Vacinações na gestação contribuem para o desenvolvimento do autismo?

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Apesar de muitas pessoas terem esta preocupação estudos publicados mais recentemente não ligam a vacinação pré-natal ao risco de desenvolvimento de autismo em crianças. Para Yoshimasu e colaboradores (2014) o mercúrio inorgânico presente no ar poluído é mais prejudicial do que o timerosal de vacinas ou mesmo o metilmercúrio encontrado em peixes. 

Estudo de caso-controle publicado no Japão (Uno et al., 2015) não encontrou evidências de que a vacinação pré-natal esteja associada ao desenvolvimento de autismo em crianças. Outro estudo publicado no mesmo ano avaliou o efeito de vacinas contendo timerosal (sarampo, caxumba e rubéola) em macacos Rhesus (Bharahi et al., 2015). Não foram observadas alterações neuropatológicas nas áreas do cérebro estudadas (cerebelo, hipocampo e amígdala), nem no comportamento dos animais.

Em 2018 foi publicado estudo que avaliou o efeito do consumo de peixes contendo mercúrio por gestantes e o posterior desenvolvimento de autismo nas crianças. As diferentes concentrações de mercúrio no plasma não associaram-se a traços autísticos nas crianças (Golding et al., 2018). De acordo com Wu e colaboradores (2018) a vacina contra a gripe também é segura. Para os pesquisadores muito pior seria a infecção pré-natal visto que esta sim compromete o neurodesenvolvimento. Porém, para Zerbo e colaboradores (2017) o risco parece maior quando a mãe recebe a vacina no primeiro trimestre gestacional.

Becerra-Culqui e colaboradores (2018) estudaram os efeitos da vacinação das mães contra tétano, coqueluche e difteria entre 2011 e 2014 e também não conseguiram comprovar maior risco de desenvolvimento de autismo nas crianças. Desta forma, a recomendação em termos de saúde pública continua a mesma: seguir o calendário de vacinas preconizado pelo ministério da saúde.

Mas quais então seriam os fatores de risco para o autismo? 

A ciência ainda debate este assunto. Meta-análise publicada este ano mostrou que o uso de acetaminofen/paracetamol (medicamento para febre e dor) durante a gestação está associado ao maior risco de desenvolvimento de autismo e TDAH. Porém, a maior parte dos estudos da revisão foram observacionais, estando susceptíveis a erros e vieses (Masarwa et al., 2018).

Outro estudo mostrou que gestantes mais expostas a ultrassonografias podem gerar bebês com maior risco de alterações neurológicas e autismo. Desta forma, as ultrassonografias não devem ser repetidas desnecessariamente, especialmente no primeiro e segundo trimestes. Mesmo assim, os autores recomendam novos estudos que confirmem os achados (Rosman et al., 2018).

Vários outras hipóteses continuam sendo investigados como inflamação durante a gestação, hipóxia pós-natal (Tilborg et al., 2017), poluição ambiental (Chang, Cole, & Costa, 2018), mutações genéticas (Zurek et al., 2016Caubit et al., 2016), exposição a agrotóxicos (Carter, & Blizard, 2016; Lyall et al., 2016) dentre outros fatores. 

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/