Garantindo uma gestação saudável | Nutrientes a serem avaliados por exames durante os três trimestres

A preparação para a gravidez e a gravidez geram um turbilhão de emoções. Serei boa mãe? Serei bom pai? O bebê nascerá saudável? Como posso garantir seu potencial? Que exames preciso fazer? O que devo comer? Que nutrientes devo suplementar? Estas perguntas são muito válidas. Felizmente cada vez mais os pais têm acesso a boas informações.

A nutrição é um dos aspectos chave no preparo para um bebê e posteriormente adulto saudável. Tudo no corpo acontece a partir de nutrientes. Assim, além da avaliação básica (glicemia, hemograma, avaliação da tireóide, sífilis, HIV, rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose, hepatite) também devem ser analisado o estado nutricional, Seguem alguns exemplos de exames a serem solicitados:

  • Cálcio - envolvido na formação óssea e na prevenção da pré-eclâmpsia. Pode ser avaliado no soro (cálcio total) e como cálcio iônico;

  • Colina - vitamina do complexo B envolvida na divisão celular, na proliferação de células tronco, no desenvolvimento cognitivo e na regulação de mecanismos epigenéticos. A avaliação é indireta, por meio de sinais e sintomas (alterações cognitivas e hepáticas, ansiedade), consumo alimentar e exame de homocisteína;

  • Ferro - essencial ao desenvolvimento do sistema nervoso, na oxigenação dos tecidos da mãe e bebê. Avaliação pelo hemograma (hemácia, hemoglobina, valores hematimétricos), ferritina, saturaçção de transferrina;

  • Iodo - mineral envolvido na síntese de hormônios da tireóide, desenvolvimento do sistema nervoso, prevenção de descolamento de placenta, pré-eclâmpsia e déficits cognitivos e psicomotores. É avaliado por meio de exame de urina;

  • Magnésio - envolvido no metabolismo energético e na prevenção de parto prematuro, hipertensão gravídica, diabetes gestacional e infecções urinárias. Avaliado no soro;

  • Vitamina A - melhora imunidade da gestantes, evita anemia, envolvida na destoxificação e formação de estruturas do olho e sistema nervoso, além de ter função antioxidante. Avaliada no sangue;

  • Vitamina B6 - síntese protéica, prevenção de defeitos do tubo neural, regulação epigenética, importante para a produção do antioxidante glutationa. Avaliado no sangue;

  • Vitamina B9 (Folato) - participa da síntese protéica e divisão celular. Previne defeitos do tubo neural, regula mecanismos epigenéticos, produção de células sanguíneas, além de prevenir abortos e partos prematuros. O ideal seria avaliar polimorfismos genéticos comuns, além de exames de sangue de ácido fólico (soro) e homocisteína;

  • Vitamina B12 - apoio à divisão celular, amadurecimento de glóbulos vermelhos, prevenção de abortos e partos prematuros e defeitos no tubo neural (regulação epigenética). Avaliada no soro e indiretamente por meio da homocisteína e valores hematimétricos;

  • Vitamina C - antioxidante, reforça a imunidade, previne baixo peso ao nascer, prematuridade e pré-eclâmpsia. Avaliada no sangue;

  • Vitamina D - imunomodulação, formação óssea do bebê, prevenção da pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, vaginose bacteriana, insuficiência placentária e doenças alérgicas da infância. Avaliação de 25(OH)D no soro;

  • Selênio - reduz danos oxidativos, função imunomoduladora e no metabolismo da tireóide. Avaliação como selênio sérico ou selenoproteína.

  • Zinco - imunomodulação, regulação da expressão genética, melhoria da digestão durante a gestação, prevenção de anomalias congênitas. Avaliação no soro.

  • Ômega-3 - redução da inflamação e prevenção de prematuridade:

Os nutrientes podem ser obtidos a partir de uma alimentação saudável suplementada dos nutrientes cuja necessidade está muito aumentada. Além disso, no caso de carência há necessidade de suplementação em dosagens maiores. O ideal é que os exames acima sejam feitos no início da gestação e repetidos mais duas vezes para a garantia de um excelente desfecho e de uma vida saudável para o bebê.

O que a gestante come e como cuida da saúde pode, na verdade, influenciar a saúde das três próximas gerações (de seus filhos à bisnetos). É o que a ciência chama de programação metabólica ou imprinting metabólico. Um dos mais importantes moduladores epigenéticos e que influenciam a saúde dos filhos por toda a vida é o peso da mãe na gravidez. Mais um motivo para um acompanhamento nutricional bem feito, especialmente se a mãe tem casos de aborto, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, má formações, síndrome de Down ou autismo na família.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Em transição para o veganismo? Conheça seus genes!

Sua resolução para o próximo ano é consumir mais vegetais ou mesmo adotar uma dieta vegana? A transição é fácil para algumas pessoas e super difícil para outras. Ouvirá relatos de pessoas que acham a transição muito tranquila e sentem-se ótimas e relatos de pessoas que sentem-se sem energia, com dores de cabeça ou outros sintomas relacionados à deficiências nutricionais. Isto pode ter a ver com sua genética. Explico mais neste vídeo:

E então, sua genética concorda com sua dieta?

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Disfunção mitocondrial na síndrome de Down

Por meio de Ressonância Magnética Nuclear é possível avaliar, em amostras de plasma e urina, a produção de substâncias relacionadas ao metabolismo energético mitocondrial. As mitocôndrias são nossas usinas energéticas, responsáveis pela produção de energia na forma de ATP. Estudo mostrou que pessoas com síndrome de Down apresentam maiores concentrações de piruvato, succinato, fumarato, lactato e formato, compostos produzidos no início ou durante o ciclo de Krebs (Caracausi et al., 2018).

Essas alterações sugerem um desequilíbrio entre o funcionamento do ciclo de Krebs e da cadeia transportadora de elétrons, na mitocôndria. O ciclo de Krebs é uma via metabólica central para regulação do metabolismo celular e equilíbrio energético. O acúmulo de metabólitos do ciclo de Krebs poderia sugerir um desequilíbrio devido à comprometimento de certas enzimas ou mau funcionamento das mitocôndrias. A superexpressão do gene Hsa21 NRIP1 parece ser uma das causas da disfunção das mitocôndrias, prejudicando a capacidade de produção energética das células. Outra causa da disfunção mitocondrial (no cérebro) é o acúmulo de proteína beta amilóide.

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Saber que compostos estão alterados durante o metabolismo celular nos ajuda a pensar que nutrientes precisamos suplementar para melhorar o funcionamento mitocondrial. Um estudo recente, por exemplo, mostrou que a disfunção mitocondrial participa do desenvolvimento de COVID-19 e pode ser responsável pela desregulação da resposta imune e aumento da gravidade da infecção.

A linfopenia (queda de linfócitos), exaustão de células T (imunodeficiência) e tempestade de citocinas (hiperinflamação) são marcas registradas de pacientes com COVID-19 grave. Nossa hipótese é que o MitoQ poderia ser um potencial agente de tratamento em COVID-19, melhorando a disfunção mitocondrial e restaurando a resposta imunológica desregulada. Neste artigo, fornecemos evidências para apoiar o uso de MitoQ como um tratamento ou terapia adjuvante para COVID-19.

Disfunção mitocondrial, envelhecimento e propensão à doenças

A disfunção mitocondrial é uma marca registrada do envelhecimento, que é acompanhada pelo aumento da produção de radicais livres. O estresse oxidativo ativa vias inflamatórias de forma crônica. A disfunção mitocondrial e a inflamação crônica de baixo grau também são prevalentes em doenças cardiovasculares e metabólicas, incluindo hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2. Populações idosas, indivíduos com comorbidades (diabetes e doença cardiovascular) ou em estado de disfunção mitocondrial (como frequentemente observado na síndrome de Down) parecem mais suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2 (Kieran et al., 2020).

Os efeitos benéficos da suplementação de coenzima Q10 no envelhecimento e nas doenças cardiovasculares e metabólicas, por meio da melhora da disfunção mitocondrial e do alívio da inflamação, foram amplamente descritos na literatura. A coenzima Q10 ajuda a modular o estresse oxidativo e reduz a produção de TNF-α no diabetes tipo 2. Pesquisadores agora especulam que a coenzima Q10 usada no estágio inicial da infecção por coronavírus pode ajudar a interromper ou retardar a progressão da doença em pacientes idosos com COVID-19 ou naqueles com comorbidades ou disfunção mitocondrial (Ouyang & Gong, 2020).

A imagem acima apresenta um exame metabolômico de paciente jovem com muita fadiga. O teste mostrou alterações no ciclo de Krebs, indicando possíveis disfunções mitocondriais.

O que é o ciclo de Krebs? É a via metabólica mais importante para a produção de energia (ATP) nas mitocôndrias. Alterações nos metabólitos desse ciclo podem indicar problemas na produção de energia celular.

O mofo, presente na casa da paciente, pode afetar o ciclo de Krebs principalmente através das micotoxinas, substâncias tóxicas produzidas por fungos como Aspergillus, Penicillium e Stachybotrys. Essas toxinas podem prejudicar a função mitocondrial e levar a uma redução na produção de energia celular (ATP).

As micotoxinas aumentam inflamação e estresse oxidativo e podem inibir enzimas do ciclo de Krebs, alterando metabólitos, como mostrado no exame.

- Ácido Isocítrico elevado, sugerindo possível deficiência na enzima isocitrato desidrogenase, associada ao metabolismo do NAD+ e B3.

- α-Cetoglutarato está uito elevado, indicando acúmulo devido a um bloqueio na conversão para succinil-CoA, exigindo cofatores como B1, B2, B3, B5 e ácido lipóico.

- Ácido Succínico elevado pode refletir problemas na conversão para ácido fumárico, sugerindo deficiência de B2.

- Ácido Malico ligeiramente aumentado, possivelmente indicando um fluxo compensatório.

O que pode ser feito? Redução da exposição a mofo, identificando vazamentos, infiltrações, ambientes com pouca ventilação e umidade excessiva. Depois de resolver a umidade, usar vinagre branco nas áreas afetadas, bicarbonato em superfícies laváveis, água oxigenada 10 volumes por 15 minutos. Usar desumidificadores e pintura antimofo.

Suplementação de vitaminas do complexo B (principalmente B2, B3, B5), coenzima Q10 e ácido lipóico para melhorar a eficiência do ciclo de Krebs. Dieta contendo alimentos ricos em cofatores mitocondriais, como carnes, ovos, vegetais de folhas verdes e sementes.

Pessoas acima de 40 anos produzem quantidades significativamente menores de coenzima Q10, assim como aquelas em uso de estatinas. Além disso, é comum, a existência de polimorfismos genéticos que atrapalham esta produção. Alguns dos genes avaliados no painel genético são: PDSS1, PDSS2, COQ2, COQ4, COQ6, ADCK3, ADCK4, and COQ9.

Painel genético da Síndrome de Down - FullDNA - avaliação e pedido em consulta nutricional

Painel genético da Síndrome de Down - FullDNA - avaliação e pedido em consulta nutricional

Não esqueça de avaliar outros nutrientes importantes como vitamina C e vitamina D.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/