Estresse na gestação e risco de transtornos do espectro autista

O debate sobre as causas do transtorno do espectro autista (TEA) não cessa. Além das questões genéticas (Bai et al., 2019) vários fatores ambientais vêm sendo investigados, como a idade dos pais, infecções, asma, condições auto-imunes, diabetes gestacional, deficiência de ferro, obesidade, ansiedade e depressão.

Um dos fatores pré-natais mais estudado é a influência dos níveis de cortisol, um hormônio que eleva-se em situações de estresse, no neurodesenvolvimento dos bebês. O cortisol é liberado em quantidades crescentes à medida que a gravidez avança. Entra nas células onde interage com receptores que ativam a transcrição (leitura) de genes. O cortisol é um dos hormônios que regula o metabolismo. Estimula a rápida mobilização de glicose, aminoácidos para produção de energia, tão necessária na gravidez. Têm também um efeito anti-inflamatório e desempenha um papel importante no desenvolvimento e manutenção da função cerebral (Meyer, 2014)..

Contudo, em altas concentrações, causa retenção de líquidos, aumento da pressão sanguínea, resistência à insulina e intolerância à glicose. Também aumenta o risco de parto prematuro e menor peso ao nascer. Existem mecanismos para proteger o feto contra o cortisol. Porém, não conhecemos o limite que o feto é capaz de suportar. Estudos mostram que mulheres com filhos com TEA possuem níveis mais altos de cortisol, principalmente no caso de bebês do sexo masculino.

O que eleva o cortisol?

Embora o cortisol seja importante para a regulação do metabolismo, seus níveis aumentam durante as infecções, doenças periodontais, estresse, consumo de álcool, uso de anticoncepcionais, disfunção da glândula adrenal, deficiência de ferro, sono irregular e tumores cerebrais. Desta forma, é muito importante que mulheres que desejam engravidar escolham o momento mais adequado, façam um check-up e mantenham-se saudáveis.

Estratégias para redução do cortisol

Caso o cortisol esteja alto as causas serão investigadas e tratadas. Estratégias para o combate ao estresse, como atividade física e yoga são muito importantes. Um nutricionista também deverá ser consultado já que vários suplementos contribuem para a redução do cortisol como fosfatidil serina, eurycoma longifolia, vitamina C, rodhiola rosea, glutamina, ashwagandha, licorice, curcumina e crocus sativus. Na gestação suplementos devem ser usados com muito critério. Busque sempre orientação profissional. Agende uma consultoria!

No módulo 9 do meu curso de yoga ensino as técnicas apropriadas para a gestante praticar em casa.

Após a gestação/nascimento

Crianças diagnosticadas com TEA parecem ter reações mais intensas ao estresse. O cortisol elevado acaba aumentando o pH intestinal, desequilibrando a microbiota e causando disbiose intestinal. Por isto, é comum que experimentem constipação ou diarreia, dor abdominal ou outros problemas gastrointestinais. Quanto maiores são os níveis de cortisol maiores são as alterações gastrointestinais, o que acaba aumentando o risco também de alergias e sintomas alimentares, que geram vários outros sintomas (Ferguson et al., 2016) em diferentes órgãos e tecidos:

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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