Alimentos que afetam os níveis de testosterona

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A testosterona é um hormônio produzido nos testículos dos homens e, em muito menor quantidade, nos ovários e adrenais das mulheres. São várias as funções deste que é considerado um dos elixires da juventude: aumento da libido, manutenção de altos níveis de energia, proteção dos ossos, preservação da função mental, ganho de massa magra e força. 

Com o envelhecimento das glândulas, os níveis de testosterona começam a cair e os efeitos são rapidamente observados: aumento da circunferência abdominal, redução da massa muscular, menor disposição e resistência, física, prejuízo da memória, queda do apetite sexual e da contagem de espermatozóides, redução da densidade óssea e depressão.

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Isto ocorre porque há um aumento da enzima aromatase, que leva a uma diminuição simultânea nos níveis de
testosterona e aumento nos níveis de estradiol e estrogênio. Ou seja, o hormônio sexual feminino aumenta e o masculino diminui. Com isso cai a libido e o acúmulo de gordura.  Quanto maior for a gordura acumulada na região abdominal maior é o aumento da aromatase, aumentando o risco de disfunções eréteis e também de certos tipos de câncer, como o de próstata nos homens e mama nas mulheres.

O que diminui ainda mais os níveis de testosterona?

Precisamos cuidar do meio ambiente. Se o solo ou a água estão contaminados acabamos consumindo por meio dos alimentos substâncias que mexem com a produção hormonal. Por exemplo, estudos mostram que homens que consomem peixes contaminados apresentam mais compostos clorados (PCBs) no sangue, o que contribui para a redução da testosterona. Alimentos de origem animal possuem mais PCBs do que alimentos de origem vegetal. Nas crianças, esses poluentes podem realmente prejudicar o desenvolvimento sexual.

O álcool inibe o sistema enzimático P430 do fígado, que é responsável, entre muitas outras coisas, pela eliminação do excesso de estrogênio. O desequilíbrio entre as concentrações de estrogênio e testosterona geram ginecomastia (aumento das mamas  nos homens), queda do desejo sexual e maior risco de disfunção erétil.

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

Aumentam a testosterona

Movimento - Exercícios físicos são muito importantes durante toda a vida. E quanto mais vigorosos melhor, pois conforme envelhecemos, contribuem para aumentar os níveis de testosterona em até 20%. 

A produção de testosterona depende de um bom estado nutricional, do consumo adequado de calorias e gorduras boas, além do aporte de nutrientes como zinco, magnésio, vitamina B6, vitamina B9, vitamina C, vitamina K, vitamina D e carnitina. 

Zinco - A deficiência de zinco diminui os níveis de testosterona em até 75%. Este mineral é essencial para o funcionamento de mais de 300 enzimas, sendo importante para a produção de testosterona. A suplementação de zinco pode ser recomendada em caso de deficiência deste mineral no organismo. A necessidade fica em torno de 15 mg por dia. Boas fontes de zinco incluem: ostras (6 unidades = 76,3 mg de Zn), peru cozido (85 g = 3,8 mg de Zn), feijões cozidos (1/2 xícara = 1,8 mg de Zn). 

  • Vitamina B9 - A deficiência de ácido fólico também reduz os níveis de testosterona circulante. O consumo de álcool é um dos fatores que aceleram a perda de B9 do organismo, por isto, a restrição da bebida pode ser necessária para o aumento da testosterona livre. Alimentos esverdeados costumam ser ótimas fontes de ácido fólico. Exemplos: ½ xícara de lentilha cozida (179 mcg), ½ xícara de espinafre cozido (132 mcg); 6 talos de aspargos (134 mcg). O ideal é o consumo de pelo menos 400 mcg de ácido fólico ao dia.

  • Vitamina B6 (piridoxina) - Regula hormônios sexuais, inibindo a secreção exagerada de estrogênio e prolactina, aumentando a testosterona. A vitamina B6 também é importante para a síntese de dopamina, hormônio que influencia a produção de testosterona. A dieta deve fornecer pelo menos 2 mg de vitamina B6 ao dia. Algumas fontes incluem: 1 banana média (0,43 mg), 1 copo de suco verde (0,26 mg), 85 gramas de frango (0,51 mg).

  • Vitamina K - Sua deficiência reduz a produção de testosterona. Além disso, a vitamina K regula a coagulação sanguínea, diminuindo o risco de hemorragias, protege contra pedras nos rins, mantém os ossos sadios e regula o crescimento celular. Fontes: 1 xícara de couve picada (547 mcg), 1 xícara de espinafre cru (299 mcg), 1 xícara de brócolis cru picado (220 mcg). Necessidade: 10 a 20 mcg. Outras boas fontes são salsa, repolho, agrião e soja.

  • Carnitina - Este aminoácido, presente em alimentos de origem animal, aumenta a dopamina, que esta diretamente relacionada aos níveis de testosterona. A suplementação de carnitina tem sido associada a aumento do desejo e da satisfação sexual e da tumescência peniana. Quantidade de carnitina em 100 gramas de alimentos: carne vermelha (95 mg), frango (3,7 mg), leite integral (3,3 mg), abacate (2 mg).

  • Magnésio - Torna a testosterona mais disponível e ativa no corpo. Já a deficiência deste mineral pode diminuir os níveis de testosterona em 26%, além de piorar a sensibilidade à insulina e prejudicar o reparo celular. O magnésio está presente na estrutura da clorofila. Por isto, vegetais verdes costumam ser boas fontes deste nutriente, que está presente também em frutas, grãos integrais, castanhas e soja. O consumo recomendado é de cerca de 420 mg ao dia. Quantidades em alguns alimentos: 23 amêndoas (78 mg), ½ xícara de feijão cozido (63 mg), ½ xícara de acelga cozida (78 mg).

  • Vitamina D - Regula a síntese de testosterona. Os alimentos não são boas fontes de vitamina D, por isso a exposição ao sol é importante, já que os raios solares estimulam a produção deste nutriente na pele. Nos alimentos a vitamina D é encontrada no salmão (95g = 530 UI de Vit. D), sardinha (85g = 231 UI) e leite integral fortificado (250 ml = 98 UI).

  • Vitamina C - O ácido ascórbico reduz as quantidades de cortisol no corpo. Este hormônio do estresse diminui a produção de testosterona. Por isto, capriche no consumo de frutas cítricas e vegetais ricos em vitamina C, que além de tudo irá desinflamar a próstata, protegendo-a contra o câncer. A dieta deve conter pelo menos 100 mg de vitamina C ao dia. Boas fontes incluem (em 100 gramas): acerola (1.677 mg), pimentão (190 mg), goiaba (184 mg), kiwi (98 mg), brócolis cozido (74 mg), maracujá (70 mg), laranja (53 mg). Fosfatidilserina (presente em atum, vegetais verdes escuros e arroz integral) e whey protein também diminuem o cortisol. Já cafeína, álcool, sal e glúten aumentam esse hormônio, especialmente em indivíduos mais sensíveis a estas substâncias.

  • Suplementação de D-chiro inositol - Estudos preliminares mostram que o D-chiro inositol atua como um modulador da aromatase. Quando esta enzima está em excesso no corpo derruba os níveis de testosterona e aumenta o estrogênio. A vantagem do D-chiro inositol parece ser aumentar a testosterona sem desregular outros hormônios. Quando há aumento de testosterona às custas de redução de outros o risco de osteoporose pode aumentar (Monastra et al., 2021).

  • Proteína - Estudo mostrou que proteína não pode faltar. Mas, ao mesmo tempo, dietas com altíssimos níveis de proteína, excedendo 3,4g/kg/dia, foram associadas à redução nos níveis de testosterona, possivelmente devido ao estresse no ciclo da ureia e acúmulo de amônia (Whittaker, 2023).

Para aumentar a disponibilidade da testosterona e reduzir os níveis de estrogênios, algumas estratégias nutricionais de suplementação são eficazes:

  • Crisina: Este flavonóide está presente em plantas como a Passiflora coerula (maracujá). O composto inibe a enzima aromatase, responsável pela conversão de testosterona no hormônio sexual feminino estrogênio. O nutricionista deverá associar a crisina à piperina, aumentando a testosterona biodisponível em 30 dias. A crisina não deve ser usada por pessoas com hipotireoidismo ou síndrome de Hashimoto pois pode desacelerar ainda mais o metabolismo.

  • Tribulus terrestres: Erva originária da Ásia, tem como principal composto ativo a protodioscina, a qual poderia aumentar a testosterona, porém os estudos na área são inconclusivos.

  • Maca peruana: Tubérculo originário da Cordilheira dos Andes, é uma planta conhecida por melhorar a libido, aumentar a produção e motilidade de espermatozoides e reduzir o tamanho da próstata em indivíduos com hiperplasia prostática benigna. 

  • Marapuama: Vegetal conhecido por melhorar a capacidade de circulação sanguínea, aumentar a capacidade de atingir a ereção e intensificar o desejo sexual. Porém não é indicada para hipertensos ou cardíacos.

  • Mucuna pruriens: esta planta popular na Índia é frequente acrescentada à suplementos que visam hipertrofia e tratamento de disfunções sexuais. O uso da mucoma aumenta L-Dopa, substância precursora da dopamina. Este neurotransmissor é fundamental para sentirmos prazer e euforia. Dopamina e testosterona possuem uma relação próxima. Quando os níveis de testosterona aumentam, os níveis de dopamina vão atrás. E vice-versa.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Dieta cetogênica no tratamento do câncer - funciona ou não?

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Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo. Alguns tipos de câncer são benignos e raramente constituem risco de vida. 

Mas outros são malignos, agressivos, de difícil tratamento, reduzindo a qualidade e a expectativa de vida. Por isto, sempre que surge uma suposta cura para a doença todo mundo se anima. Por exemplo, a dieta cetogênica é defendida por muitos como capaz de eliminar as células cancerígenas. Seus defensores são apaixonados e aparecem dia e noite nas redes sociais.

A dieta cetogênica é rica em gorduras, fornece quantidades acima da média de proteínas e é pobre em carboidratos. Para alguns seria mais eficiente até do que tratamentos convencionais como a quimioterapia já que muitos tumores dependem de glicose (carboidrato simples) para seu crescimento. De fato, estudos com camundongos com câncer de cérebro mostraram benefícios da dieta cetogênica em termos de sobrevivência. Contudo, não somos camundongos e nem todo tumor comporta-se como aquele presente no cérebro de roedores.

Tumores são doenças genéticas e metabólicas. Se fossem exclusivamente metabólicas e, se o único fator a desencadear a doença fosse o metabolismo da glicose a dieta cetogênica faria mais sentido. Mas não é assim. São múltiplos os fatores envolvidos e nem todos são metabólicos. Existem também alterações imunológicas envolvidas, assim como especificidades do ambiente tumoral em cada tipo de câncer. Por isto, para cada tumor há um tratamento (ou um conjunto de tratamentos) mais apropriado. 

Talvez a dieta cetogênica até seja adequada para algum tipo específico de pessoa, com um tipo específico de câncer. Mas, infelizmente, faltam bons estudos clínicos com dietas cetogênicas no câncer. Quando existem conseguem, no máximo, demonstrar que as mesmas são seguras mas sem comprovação de sua efetividade. E em revistas científicas com altos padrões de rigor científico não são encontrados estudos que demonstrem a eficácia da dieta cetogênica no câncer. Por isto, dizer que dieta cetogênica é melhor que quimioterapia é algo irresponsável, tanto vindo da boca de leigos e mais ainda, quando divulgado por profissionais de saúde.

Mais mitos sobre o câncer no vídeo: http://bit.ly/2B08K1i

DIETA CETOGÊNICA PASSO A PASSO (para leigos).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Práticas integrativas na redução do estresse

O estresse e a ansiedade são grandes causadores de doenças. Muitas estratégias podem ajudar a aliviar o estresse, dentre elas as terapias farmacológicas (medicamentos) e as não farmacológicas, que são as preferíveis.

Em um estudo que avaliou o estresse foram recrutados 60 estudantes com idade média de 18,8 anos. Os mesmos foram divididos em 2 grupos. Os 30 estudantes do primeiro grupo não praticavam yoga e os participantes do segundo grupo praticavam há mais de um ano. Os estudantes praticantes de yoga tinham menor frequência cardíaca a maior capacidade de se adaptarem a situações estressantes.

Os resultados positivos também foram descritos em idosos. Em estudo de 7 semanas foi observado que os praticantes de yoga apresentavam melhorias em termos de equilíbrio, flexibilidade, bem estar mental e emocional e níveis de estresse (Ferguson-Stegall, 2016).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/