entrarem mais facilmente no espaço subendotelial, e de ficarem aí retidas e de serem mais susceptíveis à oxidação (em parte também por terem menor teor de Vitamina E). Em caso de inflamação crónica combinada com maior concentração de partículas de LDL pequenas e densas, o risco cardiovascular aumenta significativamente.
Quanto maior o número de partículas de LDL pequenas e densas na íntima, maior é a lesão. Citocinas e lipídios oxidados desempenham papéis importantes na ativação de células endoteliais. Durante os primeiros estágios da aterosclerose, monócitos e linfócitos T se infiltram na íntima vascular.
Monócitos diferenciam-se em macrófagos que capturam lipídios oxidados ou a LDL oxidada para formar células espumosas. Este processo depende da expressão de moléculas de adesão de leucócitos e quimiocinas nas quais a transcrição é realizada pelo fator NF-kβ. Esse fator é um fator de transcrição e é ativado quando as citocinas pró-inflamatórias se ligam a seus receptores na superfície endotelial. A LDL oxidada regula as moléculas de adesão.
Algumas células espumosas na lesão íntima em desenvolvimento morrem por apoptose. Esta apoptose faz com que um núcleo necrosante rico em lipídios esteja no centro da placa aterosclerótica mais desenvolvida. Os monócitos, além de produzirem células espumosas, podem produzir substâncias citotóxicas, como fator de necrose tumoral (TNF) e radicais livres. Essas substâncias podem causar mais danos ao endotélio, bem como mais oxidação do LDL, levando a mais alterações metabólicas. A musculatura passa a crescer para dentro do vaso, junto com tecidos fibrosos, macrófagos, linfócitos e gordura. A placa madura reduz o luxo sanguíneo nos vasos.
Fatores e indicadores de risco para aterosclerose
As causas exatas e os fatores de risco da aterosclerose são desconhecidos; entretanto, certas condições, características ou hábitos podem aumentar a chance de desenvolver aterosclerose, como aumento dos níveis de colesterol e LDL, redução do HDL, aumento da pressão sanguínea, tabagismo, resistência à insulina, diabetes, sobrepeso e obesidade, sedentarismo, dieta inadequada, envelhecimento, inflamação, altos níveis de proteína C-reativa, hipertrigliceridemia, apneia do sono, estresse, defeitos na produção de óxido nítrico, aumento da homocisteína e alto consumo de álcool. Esta lista já nos mostra muito do que precisamos fazer para reduzir o risco de problemas cardíacos.
Para a redução da inflamação uma série de compostos bioativos de plantas vem sendo investigados (ver tabela). Plantas são fonte de diferentes antioxidantes, como vitaminas, minerais e fitoquímicos que podem modular vias bioquímicas, reduzindo o estresse oxidativo e a inflamação. Um dos importantes componentes das plantas com efeitos antioxidantes é o grupo dos compostos fenólicos, como os flavonóides.
Os flavonóides estão entre os antioxidantes potentes, sequestradores de radicais livres, auxiliares na eliminação de metais tóxicos e inibidores da peroxidação lipídica. Estudos mostram que os flavonóides inibem a oxidação de LDL em meios de cultura de macrófagos e também reduzem a absorção da LDL oxidada por receptores de varredura de macrófagos.
Esta temática é melhor discutida no curso online Fitoterapia. A tabela ao lado traz uma lista de possíveis plantas a serem utilizadas, considerando-se o efeito terapêutico dos flavonóides para doenças cardiovasculares: