ALVOS GENÉTICOS PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER

Olhando para sua família você terá algumas pistas sobre a sua genética. A cor dos seus olhos, da sua pele, sua altura, são características influenciadas pela genética da sua família. Mas conhecer mais profundamente sua genética permite ir além, permite a prevenção de doenças que tendem a aparecer na fase adulta e velhice.

Os exames genéticos mostram predisposições a doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças autoimunes, vários tipos de câncer, doenças neurodenegerativas e também o que fazer para a prevenção destas condições. Isto é o mais importante.

Exames genéticos, tecnologia disruptiva para a prevenção do câncer

Assim como outras tecnologias também foram na época de sua invenção (análises clínicas, raio x, ressonância magnética, tomografia computadorizada, ecografia etc), os exames genéticos são uma inovação que provoca uma ruptura com os padrões, modelos ou tecnologias em vigor. Poucos profissionais de saúde têm familiaridade com a solicitação e interpretação de exames genéticos.

Associaçao DIRETA com o risco de câncer

Muitos genes estão associados a maior predisposição ao desenvolvimento do câncer, como mutações em BRCA1 e BRCA2. Mutações herdadas destes genes dificultam a manutenção da estabilidade do genoma.

Para não colocar mais lenha na fogueira mudanças no estilo de vida são importantíssimas. Os exames genéticos modernos nos permitem estudar também outros genes importantes para a manutenção da saúde.

Mostram se você inflama muito ou se tem uma tendência alta a estresse oxidativo, glicação, disfunção mitocondrial, problemas de metilação e assim por diante. Aponta ainda sua capacidade de metabolizar bem macronutrientes (carboidratos, proteínas, lipídios), micronutrientes (vitaminas e minerais) e compostos bioativos.

VEJAMOS ALGUNS GENES INDIRETAMENTE ASSOCIADOS COM O RISCO DE CÂNCER

1) COMT - Catecol-O-metiltransferase é um gene responsável pela degradação de neurotransmissores tipo catecolaminas (adrenalina, dopamina e noradrenalina) e também degradação de estronas. Quem degrada mais lentamente as catecolaminas, elimina mais lentamente as estronas. Em excesso, estronas estão associados a maior risco de câncer. Clinicamente, pacientes com COMT lenta possuem também mais adrenalina, são mais tensos, mais agitados, mais ansiosos. Podem ser ótimos profissionais, motivados. Porém, precisam melhorar o estilo de vida para não se prejudicar.

Precisam fazer atividade física na maior parte dos dias da semana. Para reduzir estronas (que podem estar aumentadas em até 50% por conta da variação genética) precisamos também melhorar a dieta consumindo mais brássicas (repolho, couve, couve-flor, brócolis). O indol-3-carbinol (I3C) é um composto contendo enxofre, que se encontra de forma abundante em vegetais crucíferos. No ambiente ácido do estômago, este composto é convertido num derivado que neutraliza os radicais livres, promove a desintoxificação e auxilia na regulação do ciclo celular das células saudáveis.

Indol-3-carbinol (I3C) é geralmente formado quando os vegetais crucíferos são cortados, mastigados ou cozidos. Basicamente, cortar, esmagar, mastigar ou cozinhar esses vegetais danifica as células vegetais, permitindo que a glucobrassicina entre em contato com uma enzima chamada mirosinase, resultando em sua hidrólise em indol-3-carbinol (I3C), que modula o gene da COMT e outros genes, reduzindo o risco de vários tipos de câncer (Fare, 2014).

2) MTHFR - Metilenotetrahidrofolato redutase. Este gene é importante para a metilação e proteção do material genético. Pode ter atividade física em até 70% dependendo das variações genéticas presentes. Clinicamente podem ser pacientes que relatam mais cansaço ou sintomas depressivos. Além disso, estudos mostram que estas variações aumentam risco de alguns tipos de câncer (He, & Shen, 2017). Para estes pacientes é muito, muito importante o aumento do aporte de vitaminas do complexo B, especialmente B9. O ideal é aumentar bem o consumo de vegetais verde escuros (couve, brócolis, espinafre, couve de bruxelas, agrião, rúcula, acelga, folha de beterraba, almeirão, ora pro nóbis…).

3) SOD2 - superóxido dismutase 2. Este gene é importante para a produção do antioxidante glutationa, responsável pela proteção do organismo contra radicais livres. A pessoa com variações genéticas podem produzir até 40% menos destes antioxidante, o que gera maior risco de envelhecimento prematuro e câncer. Como grande parte da SOD é produzida no fígado, este órgão precisa estar protegido. Não entupa seu fígado de toxinas, álcool, açúcar, gordura.

Vários nutrientes ajudam a aumentar a produção de glutationa pelas células: NAC ( N-acetil-cisteína), vitamina E, Vitamina C, ácido alfa lipóico, proteínas, ômega-3, selênio, vitaminas B1, B5 e B12. Consulte também a tabela ORAC e capriche no consumo de antioxidantes. Para aumentar sua capacidade antioxidante faça também jejum, atividade física de alta intensidade, sauna, tome banho frio.

4) GST - glutationa S-transferase, um gene importante para eliminação de toxinas. De novo, não se entupa de toxinas. Prefira alimentos orgânicos, evite ambientes poluídos, álcool, drogas, tabaco e acompanhe seu exame de GGT (gama GT), enzima do fígado que quando alterada indica uma menor eliminação de toxinas. É um paciente que tende a ficar mais inchado. Consuma também chás amigos do fígado, como alcachofra, chá de dente de leão, além de nutrientes específicos para apoiar a função hepática.

Meu sonho é que cada pessoa já saísse da maternidade com seu exame genético feito. Hoje trabalho com exames nutrigenéticos que avaliam mais de 4.000 polimorfismos. Estes exames oferecem dados para trabalharmos durante toda a vida.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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