O link entre a menopausa e as dificuldades de memória

A cientista Lisa Mosconi estuda a ligação entre a menopausa e o Alzheimer. De acordo com ela antes dos 40 anos a mulher não deve ter alterações hormonais importantes, a menos que tenha feito uma histerectomia. Se você é uma mulher na pré-menopausa, seu cérebro é basicamente igual ao de um homem da mesma idade. Se você está na perimenopausa, inicia-se uma queda nos níveis de energia do cérebro. O cérebro da mulher pode então usar e produzir até 20% menos energia do que na fase anterior. As mulheres que apresentam essas quedas de energia, começam a acumular placas de amilóide no cérebro o que aumenta o risco de doença de Alzheimer.

Existem fatores genéticos que predispõem ao Alzheimer. Contudo, muitas pessoas desenvolvem a doença sem estas alterações mas porque apresentam outros fatores de risco como baixa escolaridade, baixa reserva cognitiva, desequilíbrios hormonais, diabetes, intoxicação por alumínio, pressão alta, altos níveis de colesterol ou homocisteína.

Principais redutores do risco de Alzheimer

  • Atividade física regular

  • Sono de qualidade

  • Redução do estresse

  • Alimentação antiinflamatória

  • Treinamento intelectual (leia, jogue)

  • Realização ocupacional (trabalhe!)

  • Regulação hormonal

  • Microbiota saudável

A importância da reserva cognitiva

O principal constituinte do cérebro é o neurônio que se comunica com outros neurônios. As conexões entre eles precisam ser fortalecidas porque, do contrário, deixarão de existir. Há uma forte associação entre a menopausa precoce e a perda de conexões entre neurônios, assim como um risco aumentado de Alzheimer em mulheres.

E a ooforectomia, que é a remoção cirúrgica dos ovários, aumenta o risco de demência em até 70%, caso nada seja feito. Outros estudos mostram que o risco também aumenta quando o útero é removido, independentemente de os ovários ainda estarem no lugar. A razão é que, quando você remove o útero, o fluxo sanguíneo para os ovários também é comprometido

O Alzheimer não é uma doença da velhice. Temos a tendência de associá-lo aos idosos porque é quando os sintomas clínicos se manifestam de forma mais acentuada. Mas, na realidade, o Alzheimer começa com mudanças negativas no cérebro pelo menos uma década antes. Na maioria das vezes, na meia-idade, a partir dos 40 anos de vida.

Hormônios sexuais e o cérebro da mulher

O estrogênio é um hormônio neuroprotetor muito forte. Está associado ao sistema imunológico, é um hormônio neuroplástico. Com sua queda, o cérebro começa a envelhecer mais rápido. Só que tudo está conectado. Se você não dorme bem, outro hormônio deixa de ser produzido (a melatonina), que também é um neuroprotetor. Com menos melatonina, menos hormônios sexuais e tireoidianos, que são neuroprotetores.

Se o intestino não funciona bem cai a produção de neurotransmissores e hormônios no cólon, o que também impacta a saúde do cérebro. Portanto, um estilo de vida saudável e estratégias preventivas são fundamentais. Isto inclui desligar o telefone cedo e ir para cama no escuro, fazer atividade física, comer bem, beber água, manter o intestino com ótimo funcionamento, ter estratégias para combate ao estresse, etc.

Alimentação e cérebro

Nutrientes importantes para o cérebro precisam estar presentes, incluindo ômega-3, antioxidantes e provavelmente fitoestrogênio. Aumente o consumo de peixes, especialmente os gordurosos de água fria como salmão, truta, arenque, anchova e sardinha.

SUPLEMENTOS PARA MEMÓRIA NA EUROPA

Coma diariamente frutas e verduras. Quanto mais coloridas melhor. Fitoestrógenos podem ser obtidos de plantas como os damascos secos, morangos, melão, cereja, grão de bico, soja, linhaça. Castanha do Pará (Brazil nut) contém uma boa quantidade de selênio. O selênio é um mineral antioxidante forte, muito difícil de encontrar em outros alimentos.

Reduza os doces. Sobremesa tem que ser uma indulgência, algo especial e não o alimento do dia a dia. Capriche nas fibras, psyllium, aveia, quinoa, ameixa seca, e alimentos ricos em probióticos como kefir e kombucha.

Cuidado com os xenoestrógenos

Cuidado com alimentos ultraprocessados, vegetais cheios de agrotóxicos, produtos de limpeza e cosméticos pois podem ser veículos de estrógenos diferentes ou alienígenas (os xenoestrógenos). Eles imitam seus hormônios naturais e bagunçam seu metabolismo.

Seus hormônios naturais, em quantidades adequadas, tornam o seu cérebro mais plástico, seus ossos mais fortes e seu coração mais saudável. Os xenoestrogênios se ligam aos receptores hormonais, bloqueando-os e aumentando o risco de doenças.

Uma mulher com alta predisposição genética para doenças, estilo de vida pouco saudável tem chance grande de ficar doente quanto entra na menopausa. Este é um momento vulnerável e o quanto antes a mulher se cuidar melhor.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/