Genes da obesidade

O exame genético 23andme mostrou que tenho várias variações genéticas que aumentam o meu risco de desenvolvimento de obesidade ao longo da vida. Por este motivo, os cuidados em relação ao estilo de vida tornam-se ainda mais importantes.

Cada variação de genes associados à obesidade exerce um pequeno efeito no peso. O teste 23andMe testa 762 variações. Entre aquelas relacionadas ao aumento de peso, possuo 346! Para pessoas com a mesma predisposição genética é observado que a redução no consumo de carne vermelha pode reduzir o peso em 11%, a evitação de alimentos do tipo fast-food em 12,9%. Quem dorme melhor pesa 11,2% menos e quem pratica atividade física com regularidade tende a pesar 11,1% menos. Meu estilo de vida inclui tudo isso há décadas e assim mantenho um peso saudável.

Por que isso é importante? O acúmulo de gordura corporal, principalmente na região abdominal gera um estado inflamatório e aumenta o risco de desenvolvimento de problemas de saúde como diabetes, câncer de mama, hipertensão, esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado), apnéia do sono, asma, ataques cardíacos e derrames cerebrais. Também está mais ligada a alterações de humor e deficiências físicas. Quando pessoas obesas ficam gravemente doentes, desenvolvem também mais complicações respiratórias, cardiovasculares, metabólicas, insuficiência renal e infecções generalizadas (Schetz et al., 2019).

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A genética influencia todos os aspectos de nossa fisiologia, desenvolvimento e respostas adaptativas. A obesidade não é exceção. Porém, genética não é destino. Muitas pessoas que carregam genes da obesidade não tornam-se obesas. Por exemplo, em pessoas que exercitam-se, o gene da obesidade FTO é menos ativo (Andreasen et al., 2008; Kilpeläinen et al., 2011). A maioria das pessoas provavelmente tem alguma predisposição genética para a obesidade, dependendo da história familiar e da etnia. Mas, em geral, estudos mostram que indivíduos que desenvolvem obesidade consomem mais alimentos ultraprocessados, passam mais tempo em frente à TV e movem-se menos.

Existe muita discussão científica a respeito da classificação da obesidade como uma doença. Sabemos que existem pessoas obesas saudáveis. Contudo, a maior parte acaba desenvolvendo ao longo do tempo alterações metabólicas importantes e que impactam negativamente a qualidade de vida. Como diz o pesquisador George Bray, “obesidade não é ciência espacial. Na verdade, é tudo muito mais complicado”.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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