O jejum é uma prática antiga, citada na Bíblia e em outros textos clássicos. O filósofo Platão acreditava que o jejum aumentava sua eficiência mental.
A chave pode estar no hormônio grelina. Quando comemos o tempo todo este peptídio não é produzido. Já quando estamos com fome o estômago secreta mais grelina.
E existem evidências de que a grelina pode melhorar a cognição. Estudos em animais evidenciam que os que comem menos se dão melhor em testes de aprendizagem e memória.
Jeffrey Davies pesquisador britânico com interesse em demência, Parkinson e neurociências descobriu que a grelina pode estimular células do cérebro a se multiplicarem, processo denominado neurogênese. Uma colega de Davies, a pesquisadora Amanda Hornsby, descobriu que pessoas e animais com demência tipo Parkinson costumam ter níveis mais baixos de grelina no sangue do que os que não têm essa condição. Uma forma de reproduzir este resultado é com o jejum intermitente.
Muita gente também pratica atividade física em jejum. Como sabemos todos nossas células e tecidos precisam de energia para funcionar. Esta energia pode vir da glicose, de aminoácidos ou de ácidos graxos. O exercício em jejum levaria então à boa queima de gordura, para quem gosta e sente-se bem treinando desta forma (Bennard, & Doucet, 2006). Mesmo assim, é importante destacar que muita gente faz jejum e não perde peso. Estude o que faz mais sentido para seu corpo.
Em situações de jejum, a maior parte da energia será fornecida pela gordura (ácidos graxos) e corpos cetônicos (acetoacetato, beta-hidroxibutirato e acetona). Em indivíduos saudáveis isto não representa nenhum problema já que a cetose nutricional não ultrapassa a capacidade de utilização do organismo. É diferente da cetoacidose diabética, situação extremamente deletéria à saúde e que tem como sintomas: produção excessiva de urina, sede excessiva, fraqueza, náuseas, vômitos, taquicardia, sonolência, confusão mental, respiração ofegante, desidratação, queda da pressão arterial, febre, hálito cetônico, dor ou sensibilidade abdominal, coma (em 10% dos casos).
O jejum reduz o glutamato (excitatório para o cérebro) e aumenta GABA (sedativo para o cérebro). É por isso que ajuda a controlar convulsões em muitos pacientes com epilepsia (como explicado em meu curso online "dieta cetogênica").
Por quanto tempo devemos jejuar?
Existem muitos benefícios no jejum, entre eles a redução da inflamação e o estímulo de genes antienvelhecimento. Mas porquanto tempo devemos jejuar? ⠀ O tempo mínimo e recomendado para realização diária é de 12h.
Pacientes com neuroinflamação, maior risco de Alzheimer ou doenças autoimunes podem se beneficiar de jejuns mais frequentes e mais longos - 16 a 20h (pelo menos 2 vezes por semana). Este é um tempo suficiente para melhorar a expressão de genes como PGC1a, NRF2 e também a biogênese mitocondrial.
Obesos ou pessoas que já fizeram muitas dietas precisam ter mais cuidado. Jejuns mais longos podem atrapalhar e desequilibrar alguns comportamentos alimentares e gerar mais compulsão. Outra questão é o que vamos comer após o jejum. De nada adianta jejuar e depois só consumir alimentos ruins para seu corpo. Durante o jejum a pessoa pode tomar água, chás e shots sem açúcar e tinturas antioxidantes.
A formação de beta-hidroxiburirato também estimula a produção de enzimas antioxidantes endógenas (Shimazu et al. 2013). Este é um dos motivos de alguns estudos mostrarem que o jejum intermitente, assim como o menor consumo calórico desaceleraria o envelhecimento.
Fora isso, o jejum, assim como o exercício de endurance aumenta o BDNF, fator de crescimento que contribui para a neurogênese (formação de neurônios), principalmente no hipocampo, região do cérebro ligada à memória e cognição. Outros benefícios incluem: redução da pressão arterial, reduz a inflamação cardíaca e do intestino. Aumenta a motilidade intestinal (Marosi & Mattson, 2014).
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