Conexão intestino-cérebro no autismo

O transtorno do espectro do autismo é caracterizado por dificuldades de interação social e na comunicação, além da presença de interesses e comportamentos repetitivos e estereotipados. Sintomas gastrointestinais também são frequentemente relatados e descritos na literatura científica (Theije et al., 2011).

Apesar das causas dos TEA parecerem desconhecidos, estudos mostram que existe uma importante contribuição genética. Contudo, fatores ambientais parecem se somar aos genéticos na expressão do fenótipo autista.

Em decorrência das dificuldades sociais e de comunicação o diagnóstico de desordens gastrointestinais é um desafio grande nos TEA. Sintomas frequentes incluem constipação, diarreia, dor abdominal, alergias alimentares, refluxo gastroesofágico, colite e infiltração de linfócitos no intestino. Além das alterações imunológicas, o desequilíbrio da microbiota intestinal (Adams et al., 2011; Finegold et al., 2010) parece outro responsável pelos distúrbios gastrointestinais nos TEA.

Theije et al., 2012

Theije et al., 2012

Desequilíbrios imunes levam a aumento da permeabilidade intestinal. Células enterocromafínicas, linfócitos, mastócitos e células dendríticas secretam fatores neuroimunes que estimulam nervos entéricos. Citocinas chegam à circulação e atravessam a barreira hematoencefálica, aumentando a neuroinflamação e desequilibrando a homeostasia cerebral. A suplementação de probióticos tem sido uma opção de tratamento, reduzindo a hiperpermeabilidade intestinal e restaurando a microbiota (Critchfield et al., 2011; Gilbert et al., 2013; Reide et al., 2011).

Alguns alimentos podem perpetuar a inflamação intestinal. Alergias alimentares parecem ser mais comuns em pessoas com TEA. Estudos mostram que a exclusão do gluten e de laticínios melhora a permeabilidade intestinal e reduz a inflamação (Elder et al., 2006Lau et al., 2013). 

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Obesidade materna aumenta risco de desenvolvimento de autismo

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Estudo da escola de saúde pública Johns Hopkins, uma das mais prestigiadas do mundo, aponta relacionamento entre obesidade e diabetes nas mães e o desenvolvimento de algum transtorno do espectro do autismo (TEA) em seus filhos.

Os achados publicados na revista científica Pediatrics levanta novamente o debate de que o autismo se desenvolve mesmo antes do nascimento. A obesidade e o diabetes aumentam o risco de uma série de doenças em mulheres adultas. Agora, estas novas evidências mostram que o excesso de peso e a hiperglicemia também podem impactar o desenvolvimento neurológico do feto. 

No estudo Li e colaboradores (2016) acompanharam 2.734 crianças e suas mães. Foram coletados dados como o peso das mães antes da gestação e tempo de diabetes. Durante o período do estudo os pesquisadores identificaram 102 crianças com algum TEA.  Aqueles cujas  mães eram obesas e diabéticas tiveram 4 vezes mais chance de desenvolver TEA do que os filhos de mães com peso adequado e não diabéticas. 

Próximos passos da pesquisas tentam entender porque a combinação diabetes + obesidade nas mães foi tão perigosa para as crianças. Ambas as condições aumentam a inflamação e o estresse orgânico. A inflamação do cérebro do bebê ainda no útero é um dos mecanismos a serem levados em consideração. Outros estudos hipotetizam que mulheres obesas podem ter um pior estado nutricional, serem carentes de folato e outras vitaminas do complexo B, essenciais para o desenvolvimento. 

Desta forma, cuidados no pré-natal são essenciais e envolvem o acompanhamento nutricional.

Neste artigo discuto outras hipóteses causais para o autismo. Para acessar outros posts sobre o autismo clique aqui.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/