Curvas de crescimento para crianças com Síndrome de Down (trissomia do 21)

Em 2015 foram atualizadas as curvas de crescimento para pessoas com síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21). A atualização é resultado de acompanhamento realizado nos Estados Unidos com 637 participantes; sendo 86% moradores dos estados da Pennsylvania e New Jersey (Zemel et al., 2015). As novas curvas foram comparadas com as antigas propostas por Cronk em 1988 nos Estados Unidos e Styles em 2002, no Reino Unido. 

As curvas de crescimento servem como ferramentas de rastreamento e acompanhamento do estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos e também são um meio de comparação com indivíduos sem síndrome de Down.

O novo estudo mostrou que crianças norteamericanas são um pouco maiores e mais pesados do que aqueles dos outros dois estudos realizados nos Estados Unidos e no Reino Unido. No Brasil, o Dr. Zan Mustach propôs em 2002 uma primeira curva para crianças de 0 a 8 anos. De acordo com o pesquisador, as causas do atraso do crescimento relacionam-se com as múltiplas anomalias metabólicas e do sistema endócrino, dentre outros fatores.

Em 2016 Fabio Bertapelli defendeu tese na Unicamp na qual divulgou proposta curvas com novos padrões para indivíduos brasileiros com Síndrome de Down e idades entre 0 e 20 anos. O trabalho pode ser acessado aqui. Curvas de outros países recebem destaque no artigo de revisão publicado por Bravo-Valenzuela e colaboradores em 2011.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Suplementação de DHA em veganos

O ômega-3, especialmente o DHA, são fundamentais para a saúde do cérebro. Alimentos ricos em DHA incluem salmão, bacalhau, chia, linhaça, atum, sardinhas, semente de cânhamo (hemp), anchovas, ovos com ômega-3. 

Apesar de alimentos de origem vegetal possuírem ômega-3, no caso ácido alfa-linolênico (ALA), a habilidade do organismo em convertê-lo em DHA declina com a idade (Muskiet et al., 2004). Estudo publicado por Brenna (2002) mostrou que a conversão de ALA em DHA parece ser menor do que 5%.   

O tamanho do cérebro começa a diminuir a partir dos 20 anos. Quanto maior é a deficiência de DHA menor é o tamanho do cérebro em idosos (Tan et al., 2012) e maior é o declínio cognitivo (Witte et al., 2014).

Ômega-3 diminui o risco de grandes reduções no tamanho do cérebro e previne o declínio cognitivo associado ao envelhecimento (Tan et al., 2012; Witte et al., 2014).

Ômega-3 diminui o risco de grandes reduções no tamanho do cérebro e previne o declínio cognitivo associado ao envelhecimento (Tan et al., 2012; Witte et al., 2014).

Onívoros podem fazer a suplementação com óleos de peixe, cuja quantidade de DHA é mais alta. Vegetarianos e veganos podem suplementar com óleos de alga. Os  mesmos mostram-se eficientes no aumento dos níveis de DHA circulantes, quando ingeridos por cerca de 4 meses (Arterburn et al., 2008Lane, Derbyshire e Brennan, 2014; Sarter et al., 2015).

Vantagens do DHA vegano:

  • Fonte vegetal, sem sabor a peixe

  • Livre de contaminação por mercúrio, dioxinas, PCBs

  • Reconhecido pelo EFSA e ANVISA

  • Orgânico

  • Seguro para gestantes, lactantes e recém nascidos

  • Pode ser associado a alimentos

A alga Schizochytrium sp é colocado em biorreatores que simulam o ambiente marinho e estimulam a alga a produzir o DHA. A suplementação de 3g de DHA de algas para atletas, por 9 dias, reduz dor, facilita recuperação e adaptação muscular podendo contribuir para a performance (Corder et al., 2016).

O suplemento vegano também confere proteção articular e reduz o edema e dor na artrite reumatóide, de forma similar ao óleo de peixe. Estudos mostram que pessoas que não consomem peixe possuem quantidades insuficientes de ômega-3 circulante no sangue. Pelo menos 2/3 dos veganos encontram-se em risco de acordo com estudo de Sarter e colaboradores (2015), aumentando a susceptibilidade dos mesmos à perda de massa cerebral precocemente. Onívoros (os que comem de tudo) mas possuem uma dieta desequilibrada encontram-se igualmente em risco, de acordo com o mesmo estudo.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dieta cetogênica e canabidiol no tratamento da epilepsia refratária

A dieta cetogênica tem sido utilizada com sucesso no tratamento de crianças com epilepsia de difícil controle desde a década de 1920. Contudo, apenas recentemente deixou de ser vista como um tratamento alternativo. Os avanços nas pesquisas evidenciaram que a dieta cetogênica (rica em gordura e pobre em carboidratos) contribui para a redução da excitação neuronal, além de possuir ação anticonvulsivante e antiepiletogênica (Pereira et al., 2010).

Com a redução das crises a dieta contribui para o melhor desenvolvimento psicomotor. É bom destacar que há necessidade de acompanhamento e individualização por profissionais especializados na área já que a dieta pode ter efeitos colaterais como letargia, anorexia e complicações gastrointestinais (Hirano et al., 2015), atraso no crescimento, acidose metabólica e dislipidemia (Vilches, 2016). 

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A dieta cetogênica também possui algumas contraindicações. Pessoas que não podem seguir a dieta incluem aquelas com deficiência primária de carnitina, deficiência de carnitina palmitoiltransferase 1 e 2, defeitos de beta-oxidação de ácidos graxos, deficiência de piruvato carboxilase e porfiria (Vilches, 2016). 

De acordo com a associação brasileira de epilepsia a dieta deverá ser feita por períodos prolongados, chegando a 2 ou 3 anos. 

Antes do início da dieta deverá ser realizada a avaliação nutricional completa. Quanto aos exames devem ser solicitados: hemograma, níveis de eletrólitos e gases no plasma, proteínas totais e albuminúria, função hepática e renal, perfil lipídico e exame de urina. Além disso, exames mais específicos como vitamina D, perfil de aminoácidos e acilcarnitinas, aminoácidos no soro e ácidos orgânicos na urina (Vilches, 2016) poderão ser solicitadas. 

Outro tratamento promissor na redução da epilepsia resistente às medicações convencionais é o canabidiol, substância derivada da planta cannabis sativa. Em estudo publicado na prestigiada revista Lancet os autores destacam o efeito do uso de 2 a 5 mg/kg/dia em crianças, adolescentes e adultos com idades entre 1 e 30 anos (Devinsky et al., 2015). Apesar de os autores destacarem como resultado principal a redução no número de convulsões, relatam que o uso do canabidiol pode cursar com efeitos adversos incluindo sonolência, alterações no apetite, diarreia e fadiga. Além disso, 11% dos pacientes tiveram aumento das convulsões.

Outros estudos, como o conduzido na Universidade de Alabama em Birmingham, Estados Unidos e tem mostrado resultados promissores no uso do canabidiol para o tratamento da epilepsia. No Brasil, o uso do canabidiol para o tratamento da epilepsia ainda não está liberado. Mesmo assim, algumas famílias tem conseguido na justiça a liberação da importação e uso do canabidiol. Para avaliação do uso um neurologista ou neuropediatra deve ser consultado.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/