Com o aumento da expectativa de vida da população aumenta também o risco de desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas, como Parkinson, Huntington e Alzheimer. Síndromes demenciais são caracterizadas por déficit progressivo da memória e das funções cognitivas, comprometendo a execução de tarefas, a autonomia, o comportamento e a qualidade de vida como um todo. A doença de Alzheimer (DA) é a síndrome demencial mais comum na população idosa, sendo a nutrição fundamental tanto na sua prevenção quanto no tratamento.
A DA caracteriza-se por um déficit de memória e deterioração de múltiplas funções cognitivas, devido à perda de neurônios no hipocampo e no córtex cerebral. É comum que com a doença o cérebro perca até 30% de sua massa. Este quadro é subsequente ao acúmulo de proteína beta amilóide e de emaranhados neurofibrilares no cérebro.
A proteína beta amilóide aumenta o estresse oxidativo, a inflamação, os danos no cérebro, além de dificultar a plasticidade sináptica. São fatores de risco para o Alzheimer: a idade, genética, doenças metabólicas, estresse oxidativo, hiperglicemia, aumento da homocisteína, síndrome de Down, baixa escolaridade, dieta pobre, sedentarismo e mutação dos genes ApoE4 ou ApoE14 (cromossomo 19) .
A ciência da nutrição vem investigado o uso de vitaminas, minerais, ácidos graxos e fitoquímicos na modulação do metabolismo cerebral. Uma das plantas estudadas pela área da fitoterapia é a Huperzia Serrata. Usada há centenas de anos pela medicina popular chinesa para o tratamento de envenenamentos e da esquizofrenia, tem como princípio ativo a Huperzina A (HupA). A substância é capaz de inibir a enzima acetilcolinesterase (AChE), responsável pela degradação da acetilcolina.
Devido à capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, a HupA eleva as concentrações de acetilcolina no córtex. Esta ação tem sido relacionada à diminuição das perdas cognitivas e alterações comportamentais em modelos animais e à atenuação do déficit de memória e aprendizado em humanos.
Também tem sido demonstrado um efeito neuroprotetor, pois estimula a liberação do fragmento de proteína precursora do amilóide, prevenindo a progressão da DA. Outros efeitos incluem ação antioxidante e proteção contra a toxicidade do glutamato, um neurotransmissor excitatório parcialmente responsável pela neurodegeneração.
A segurança no uso não foi estudada por mais de 20 semanas, assim como a segurança durante a gravidez. Quando administrada em doses altas, a huperzina A pode causar náuseas, vômitos e diarreia, fala arrastada, espasmos musculares, salivação, incontinência, pressão arterial elevada e frequência cardíaca baixa.
Huperzine A pode interagir com medicamentos anticolinérgicos como atropina e escopolamina; pode também interagir com anti-histamínicos e medicamentos antidepressivos. Também não é recomendada para pessoas com doenças cardíacas, hipertensão ou em uso de medicações anticolinérgicas para Alzheimer ou glaucoma.
Por tratar-se de composto ativo, nutricionistas não podem prescrever a Huperzina A. Contudo, podem prescrever a planta Huperzia serrata. Para dosagens e tempo de uso consulte um profissional especialista em fitoterapia.